BARRA MANSA
Elas são mulheres, professoras tem a correria como rotina e, muitas das vezes, abdicam de coisas da vida pessoal em prol de seus alunos e pensando num mundo melhor para eles.
A professora Isabela Borges de Souza, que dá aulas de Língua Portuguesa no Colégio Municipal Padre Anchieta, em Barra Mansa na Vista Alegre, foi classificada em 4ª lugar na etapa de anos finais, na região sudeste, para o Programa de Desenvolvimento Profissional de Professores da Educação Básica no Canadá.
Isabela destaca que seu projeto de mestrado ‘Compreensão leitura: O uso de estratégicas meta cognitivas de leitura de gênero propaganda de ensino fundamental’ objetivou desenvolver a competência leitora dos alunos. “Percebi que os alunos tinham dificuldades em compreender o duplo sentido e o sentido figurado de certas palavras em propagandas. Propus estratégias metacognitivas que atuaram sobre a monitoração e autorregulação dos processos cognitivos relacionados à leitura do gênero propaganda para os alunos”, explica.
Em seu estudo, ela atuou com cerca de 20 anos entre 12 e 14 anos do 7º ano do Ensino Fundamental, no início do trabalho, o índice de erro era de 80% ao serem questionados. “O trabalho foi dividido em duas etapas, em 2017 abordamos a teoria e em 2018 a prática. Foi incrível o crescimento desses alunos em pouco espaço de tempo”, comemora.
Para alcançar esse sucesso, Isabella deixou a vida pessoal um pouco de lado. “Antes da atividade propriamente dita, existiam pré-atividades e depois analisar dados, não sobrava tempo para mais nada. Hoje começo aos poucos voltar a minha vida. Mas ver o crescimento desses alunos é o maior prêmio que poderia receber”.
Classificada pelo mestrado profissional da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a professora participará de uma imersão de oito semanas, com aulas de formação, promovidas pelo Colleges and Institutes Canadá (CICan). O programa é dividido em duas partes, sendo a primeira um curso básico de inglês e a segunda uma formação para professores, voltada para gestão de sala de aula e aprendizagem centrada no aluno. “Ao retornar ao Brasil, terei a missão de adaptar os conteúdos aprendidos no Canadá para nossa realidade, além de transmitir a experiência aos demais professores da secretaria municipal de Educação”, acrescenta.
Batalha pessoal que ajuda ao próximo
A doutora em Educação Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Herica Cambraia Gomes, defendeu em 2017 a tese ‘Educação Matemática Inclusiva: Modificabilidade Cognitiva Estrutural e Mediação Docente’, a iniciativa propõem interfaces que atravessam conceitos complexos das neurociências, particularmente da neuropsicologia das funções executivas, da teoria da aprendizagem mediada, e da neurobiologia da matemática, em busca de uma pedagogia da matemática através da música que unifique som / tempo / corpo e movimento.
De acordo com a professora, entender as relações intrincadas entre educação matemática, neurociência educacional e musicalidade não é tarefa simples. “Se a música está tradicionalmente ligada às artes e à subjetividade humana, a matemática ao pensamento analítico e racional, a neurociência educacional à estrutura e funcionamento cerebral durante a aprendizagem, tecer diálogos nestes três campos é buscar novas relações educacionais com vistas ao futuro”, destaca.
A iniciativa tem várias vertentes, uma delas é realizada em Porto Real. Na próxima segunda-feira, entre as 14 e às 15 horas, o Projeto ‘Pensando na frente’ realizado com gestantes cadastradas na rede de saúde pública do município reúne as futuras mães para estimular os bebês musicalmente. “Durante a atividade as gestantes aprendem músicas infantis, massagens, a importância do tom da voz, da intensidade do toque, aprendem a cantar para seus bebês e a estimulá-los”.
A música é inclusiva, como destaca a doutora. “Além de ensinar a lidar com os futuros bebês ou com crianças já maiores, percebemos que laços familiares são firmados vejo uma mãe cansada e sem foco, que, ao entrar numa atividade do projeto, volta a focar em seu bebê, vejo carinho aumentar. Lembro-me perfeitamente de um caso de uma jovem que queria dar o seu bebê para doação, ao participar de nossas atividades, reverteu o pensamento. Tive minhas batalhas pessoais e ter todo esse retorno positivo e poder ajudar ao próximo é gratificante como pessoa, mulher, mãe ver a grandiosidade do ato, o projeto vai além dos laços afetivos, é uma realização pessoal, é saber da sua missão neste mundo”, destaca.
Enquanto educadora e musicista, Herica destaca que a música traga para o corpo dos alunos, suas percepções, emoções e pulsos para que o conhecimento não seja trabalhado apenas como informação, mas como experiência, no caso experiência matemática, especialmente o sistema de numeração decimal. “Ensinar matemática através da música é também reconhecer que a melhor forma de conhecer é experimentar, corporificar; o que hoje em neurociência cognitiva denomina-se de cognição corporificada. Assim, os conhecimentos das neurociências apoiam e iluminam novos rumos da pedagogia com a possibilidade de ensinar e aprender matemática, particularmente o sistema de numeração decimal, por meio do processo de musicalidade”, citou.