BARRA MANSA
O delegado adjunto da 90ª DP (Barra Mansa), Antônio Furtado, que passou a investigar supostos casos de corrupção no Detran de Barra Mansa, após receber denúncias de ouvintes de um programa de rádio em maio, revelou que dois funcionários do órgão estadual foram reconhecidos por vítimas como sendo os homens que cobravam entre R$ 50 e R$ 100 para aprovarem veículos nas vistorias anuais. Furtado informou que três vistoriadores foram afastados e demitidos pelo Detran próprio órgão após repercussão das denúncias na imprensa. O A VOZ DA CIDADE divulgou o caso.
Um dos demitidos foi identificado pela Polícia Civil, após ser reconhecido por uma vítima que descreveu como ele agia. “Chegava simpático, dizendo que o motorista ‘não estava sozinho’, pois iria ajudá-lo. Depois passava um aparelho no veículo e dizia que a gasolina era adulterada, o motor estava sujo, os gases poluiriam acima do nível permitido ou até pneus novos ele considerava ‘carecas’. Buscava portanto criar dificuldade para vender facilidade”, analisou Furtado.
O delegado detalhou ainda que uma das vítimas chegou a dizer que um dos suspeitos propôs parcelar o dinheiro da propina. “Segundo uma vítima, o vistoriador que ela reconheceu na delegacia por foto aceitava até a propina de modo parcelado. Já a outra vítima disse que deu dinheiro ao mesmo agente para ter seu carro aprovado em duas vistorias anuais seguidas”, comentou o delegado.
O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil e os dois suspeitos reconhecidos por vítimas serão intimidados a prestarem declarações na delegacia. “Por hora, eles respondem pelo crime em liberdade, porque nós estamos investigando e precisamos de mais elementos”, disse Furtado. A pena pelo crime de corrupção passiva pode chegar a oito anos de prisão.
O delegado finalizou dizendo que é preciso combater a cultura do medo, que faz com que as vítimas cedam aos pedidos de propina e se calem. “Todos nós queremos mudanças no Brasil, mas elas não serão alcançadas com omissão. Maus agentes públicos, concursados ou terceirizados, não podem arrasar a imagem e a reputação de categorias inteiras. Precisam ser identificados, afastados e punidos. Para isso, fazemos o nosso trabalho, mas precisamos da ajuda da população. Aceitar o crime sempre é algo inaceitável”, concluiu o delegado.