Durante as últimas semanas, o cenário de instabilidade global, causado pelo coronavírus, popularizou algumas expressões que geralmente estão restritos ao ‘economês’. Depois de ouvirmos muito ‘hedge’ e ‘circuit breaker’, agora surge nos noticiários novos comentários sobre o chamado ‘risco-país’.
O ‘risco-país’, que também pode ser chamado de ‘risco soberano’, é um conceito econômico que expressa à probabilidade de inadimplência de um país frente aos investidores estrangeiros. São basicamente as chances de o Brasil dar um calote para quem queira emprestar dinheiro.
Quando estrangeiros pensam em investir aqui, considera-se o ‘risco-país’ um dos termômetros para saber a capacidade da nação em honrar seus compromissos financeiros e dívidas, sobretudo em momentos de alta incerteza, como o que estamos vivendo.
Para medir o risco país, são levados em consideração não só a economia, mas a condução política nacional ou qualquer outro agente que cause instabilidade. Por isso, quando notícias de escândalos, corrupção ou posicionamento inadequado frente às questões relevantes dos nossos políticos estampam os noticiários internacionais, todos nós perdemos. Não só diretamente, já que o dinheiro que abastece a corrupção sai da saúde, educação e tudo mais que o Brasil precisa, mas também indiretamente, quando empresas deixam de investir no nosso país, reduzindo o número de empregos e de dinheiro que estaria em nossa economia.
O tesouro americano é o ativo de menor risco do mundo, por isso ele é à base de cálculo do Risco País. Este cálculo corresponde à média ponderada dos prêmios (juros) pagos a mais pelos títulos do Brasil, em comparação a papéis de prazo equivalente do Tesouro dos Estados Unidos. Quanto maior for essa diferença, maior será o ‘risco-país’, isto é, o risco de crédito brasileiro. O resultado desse cálculo afeta, de forma instantânea, a decisão dos investidores de aportar ou não seu capital no país.
Imaginem uma empresa, onde o presidente ameaça os funcionários de agressões e se diz impune, porque quem manda naquele lugar é ele. Um diretor identifica um desvio de verba feito pela esposa do presidente que prejudicou substancialmente o balanço da empresa, logo depois foi demitido, e para não haver fofoca entre as pessoas, o líder da empresa proíbe os meios de comunicação corporativa de divulgar o ocorrido. Você usaria o seu dinheiro para financiar algum projeto desta empresa? Você acredita que essa empresa não vai acabar falindo antes de devolver o que emprestou? Assim também é um país.
O combate à corrupção, a manutenção da democracia, a garantia de segurança jurídica e a liberdade de imprensa são imprescindíveis para atrair investimentos estrangeiros e por consequência, ter uma economia mais próspera, com menos pobreza e mais igualdade de oportunidades.