Projeto ‘Samba Coração de Mãe’ comemora um ano de ações com show do Fundo de Quintal

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VOLTA REDONDA

Genuinamente negro, o samba do grupo Fundo de Quintal foi escolhido para marcar as comemorações de um ano do projeto social “Samba Coração de Mãe”, de Volta Redonda e também celebrar o Dia da Consciência Negra, no município. O evento aconteceu na noite de domingo, 19, no Clube Comercial, e reuniu milhares de fãs do grupo, que tem quase cinco décadas de carreira e é referência para músicos do gênero, de toda região.

De acordo com os idealizadores do projeto, o técnico de laboratório e músico, Fábio Augusto de Matos, o Fábio Batera, e o eletricista Wesley Zuqui, a ideia do “Samba Coração de Mãe” veio com o objetivo de unir uma ação beneficente aliada a rodas de sambas que visam resgatar eventos deste segmento, no entanto, com artistas que priorizam a música raiz. “Nós já fazíamos eventos de samba na cidade e através de uma conversa resolvemos nos juntar e montamos o projeto, através do qual arrecadamos brinquedos e alimentos, como entrada, para ajudar os que precisam. O projeto recebeu esse nome porque realmente é como um coração de mãe, que sempre quer fazer o bem, e decidimos comemorar com o Fundo de Quintal porque seria perto do Dia da Consciência Negra (lembrado nesta segunda-feira) e também porque precisávamos celebrar o aniversário do projeto com uma atração desse nível, ou seja, com o melhor grupo de samba de todos os tempos”, ressaltou Fábio Batera.

Em entrevista ao A VOZ DA CIDADE, o fundador do grupo Fundo de Quintal, Bira Presidente, de 86 anos, falou sobre a satisfação de retornar a Volta Redonda, após um longo período sem se apresentar na cidade. “Como um dos fundadores do Fundo de Quintal, e da música popular que saiu do Cacique de Ramos, fico muito feliz por esse momento cultural ser celebrado com vocês”, disse.

Já o vocalista Junior Itaguy destacou a importância do grupo  ter sido escolhido para comemorar o aniversário de um projeto que tem por finalidade ser referência para quem valoriza o samba de raiz e para quem está ingressando no mundo do samba. “Ficamos lisonjeados e, ao mesmo tempo, com uma responsabilidade muito grande, já que a gente está falando de resgate da nossa cultura. É nossa responsabilidade termos um repertório certinho para entrar na casa das pessoas e fazer os mais  jovens ouvir e gostar de um samba que a gente escuta desde muito tempo atrás”, ressaltou.

Com relação ao show, que teve no repertório clássicos como o “Show tem que Continuar”, “Lucidez”, “Batucada dos nossos Tantãs”, entre outros sucesso, Itaguay pontuou que a expectativa era entregar ao público da cidade do Aço  algo diferente do que já tinham visto do Fundo de Quintal. “As pessoas vão ver um show que está bem diferente da última vez que o grupo se apresentou, com a chegada de novos componentes, mas como a mesma essência, que é a nossa alegria em fazer samba”, disse.

NOITE DE EMOÇÕES

Acompanhado de amigos, o soldador Yan Cavalcanti Santos, de 27 anos, não escondeu a emoção em presenciar o primeiro show do grupo de samba que aprendeu a ser fã com o pai, que morreu há dois anos após uma parada cardiorrespiratória. “O show foi no dia 19 de novembro, quando seria aniversário do meu pai. Eu chorei bastante porque estava uma mistura de sentimentos, pois todo ensinamento que eu tive com relação à música, a samba e pagode, eu aprendi com meu pai. Eu virei fã do Fundo de Quintal por causa dele e estar ali, pela primeira vez, numa data que seria tão especial, foi como senti-lo presente, relembrar histórias e a época em que a gente assistia juntos os DVDs do grupo. Foi como se ele estivesse ali”, detalhou.

CONSCIÊNCIA NEGRA

Outro vocalista da banda, o músico Márcio Alexandre, fez questão de ressaltar que a trajetória do grupo Fundo de Quintal se confunde com as comemorações pelo Dia da Consciência Negra, uma vez que também pode ser considerado um sinônimo de resistência.  “O Fundo Quintal, desde os anos 70, vem resistindo a toda essa opressão do povo preto, do som do povo preto. Para nós é sempre um dia de reflexão porque nós somos da comunidade, da rua, somos toda expressão popular preta e o dia da Consciência Negra tem muito a ver com gente”, finalizou.

 

 

 

 

 

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