Um curta metragem que retrata temas delicados com pouca grana! Mas será que conseguiram fazer isso bem? Vem saber o que eu achei!
Por Yuri Melo
A primeira coisa que tenho a dizer é que a dinâmica de um longa-metragem para um curta é muito diferente, por dispor de muito menos tempo o curta tem que conseguir envolver o espectador e contar sua história sem muitos rodeios, afinal estamos falando de uma obra de vinte e poucos minutos, mas isso não quer dizer que as coisas têm que ser corridas e apressadas por conta da duração menor, apenas tem que se escolher um recorte mais certeiro da história, sem muito espaço para “enrolação”.
O filme dirigido por Danilo Calegari com roteiro de Gabriel Sam e Elmo Férrer traz a proposta de acompanhar o relacionamento de Carlos e Igor que vão se casar em breve, com isso o curta busca abordar questões de homofobia, relacionamento paterno e da luta pela vida, sem dar muitos spoilers, ele tem uma temática como A Culpa das Estrelas, porém abordando ainda as dificuldades de lutar pela vida e pela aceitação em uma sociedade que ameaça sua vida apenas por você ser quem você é.
Tendo em vista que o filme foi produzido com um orçamento muito baixo e é uma produção completamente regional, nós temos que aplaudir demais, todos os envolvidos, estão de parabéns, precisamos de mais filmes como esse e de mais pessoas que se proponham a levar o nome da região sul fluminense cada vez mais longe na cultura! De fato, o orçamento do filme parece muito maior do que gastaram, mas vamos destrinchar mais isso!
O baixo orçamento é sem dúvida um grande problema a ser contornado, mas também não pode ser usado de muleta para todos os problemas, afinal temos produções como A bruxa de Blair que revolucionaram o cinema com orçamento muito pequeno. Então vamos primeiro ao roteiro e trama:
A trama é interessante, apresenta seus personagens e questões, nós temos um fio a seguir, mas o roteiro acaba não acompanhando, em muitos momentos eu fique perdido no que estava acontecendo ou quanto tempo tinha passado entre uma cena e outra. Os dramas apresentados são densos e dá vontade de acompanhar e entender, mas o roteiro parece apressado e logo passa pra próxima cena, o que deixa uma sensação de não estar entendo o que está acontecendo, e nessa linha, o recorte abordado pelo diretor acaba sendo abrangente demais, são muitas questões, dramas e tempo colocados ali, o que não dá tempo de desenvolver bem eles.
Algo que me surpreendeu foi a atuação do Pedro Bitencourt, ele conseguiu passar muita verdade nos dramas que estava vivendo e de fato é um ator muito carismático, o que ajudou muito o enredo do filme prosseguir. A cena dos votos dele eu cheguei a me emocionar. Mas (chato ter um mas né?), como disse a direção não me parecia saber o que contar e esses dramas não são de fato desenvolvidos, os protagonistas têm questões profundas que nós apenas observamos a superfície.
Passando para as partes técnicas, a fotografia tem seus méritos, de fato fizeram muito com pouco e conseguiram cumprir o papel, mas a montagem acabou não acompanhando, as transições são brutas e não tem cenas para complementar, o que me parecia ou ter faltada cena, ou ser o trailer de um filme maior. O áudio também estava com uma qualidade boa, poucas foram as vezes que não ouvi um personagem ou que algo nesse sentindo me incomodou, e a música final do filme é incrível!
A Qualquer Momento é um curta metragem de drama que nos convida a viver uma realidade linda, porém sofrida, mas que como diz um dos personagens “felicidade é tudo que temos”. Sabendo das dificuldades que os idealizadores enfrentaram pra fazer o filme, em todos os sentidos, dinheiro, estrutura, aceitação do tema e tudo que envolve uma produção cinematográfica em um interior, sem dúvida A Qualquer Momento é um filme gigante e eu espero ver mais obras com os envolvidos nele!
Vale o preço do ingresso!