RESENDE
Mais uma tecnologia é desenvolvida pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) na produção do combustível nuclear que abastece as usinas nucleares brasileiras. Desta vez, a inovação foi a construção de um Elemento Combustível em proporções reduzidas, capaz de garantir a alta precisão na calibragem dos chamados Colares de Nêutrons – equipamentos utilizados na medição da quantidade de urânio nos Elementos Combustíveis que compõem as recargas das usinas de Angra 1 e 2.
O projeto e a montagem do Mini Elemento Combustível foram finalizados no segundo semestre de 2017. Em março de 2018, o Elemento Reduzido foi testado pelo Departamento de Energia dos EUA (DOE) e pelo Laboratório de Salvaguardas Nucleares da CNEN. Os resultados foram animadores.
O diretor de Produção do Combustível Nuclear (DPN), Marcelo Xavier, explica que antes da produção do Elemento Combustível reduzido, os Colares de Nêutrons eram calibrados diretamente no Elemento Combustível, o que resultava em análises com imprecisão de até 5%. Com a calibragem feita pelo Elemento Reduzido, o índice caiu para cerca de 1%. “Outra vantagem desta inovação, é que possibilita a remoção das varetas dos Elementos Combustíveis, viabilizando a sua reconfiguração e a realização de simulações. Suas características são similares ao Elemento Combustível tipo HTP, produzido para Angra 2, porém em escala reduzida”, destaca Marcelo Xavier.
Segundo o diretor, a tecnologia produziu importantes avanços na atividade de salvaguardas nucleares. “Cada vareta contêm 375 pastilhas. Cada pastilha pesa aproximadamente 10 gramas. Cada vareta dá mais de 3 quilos de urânio. Então, cinco varetas de urânio são mais de 15 quilos de urânio, que podem ser desviados. Com essa calibragem, não tem como ocorrer desvio de material nuclear. É possível ver exatamente o quanto de material e o grau de enriquecimento há no combustível”, declara.
De acordo com o técnico da DPN, Luiz Antonio da Silva, o novo Elemento reduzido trará benefícios para o corpo técnico da INB: “Principalmente no treinamento de pessoal de salvaguardas e de neutrônica da engenharia de combustível, no conhecimento e aperfeiçoamento nesse tipo de medida, que é uma das mais refinadas em escala mundial”, afirma. Para ele, o projeto ainda abre oportunidades de especialização no campo acadêmico. É mais uma porta que se abre para os técnicos da INB se formarem mestres e doutores nesse campo de pesquisa”, reforça.