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Mulheres contam como foi passar pelo momento mais difícil de suas vidas

Por Andre
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BARRA MANSA

FRANCIELE ALEIXO

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Na década de 1990, nasce o movimento conhecido como Outubro Rosa, para estimular a participação da população no controle do câncer de mama. A data é celebrada anualmente, com o objetivo de compartilhar informações sobre o câncer de mama, promover a conscientização sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade.Neste ano, a campanha do Instituto Nacional do Câncer (INCA) no Outubro Rosa teve como tema ‘Câncer de mama: vamos falar sobre isso?’.

O objetivo é fortalecer as recomendações do Ministério da Saúde para o rastreamento e o diagnóstico precoce do câncer de mama e desmistificar conceitos em relação à doença. Ao longo do mês, várias ações foram realizadas por órgãos públicos ou privados da região Sul Fluminense ressaltando a importância do autoexame.

Só quem passou por esse momento sabe o quão difícil é e o aprendizado que pode ser repassado, a você, leitor. A matéria especial de hoje, traz as lições aprendidas pela professora Ana Carolina Dias Azevedo, de 41 anos, e da recepcionista Jaqueline Martins Sobrinho, 28 anos; ambas foram personagens da exposição Mulheres Incríveis, da fotógrafa Fabíola Ito, que já foi exposta em várias cidades da região.

Ana Carolina Dias Azevedoé professora. Antes da doença, sua vida era apenas trabalhar. “Saia de uma escola para outra, não tinha vida social com amigos ou família, estava sempre cansada, era só correria. Minha filha estudava em tempo integral e eu não participava de nada da vida dela, nem ao menos ajudava nos deveres de casa. Foi quando tudo mudou e você percebe que a vida não é só trabalho”, relembra.

Em setembro do ano passado, Ana Carolina percebeu um caroço na mama e buscou por ajuda médica. Ao fazer a biopsia foi constatado o nódulo de dois centímetros. No mês de novembro o resultado foi confirmado: Carcinoma ductalinfiltrante (nível 4). “Corri para internet para saber o que era aquilo, meu chão se abriu, quando pensamos em câncer, automaticamente nos remete a morte. Não fazia exames de rotina, admito; durante o processo dos exames a gente nunca imagina que vai acontecer conosco. Aquilo me deixou desesperada em relação ao futuro da minha filha. O que eu poderia fazer para amenizar o sofrimento dela. Quem iria cuidar dela?”, contou.

A professora relembra das sensações sentidas na época. “É um momento difícil, tenso, sensação de morte o tempo todo. Graças a Deus as coisas não são como a gente acredita que é. A tecnologia está aí para nos ajudar a ter esperanças, a médica havia dito que este câncer era comum e 99% curável. Ali fiquei tranquila e fui me tratar. Nesses momentos a gente pensa que trabalhou tanto na vida e que não serviu para nada. Começa a rever conceitos, e o porquê daquilo estar acontecendo comigo. Pensei em atos, atitudes e ações para estar mais presente com amigos, família e principalmente a minha filha. Hoje vejo que mudei, que consigo viver com menos”, destaca, relembrando que começou o tratamento em fevereiro deste ano, e em outubro, terminou a radioterapia.  “Me emociono ao lembrar de tudo, cabelo caindo, mal estar, sempre fui muito ativa, e quando me vi dependendo dos outros, que não conseguia me levantar da cama, ficava emocionalmente destruída. É um momento surreal, você não é dona mais do seu corpo. Não tenho uma religião, mas tenho fé em Deus, me entreguei a Ele e agradeço a todas as orações recebidas, foram elas que me sustentaram e me deram forças para passar por mais essa etapa”, conta, emocionada. Ana Carolina optou por um tratamento mais eficaz, não retirou toda a mama, mas parte dela. Além disso, irá tomar uma medicação específica pelos próximos dez anos.

Para quem está passando por esse momento ela aconselha: “É doloroso, mas é passageiro. O que fica são as marcas e as histórias para contar. Temos duas opções; enfrentar, encarar de frente, chorar, desesperar, ficar mal, mas vai passar. A segunda é deitar e chorar, lamentar, lamuriar e se entregar. Eu escolhi passar pela melhor forma possível e de cabeça erguida. Para quem está na correria, sem tempo para nada, pare! Para que trabalhar tanto? Para que ficar mais no trabalho do que com sua família? Valorizar mais o que tem no bolso do que o coração? O que nos fazem felizes independem do financeiro. Claro, ir pra Paris me deixaria feliz, mas ficar com a minha família me faz ainda mais. Ainda estou num período doloroso, de lembrar de tudo, mas junto meus pedaços e sigo em frente”, aponta.

