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CNC indica redução na inadimplência dos consumidores

Por Idel Pinheiro
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SUL FLUMINENSE

Baixou em 0,3 pontos percentuais no mês de setembro o número de brasileiros com dívidas em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal e prestação de carro e de casa. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O índice registrado no mês passado foi de 67,2%. No comparativo anual, contudo, o indicador registrou aumento de 2,1 pontos percentuais.

O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Rio de Janeiro (FCDL-RJ), Marcelo Mérida, cita que os segmentos produtivos seguem enfrentando as limitações e dificuldades decorrentes do cenário de pandemia da Covid-19. Mérida frisa ser necessária a manutenção de programas de crédito e de socorro as micro, pequenas e médias empresas, com taxas subsidiadas, e até mesmo repactuando débitos e obrigações.

No mês de setembro o total de famílias com dívidas ou contas em atraso também apresentou a primeira redução mensal desde maio, caindo de 26,7%, em agosto, para 26,5%. Em comparação com o mesmo mês do ano passado, a proporção cresceu 2 pontos percentuais.

A parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes se manteve praticamente estável, passando de 12%,1, no mês passado, para 12%, em setembro. No mesmo período de 2019, o indicador havia alcançado 9,6%. Em Itatiaia, a dona de casa Georgina Braga, 34, declara que as dívidas cresceram durante a pandemia, mas houve controle para evitar que a renda ficasse ainda mais comprometida. “Eu consegui, com muito custo, liquidar um carnê de loja e não utilizar mais o limite do cheque especial. Me reinventei fazendo a venda de máscaras da Covid e entrou um dinheiro extra com o trabalho nas horas vagas. Com essa pandemia o que posso pagar à vista tenho dado prioridade pra evitar despesas e voltar a ficar negativada”, comenta a moradora de Penedo.

Segundo a CNC, a parcela média da renda comprometida com dívidas entre as famílias endividadas caiu para 29,9% da renda mensal. Foi o terceiro mês de queda apresentado pelo indicador desde janeiro de 2020, o que favorece a capacidade de pagamento.


TIPOS DE DÍVIDA

Com relação aos tipos de dívida, o cartão de crédito segue sendo, em setembro, a principal modalidade de endividamento para 79% das famílias. Na sequência, aparecem os carnês (16,7%) e o financiamento de veículos (10,3%). Economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira chama a atenção para o fato de o cartão de crédito, que havia perdido espaço no endividamento de janeiro a junho deste ano, vir ampliando sua participação desde julho. “É uma modalidade muito utilizada no consumo, e o aumento de participação nos últimos três meses está diretamente associado à recuperação das vendas de bens e de serviços”, comenta.

Com receio da crise econômica mundial se agravar na pandemia do coronavírus, muitas famílias optaram por reduzir despesas e rever gastos essenciais. “Foi duro. Mesmo o que é essencial precisa ser avaliado quando se esta apertado e a melhor decisão é economizar. Não há espaço pra lazer, festas. Foi assim que junto com minha esposa conseguimos desde maio evitar novas prestações e quitar o que já estava pendente. Contamos com o auxílio emergencial pra isso”, comenta o soldador Alexandre Mendes, 39, de Resende.

RENDA MENOR

Com relação à renda, houve uma mudança nas trajetórias do endividamento. Entre as famílias que recebem até dez salários mínimos, o percentual caiu pela primeira vez desde maio, chegando a 69% do total – após ter alcançado o recorde de 69,5%, em agosto. Entre as famílias com renda acima de dez salários, esta mesma proporção teve o primeiro aumento desde abril, subindo a 59%.

A redução do endividamento entre as famílias de menor renda mostra que os benefícios emergenciais têm possibilitado o maior consumo de bens, mais associados à renda, e o pagamento de despesas. “As famílias com renda mais alta, que estavam ampliando as suas poupanças, aparentemente iniciaram uma retomada do consumo via crédito”, explica Izis.

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