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Para que uma indústria existisse, um município inteiro nasceu

Por Carol Macedo
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VOLTA REDONDA

Volta Redonda tem o apelido de ‘Cidade do Aço’ e isso não é por acaso. O município surgiu em função da implantação e da expansão do primeiro complexo siderúrgico brasileiro: a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Atualmente é um dos mais eficientes complexos siderúrgicos integrados do mundo. A empresa atua com destaque em cinco setores: siderurgia, mineração, logística, cimento e energia. São mais de 20 mil colaboradores e está presente em 18 Estados brasileiros, atuando também na Alemanha e Portugal.

A geração de emprego que a empresa traz à Volta Redonda são de cerca de 16 mil. Apenas de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), são R$ 40 milhões ao ano, com um Imposto Sobre Serviço (ISS) anual de R$ 20 milhões. Atualmente, entre seus ativos, a empresa conta com uma usina siderúrgica integrada; cinco unidades industriais, sendo duas delas no exterior; minas de minério de ferro, calcário, dolomita e estanho; uma forte distribuidora de aços planos; terminais portuários; participações em ferrovias; e participação em duas usinas hidrelétricas.

Mas até chegar onde está, a usina trilhou um longo caminho, que começou em pleno contexto da Segunda Guerra Mundial, quando Getúlio Vargas assinou um decreto no dia 9 de abril de 1941, para a criação da empresa. Implantar a indústria de base era fundamental para criar condições de desenvolvimento para todos os demais setores industriais do Brasil.

Onde hoje existe a mais desenvolvida cidade do sul do estado, só havia um povoado: Santo Antônio de Volta Redonda, com pouco mais de três mil habitantes, que trabalhavam na agricultura, na pecuária e em uma fábrica de cerâmicas do vilarejo.

O caminho trilhado

Fundada em abril de 1941, a CSN foi a primeira produtora integrada de aço plano no Brasil, um marco no processo de industrialização do país. Na época, Vargas contou com o apoio dos norte-americanos na construção da imponente indústria do aço. E aos poucos os primeiros trabalhadores foram chegando.

A partir de 1961 a empresa foi denominada Usina Presidente Vargas, sendo privatizada no governo de Itamar Franco em 1993. O governo se desfez de 91% das ações que detinha. Foi quando teve início um período de grandes investimentos com o objetivo de aprimorar a qualidade dos produtos e aumentar a produtividade das unidades produtoras. Em maio de 1948, as obras da usina e da vila operária ficaram prontas: o que se via era uma cidade toda planejada no modelo americano.

Em 1996 a empresa ampliou sua atuação para o setor de ingraestrutura, com a participação em dois projetos de novas usinas hidrelétricas, e participações no Porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, com a Ferrovia MRS integrando suas operações. Logo no ano seguinte, em 1997, a empresa passou a ter ações listadas no nível II da Bolsa de Valores de Nova Iorque (Nyse). A produção atingiu a marca histórica de 100 milhões de toneladas de aço em seus pouco mais de 50 anos de história.

Em 2001, a CSN iniciou o seu processo de internacionalização, com a aquisição dos ativos da Heartland Steel que constituíram a CSN LLC, nos Estados Unidos (unidade vendida em 2018). Cinco anos depois, a CSN adquiriu 100% da Lusosider, em Portugal, siderúrgica na qual tinha participação de 50% desde 2003. E, em 2012, a empresa deu outro importante passo ao comprar a siderúrgica alemã StahlwerkThüringen GmbH (SWT).


A Usina Presidente Vargas concentra a produção de aço da CSN – Foto João Marcos Rosa

Modelo de negócios integrados da CSN

A Usina Presidente Vargas concentra a produção de aço da CSN, com capacidade para 5,6 milhões de toneladas anuais. As plantas de Porto Real e Araucária, no Paraná, fazem produtos para a indústria automobilística e da linha branca, respectivamente. Maior fornecedor de aço para embalagens da América, a CSN produz e comercializa aço para a confecção de embalagens para diversos segmentos de mercado, sendo a única produtora nacional de folhas de flandres.

Mineração
A CSN é uma das maiores mineradoras do país. As plantas de Minas Gerais produzem minério com alto teor de ferro, abastecendo a atividade siderúrgica da companhia e exportando para vários países.

Energia

A participação da CSN em duas usinas hidrelétricas (Itá e Igarapava) e a central termelétrica de Volta Redonda garantem a autossuficiência energética da companhia, movimentando todos os outros negócios.

Logística

O minério de ferro é transportado por via ferroviária para a Usina Presidente Vargas, para a produção de aço, e para o Tecar, no porto de Itaguaí, de onde é exportado para diversos países. Os trens também transportam insumos para a produção siderúrgica.

Cimento

A escória da produção siderúrgica é utilizada na fabricação de cimentos, trazendo enormes ganhos em sinergia entre as atividades. Em Arcos, a CSN tem uma planta de clinquer, outra matéria prima do cimento

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