‘TIVE VONTADE DE SUMIR, MAS TIVE FORÇAS’

A recepcionista Jaqueline Martins Sobrinho, 28 anos, enfrentou a doença há quatro anos. “Estava deitada em casa, fiz o autoexame e percebi algo de errado, senti o caroço e já procurei o ginecologista. Foram quatro nódulos encontrados, feita a biopsia, fui diagnosticada com o câncer. Eu tinha 24 anos e tudo isso foi dois diasantes do meu aniversário. Eu só pensava que iria morrer. Passei pela Mastectomia, pela quimio e ainda faço o tratamento de remédio oral que vai ter duração de dez anos”, conta.


Confusão de sentimentos, medo, desespero. Alguns dos sentimentos relatados por Jaqueline. “Tinha vontade de sumir, mas tive forças, vontade de lutar, fiz o tratamento, e deu tudo certo. Foi difícil, é uma parte íntima e eu tão nova não imaginava passar pelo o que passei, mas, confesso queperder os cabelos foi ainda mais doloroso, a mama dá pra esconder, mas o cabelo não, meu lado vaidoso falou mais alto”, relembra.

Sua vida, até os 24 anos era a correria normal, sem tempo para quase nada. “Antes eu trabalhava e cuidava da minha filha, me afastei do serviço, mas já estou voltando, tenho uma vida normal, malho. Faço minhas tarefas, tenho meu lazer, vida que segue. Com isso tudo aprendi a ser uma pessoa forte, resiliente, percebi que para tantas perdas há muitos ganhos, aprendi viver um dia de cada vez, amar mais e a viver intensamente. Enfrentar o câncer é acreditar que a ciência acompanhada da fé pode ter resultados excelentes”, conclui.

CÂNCER DE MAMA

O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação de células anormais da mama, que formam um tumor. Há vários tipos de câncer de mama. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido enquanto outros são mais lentos.

Para o Brasil, estimam-se 59.700 casos novos de câncer de mama, para cada ano do biênio 2018-2019, com um risco estimado de 56,33 casos a cada 100 mil mulheres. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, esse tipo de câncer também é o primeiro mais frequente nas mulheres das Regiões Sul (73,07/100 mil), Sudeste (69,50/100 mil), Centro-Oeste (51,96/100 mil) e Nordeste (40,36/100 mil). Na Região Norte, é o segundo tumor mais incidente (19,21/100 mil).

O câncer de mama não tem somente uma causa. A idade é um dos mais importantes fatores de risco para a doença (cerca de quatro em cada cinco casos ocorrem após os 50 anos). Outros fatores que aumentam o risco da doença são:Obesidade e sobrepeso após a menopausa, Sedentarismo (não fazer exercícios), Consumo de bebida alcoólica, Exposição frequente a radiações ionizantes (Raios-X). Além disso, há ainda os fatores da história reprodutiva e hormonal como primeira menstruação antes de 12 anos, não ter tido filhos, primeira gravidez após os 30 anos, não ter amamentado, parar de menstruar (menopausa) após os 55 anos, uso de contraceptivos hormonais (estrogênio-progesterona), ter feito reposição hormonal pós-menopausa, principalmente por mais de cinco anos. Entram na lista também, os fatores genéticos e hereditários como história familiar de câncer de ovário, casos de câncer de mama na família, principalmente antes dos 50 anos, história familiar de câncer de mama em homens e alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2.

COMO PREVENIR

Cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis como:Praticar atividade física regularmente, alimentar-se de forma saudável, manter o peso corporal adequado, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e amamentar.

SINAIS E SINTOMAS

É importante que as mulheres observem suas mamas sempre que se sentirem confortáveis para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano), sem técnica específica, valorizando a descoberta casual de pequenas alterações mamárias.
Os principais sinais e sintomas do câncer de mama são:caroço (nódulo) fixo, endurecido e, geralmente, indolor;pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja;alterações no bico do peito (mamilo);pequenos nódulos na região embaixo dos braços (axilas) ou no pescoço;saída espontânea de líquido dos mamilos.

As mulheres devem procurar imediatamente um serviço para avaliação diagnóstica ao identificarem alterações persistentes nas mamas. No entanto, tais alterações podem não ser câncer de mama.

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