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O perigo e as maravilhas de ser anônimo em uma rede social

Por Andre
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SUL FLUMINENSE

Muitas pessoas não postam o que realmente pensam em redes sociais por medo do que familiares e amigos pensarão de uma ou outra afirmação polêmica, tendenciosa ou até mesmo verdadeira. Em redes sociais anônimas isso não teria problema. Já algum tempo não é novidade essa possibilidade no mundo virtual.Algumas emplacam, outras não. Uma que tem virado febre é o Sarahah, que vem do árabe e significa honestidade. No Brasil, há os que preferem propagar a fraqueza e não a franqueza, tratando de forma destrutiva e criminosa.A preocupação de especialistas é que seja aberto um espaço para o racismo, cyberbullying, pornografia infantil e até venda de drogas.

A Rede Sarahah veio com essa proposta de ser sincero ao extremo sem sofrer as consequências ou ter que passar vergonha, mas o problema é usar essa possibilidade para o mal.Em entrevista ao A VOZ DA CIDADE, a psicóloga Thais Rodrigues Andrade, disse que é preciso cautela ao entrar nesse mundo do anonimato. “É muito complicado o boom dessas redes anônimas ainda mais depois do surgimento do Baleia Azul. Esse Sarahah é muito parecido com o Secret que foi retirado do ar porque foi um aplicativo voltado para fazer cyberbullying. E a preocupação é que a maioria do público alvo é de adolescentes e jovens, um público mais suscetível ao bullying. Aí fica muito mais fácil discriminar, hostilizar porque se isso acontece quando se sabe quem está do outro lado, imagina no anonimato”, afirma, completando que entende não ser um aplicativo que trará benefícios para a sociedade. “Mais uma máscara”, resume.

Thais Andrade disse que a depressão é uma das psicopatias mais tratadas. Entre dez pessoas que entram em tratamento, nove têm histórico de depressão. “E querendo ou não, quem é depressivo é mais passivo ao suicídio. Segundo a Organização Mundial da Saúde a depressão está matando mais do que a Aids, já virou caso de saúde pública. Aparece então um aplicativo como o Sarahah e uma pessoa que só precisa de um gatilho para o suicídio entra e começa a receber comentários negativos, o que imagina que vai acontecer se ela não tiver ajuda”, questionou a psicóloga.

 

 

JOVENS NOS CONSULTÓRIOS

A psicóloga lembra que a população jovem tem frequentado mais os consultórios para tratamento. E a família tem importância fundamental para o jovem ter sucesso e conseguir vencer a doença.

E para prevenir, é preciso que a família esteja atenta aos sinais. “Alterações no comportamento, rotina mudando muito, assim como horário de sono, alteração do humor, se está muito triste ou cabisbaixo, gostando de ficar sozinho são alguns dos sintomas que algo não vai bem. A família de hoje está muito ausente. Muitos filhos são esquecidos e, por isso, eles se afundam em redes sociais”, destacou a psicóloga Thais Andrade.

SERVIÇO POLÊMICO

Embora o aplicativo seja novo, algumas pessoas já o qualificam como um meio onde se propaga mensagens negativas. Outras, dizem que estão fazendo bom uso do serviço, sem passar por nenhum constrangimento.

E são os adolescentes que mais estão mais sofrendo com o Sarahah. Três adolescentes, de 14 e 18 anos que o A VOZ DA CIDADE conversou admitiram ter baixado o aplicativo e se arrependido.

“Entrei nessa rede nova por curiosidade e recebi umas mensagens muito esquisitas. Algumas falando da minha cor, racistas mesmo, e até de alguém dizendo coisas sexuais”, disse a adolescente de 16 anos, L.R.M. Outra, de 18 anos, afirmou que as pessoas estão se aproveitando do anonimato. C.C.P, deletou o programa após ser assediada por uma pessoa, não sabe nem se era homem ou mulher. “É uma rede sem limites. Para quem não tem consciência pode ser muito arriscado”, destacou.

Já o adolescente de 14 anos, G.R.M, irmão da jovem de 16 anos, foi outro que passou por experiência negativa e não faz mais parte da rede. “Sei que é um programa que ajuda no assédio, no bullyng, até mensagens sexuais. Isso também para meninos”, contou, admitindo ter levado uma cantada na rede de uma forma nada eventual.


Para outros, a experiência do uso do aplicativo pode ser positiva. A transexual de Volta Redonda, Fernanda Lima, de 23 anos, disse que baixou o programa e o usa regularmente. “Tinha curiosidade nessa questão do anonimato, saber se teriam pessoas que iam me denegrir ou até mesmo elogiar e me surpreendi. Tem quase um mês que baixei e não recebi mensagem negativa”, destacou. Ela concorda que adolescentes muito jovens não têm maturidade para saber se portar dentro do Sarahah e ele não deveria ser liberado. “Vejo algumas coisas que sei que a pessoa não tem nem 18 anos, que manda ou recebe mensagem sexual. Eu sou mais velha, solteira e levo na esportiva”, completou.

SOBRE O SARAHAH

A rede social já ocupou a segunda posição no top dez dos aplicativos mais baixados na AppStore, loja da Apple, atrás apenas do WhatsApp. A PlayStore, loja para versão Android, já tem mais de dez milhões de downloads, muito na frente de plataformas como o Spotify, Netflix e até o Tinder.

Quando foi lançado, em meados de 2016, o Sarahah era apenas um site; agora, ele tem aplicativos para Android e iOS. A rede conseguiu mais de 300 milhões de usuários, entre os que enviam mensagens e visitantes.

Para falar com alguém no Sarahah não é necessário muito trabalho, basta apenas ter o link do perfil de uma determinada pessoa para enviar mensagens anônimas a ela. E se receber elogio ou crítica não adianta a pessoa tentar descobrir de onde veio. Isto porque o site garante que nunca revelará sem consentimento a identidade daqueles que enviaram as mensagens. Pelo menos por enquanto.

Existe uma aba ‘explorar’, em que o site futuramente vai ‘sugerir’ pessoas (ou marcas). E ainda tem um limite de caracteres por mensagens. Máximo a 700, o que equivale a cinco tuítes cheios.

OUTRAS REDES

Nos últimos anos, outros aplicativos já usaram do anonimato para atrair usuários sinceros, porém “tímidos”. No Secret, por exemplo, os internautas podiam compartilhar segredos, porém, o aplicativo foi encerrado em 2015, após uma série de problemas como a proliferação de bullying e suspensões judiciais, como aconteceu no Brasil. Teve ainda o Lulu, o Formspring

Para quem se atentou nos últimos dias, muitas pessoas convidaram amigos para uma rede nova: o Scorp, que tem ganhado popularidade e chegou a ser mais baixado que o WhatsApp em meados de agosto.Mais um exemplo de como o mundo das redes é um organismo vivo e em constante mudança Esse aplicativo foi desenvolvido na Turquia. É uma rede de vídeos curtos onde a pessoa cria e compartilha momentos de até 15 segundos.

Ao postar um scorp — nome dado aos vídeos publicados na rede —, você pode marcá-lo em alguma categoria para facilitar que outras pessoas o encontrem. É possível seguir os perfis de outros utilizadores, bem como curtir e comentar qualquer postagem.

Diferentemente do Snapchat ou Stories, não há recursos para modificar a imagem – flores, flocos de neve ou orelhas de bichinho.

Pode ser usado também no modo anônimo.

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