No próximo sábado, 12 de junho, DIA MUNDIAL DE COMBATE AO TRABALHO INFANTIL, não teremos muitos motivos para comemorar, mas poderemos aproveitar a data como uma oportunidade para debater o tema e destacar as ações de combate às violações dos direitos de crianças e adolescentes em nosso país e em todo mundo. Acredito que umas das principais ferramentas contra o trabalho infantil é a educação, associada a uma abordagem estratégica de proteção social. No entanto, antes do cenário que cerceia a construção do futuro de milhares de crianças e adolescentes, existe um ciclo de pobreza e desinformação, que precisa ser superado.
A OIT (Organização Internacional do Trabalho), através de uma pesquisa, apurou que o Brasil apresenta dados preocupantes. De 2012 a 2019, foram registradas aproximadamente 54 mil denúncias referentes ao trabalho infantil. E o problema só se agrava. O número de acidentes graves de trabalho envolvendo menores de 14 anos aumentou 30% em 2020. Em razão da idade, esse público sequer reúne preparação e capacitação suficiente para desempenhar determinadas funções. Já de 2012 a 2020, 46 adolescentes morreram em consequência de acidentes laborais.
A falta de oportunidades, lamentavelmente, faz com que muitas crianças e adolescentes tenham seu desenvolvimento infantil, o que passa pela aprendizagem escolar, comprometido em níveis absurdos e por vezes irremediáveis. Estamos falando de famílias vulneráveis, em situação de total desamparo socioeconômico. Diante da ausência de possibilidades básicas, como o direito a se alimentar, crianças acabam começando a trabalhar muito cedo. É triste e profundamente covarde, que um período tão importante para a vida adulta e para a formação individual como a infância, seja cortado tão brutalmente.
O resultado é uma parcela da sociedade formada por trabalhadores com baixa ou nenhuma escolaridade, sujeitos a empregos com salários insuficientes para a própria sobrevivência. A situação de vulnerabilidade só aumenta, e o ciclo que citei anteriormente, volta a afetar o futuro de tantas pessoas. Para piorar, a pandemia potencializou o contexto de pobreza vivida por muitas famílias. Pessoas sem renda, escolas fechadas, e a roda da falta de oportunidades volta a girar.
Erradicar o trabalho infantil, bem como os diversos tipos de violações cometidas contra esse público, deve ser uma meta de todos nós. Juntos, podemos buscar formas de avançar nesse combate. Retroceder não pode ser uma via aceitável. Afinal, nenhuma criança deve perder a infância trabalhando. Elas devem sonhar, apenas. E a chance de realizar esses sonhos, precisa ser um direito ofertado a todas.