BRASÍLIA/SUL FLUMINENSE
O governo federal decretou até o dia 31 de dezembro o estado de calamidade pública devido ao coronavírus (Covid-19). E sem a perspectiva de uma vacina contra o vírus e diante dos relatos de uma segunda onda de infecção em países da Europa, o Ministério da Economia não descarta prorrogar o programa Auxílio Emergencial em 2021 caso o Brasil registre também a alta nos casos de infectados. Até a quarta-feira, dia 11, o país tinha 163.406 óbitos desde o início da pandemia. O total de testes positivos para a doença chegou a 5.749.007 desde o começo da pandemia.
Nesta quinta-feira, dia 12, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse durante evento virtual promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em Brasília, que ‘será uma certeza’ o governo conceder novas parcelas do auxílio se por ventura a contaminação pela doença voltar a subir no Brasil. “Qual é o plano para o auxílio emergencial? Remoção gradual, que está marcado para 31 de janeiro, quando acaba o auxílio emergencial, que já foi R$ 600, caiu para R$ 300 e acaba. Aí, voltamos para o Bolsa Família. Esse é um plano A. Existe a possibilidade de haver uma prorrogação do auxílio emergencial? Aí, vamos para outro extremo. Se houver uma segunda onda de pandemia, não é uma possibilidade, é uma certeza. Vamos ter que reagir, mas não é o plano A. Não é o que estamos pensando agora”, declarou.
O auxílio emergencial foi aprovado em abril e iniciou pagamentos a partir de maio com parcelas de R$ 600 e R$ 1.200 para mulheres chefes de família. Para amenizar as perdas dos trabalhadores informais afetados pela pandemia foi prorrogado, posteriormente, até setembro e, depois, com o nome de auxílio extensão e o valor de R$ 300 e R$ 600 para mães solteiras, mais quatro parcelas até o mês de dezembro. Guedes fez uma analogia entre a economia e um urso faminto. “Acabou o inverno o urso vai a caça, é como a economia está voltando, com fome, com força e em V. Eu, que era considerado um otimista na crise, me surpreendi com a velocidade com que está voltando, bem acima da minha previsão”, disse.
Na quarta-feira, Guedes já havia afirmado que o desafio do país agora é transformar uma recuperação cíclica da economia baseada no consumo em um crescimento sustentado baseado em investimentos. O ministro salientou que políticas anticíclicas, como o Auxílio Emergencial e o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego (BEm), foram responsáveis por manter os sinais vitais da economia em funcionamento, o que foi fundamental para que a retomada do país fosse em V – cenário em que a recuperação é tão rápida quanto a queda. “Nós geramos cerca de 100 mil empregos em julho, cerca de 200 mil empregos em agosto e cerca de 300 mil empregos em setembro. A criação de empregos está acelerando”, disse. O ministro lembrou, ainda, que cerca de metade dos empregos perdidos durante a crise já foram recuperados.
Dados citados por Paulo Guedes revelam que o governo terá investido mais de R$ 600 bilhões, ou 10% do Produto Interno Bruto, para auxiliar os desassistidos e combater os efeitos da pandemia no emprego e na renda ao final de 2020. “A pandemia está descendo, o auxílio está descendo junto, e economia voltando. Essa é nossa realidade, nosso plano A. ‘Ah, mas veio uma segunda onda’. Ok, vamos decretar estado de calamidade de novo e vamos nós, de novo, com a experiência que temos agora, recalibrando os instrumentos”, explicou Guedes”, afirma.
BENEFICIÁRIOS APROVAM A POSSIBILIDADE
Com a dificuldade em obter uma vacina o mercado demora a reagir para as contratações e investimentos, reduzindo a oferta de emprego. Assistida pelo auxílio emergencial desde junho, a microempreendedora Renata Dias, 29, aprova um possível avanço do programa em 2021 caso a pandemia persista. “O que todos desejamos é que este cenário acabe logo, mas pelos noticiários está um pouco distante termos a vacina. Países da Europa voltaram a fazer lockdown e enfrentam a segunda onda. Então, complicado achar que tudo no Brasil, nessa bagunça toda do SUS, possa ser diferente apesar de torcermos pra isso. Então, eu aprovo ter o auxílio prorrogado sim, com ele consigo manter as contas em dia”, comenta a moradora de Resende.
Já o motorista de aplicativo Pedro Sampaio, 38, também utiliza o auxílio enquanto microempreendedor e aprova a ajuda se a pandemia não acabar. “Vi a situação na Bélgica, França, Espanha com lockdown, total de infectados subindo na segunda onda da Covid. Não queremos viver isso no Brasil, mas sabemos que nossa estrutura de saúde pública é bem inferior. Por isso, sem vacina e com um cenário indefinido, sou favorável ao bom senso e que o governo já pense mesmo numa saída a partir de janeiro”, disse o morador de Volta Redonda.