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As crianças e o dinheiro

Por Franciele Aleixo
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Algumas pessoas têm mais facilidade pra lidar com dinheiro do que outras, conseguem resistir aos impulsos de consumo, desejar menos e, por isso, se frustrar menos. Consequentemente estes são os que guardam mais dinheiro. Mas isso será uma habilidade nata ou aprendida?

Nos primeiros anos de vida, começamos a moldar nossos padrões de comportamento e a maneira que lidamos com os nossos desejos, nem preciso dizer que os pais são peças fundamentais para todo aprendizado. Uma pesquisa da Unifesp mostrou que os fetos já demostram habilidades cognitivas a partir da 20ª semana e, além de reconhecer a voz, começam a aprender a rotina da mãe. Quanto mais regradas com a alimentação, horário de dormir e de acordar forem as mães, maior motivação para a disciplina e organização a criança vai ter. Partindo desta disposição à aprendizagem, é razoável afirmar que a criança que tem contato com a educação financeira será um adulto com mais habilidade para lidar com dinheiro.

Muitos pais poupam as crianças destas conversas afirmando que dinheiro é coisa de adulto, não as participam sobre as finanças da casa, e escondem deles como o dinheiro necessário para realizar as coisas chegam até a família. Quando os filhos são blindados de algo que faz parte de suas vidas, é muito mais provável que desenvolva uma relação ruim com o dinheiro. Em algum momento da vida eles terão que lidar com as finanças, e quando o assunto não é familiar, fica muito mais difícil, podendo se tornar um adulto indisciplinado com os gastos.


Um dos princípios e objetos de estudo da economia é entender que nunca será possível comprar tudo que está à venda, e não é pela riqueza ou pobreza, e sim pela escassez. Em inúmeros momentos da vida escolhas terão que ser realizadas, só sendo possível obter uma coisa ao abrir mão de outra. Uma criança que não aprende a lidar com frustrações por não ter algo, ou que nunca é exposta a escolhas, vai desenvolver um comportamento cada vez mais ansioso podendo desencadear sérios problemas com o consumo. O economista e filósofo Eduardo Giannetti escreveu em seu livro “O valor do Amanhã” que “as coisas (recursos) são finitas, os desejos (necessidades) não!”. Eu defendo que a educação financeira seja tema abordado nas escolas, mas enquanto esse assunto não é tão popularizado, seguem algumas dicas: Pratiquem a mesada, é a melhor maneira para que a criança tenha consciência da necessidade de organização. Planeje para executar, ensine a criança poupar para realizar seus desejos, seja um videogame, um celular ou qualquer outra ambição.

Nunca é cedo demais para ensinar a uma criança o valor que o dinheiro tem e o que ele não tem. Pratique hábitos financeiros saudáveis e ensine pelo exemplo, você estará investindo em um adulto mais feliz.

 

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