NOVA IORQUE
Apesar de estar revolucionando o mercado de trabalho em diversos países, a inteligência artificial (IA) deve impactar menos da metade dos empregos na América Latina, segundo uma nova análise do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo o órgão, a baixa exposição à tecnologia e o alto índice de informalidade na região explicam por que a IA ainda não está transformando de forma significativa o setor laboral latino-americano.
O FMI alerta, no entanto, que essa baixa exposição pode ser uma faca de dois gumes. Por um lado, ajuda a evitar mudanças bruscas e desemprego em massa. Por outro, pode deixar muitos países da região à margem dos avanços econômicos proporcionados pela IA, caso não haja investimento em inclusão digital e formalização do trabalho.
A informalidade ainda é uma realidade para a maioria dos trabalhadores da América Latina e do Caribe. Pequenas empresas, muitas vezes sem acesso a recursos financeiros e jurídicos básicos, enfrentam dificuldades para adotar novas tecnologias ou investir na qualificação de seus profissionais.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de dois terços dos trabalhadores estão na informalidade em países como Bolívia, Peru e Honduras. Isso limita o potencial de aplicação da IA, que é mais efetiva em economias com forte presença do setor formal, como Reino Unido e Estados Unidos.
O FMI destaca que cerca de 50% dos postos de trabalho que têm algum nível de exposição à IA – como os da área da saúde – poderiam se beneficiar com ganhos de produtividade, sem prejuízos significativos para os trabalhadores.
A mensagem do Fundo é clara: é preciso investir na formalização do mercado de trabalho e na inclusão digital. Só assim a América Latina poderá aproveitar plenamente o potencial da inteligência artificial e transformar desafios em oportunidades de crescimento e desenvolvimento sustentável.
* Luciano R. Pançardes – Editor-chefe