BARRA MANSA
Brasileiro adora um aplicativo. É o que mostra um levantamento da App Olympics produzido pela Cheetah Mobile – de acordo com a pesquisa, os brasileiros utilizam cerca de 29 aplicativos por mês, número superior à média mundial, que é de 27 apps/mês. Mas atualmente não são só os adultos que ‘vivem’ conectados: um levantamento exclusivo do aplicativo AppGuardian (http://bit.ly/appguardian2) – revela que as crianças passam, em média, 5,7 horas por dia no celular, número referente aos dias da semana (segunda a quinta-feira), no fim de semana o tempo ao celular sobe 20%, chegando a 6,9 horas/ dia.
O levantamento também mostra uma média de horas gastas em aplicativos e redes sociais destacando que o canal de entretenimento Youtube é o preferido da garotada, que chega a ficar mais de um dia inteiro (25 horas) conectados na plataforma – somando Youtube Kids e Youtube Go são 47 horas/ mês.
Ainda, de acordo com a pesquisa, entre os 20 aplicativos mais usados em número de horas totais, jogos e redes sociais consomem mais de 50% do tempo que as crianças passam conectadas. O Youtube foi de longe o mais consumido pelos usuários do AppGuardian, somando um total de quase 180 mil horas, seguido pelo WhatsApp, o jogo de tiro e sobrevivência Free Fire (a mais nova moda entre os adolescentes) e as redes sociais Instagram e Facebook. Os jogos Free Fire, Avakin Life, Roblox, Brawl Stars e Minecraft, juntos, somam 64 horas de conexão. Ou seja, 35% do tempo é gasto em jogos, 30% nas redes sociais, 20% em apps de entretenimento, 10% em aplicativos de mensagens e 4% navegando na internet.
Tanta hora online gera preocupação entre pais e educadores. Segundo especialistas, crianças que passam muito tempo usando aparelhos eletrônicos, como celular, tablet e computador, apresentam maior comportamento sedentário, fator de risco para obesidade, que pode, no futuro, provocar doenças cardiovasculares e diabetes. Por causa disso, a Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês) recomenda que os pais limitem o tempo de uso destes dispositivos para que seus filhos aproveitem o tempo livre para praticar brincadeiras mais saudáveis.
A orientadora educacional Luciana da Silva, sugere que adultos evitem utilizar os aparelhos perto das crianças e deem mais atenção a elas quando estiverem juntos. “Quando você está com seus filhos, é preciso desligar o telefone ou tablet e conversar com eles, se engajar, porque eles captam exatamente o que você está fazendo”, disse.
Um estudo de 2016 realizado pela Academia Americana de Pediatria apresenta os possíveis problemas aos quais as crianças podem estar sujeitas ao passarem muito tempo usando aparelhos tecnológicos, entre eles a obesidade e dificuldades para dormir. “Diversas pesquisas têm vinculado o excesso de horas em frente às telas a um aumento do comportamento sedentário em crianças e adolescentes. Ainda que não existam evidências, a longo prazo, que conectem essas horas ao maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, há sinais crescentes de que a obesidade está associada a esse costume”, cita.
Quando os fatores de risco estão presentes na infância, a tendência é continuarem na vida adulta. Especialistas acreditam que os eletrônicos influenciam o comportamento alimentar já que as crianças costumam petiscar enquanto usam os dispositivos e, por estarem tão distraídos pelo que veem, não notam a saciedade e continuam comendo. Esse fator pode acarretar em excesso de peso. Outro problema é a intensa exposição à publicidade de alimentos pouco saudáveis nos dispositivos que também pode influenciar a alimentação das crianças, especialmente quando os pais são mais liberais quanto a este quesito. Além disso, a luz azul das telas pode dificultar a capacidade de adormecer.
As diretrizes da Associação Americana de Pediatria (AAP) indicam: Para crianças com menos de 18 meses, evite qualquer uso de tela além de chamadas de vídeo; pais de crianças com idades entre 18 e 24 meses que desejam introduzir o uso de mídias digitais devem escolher uma programação de qualidade e assistir junto com seus filhos para ajudá-los a entender o que estão vendo; para crianças de 2 a 5 anos, o uso de telas deve ser limitado a uma hora por dia e a programas de qualidade. Os pais devem assistir com os filhos; para crianças de seis anos ou mais, imponha limites consistentes, garantindo que o tempo de tela não atrapalhe o sono e a atividade física. Já a Sociedade Canadense de Pediatria vai além, dizendo que crianças com menos de dois anos não devem usar telas.
Aplicativos de bloqueio ajudam familiares
Os aplicativos de bloqueio permite que os pais organizem e monitorem da melhor forma o tempo que os filhos permanecem conectados – seja em celulares ou tablets. A tecnologia ainda permite que os pais se conectem com os filhos. Com o app AppGuardian, é possível ativar, por exemplo, o tempo em família, incentivando que pais e filhos se relacionem mais entre si longe das telas. É possível também acompanhar quanto tempo os filhos ficam nas redes sociais como o YouTube, dando subsídios para as famílias interagirem: eles podem conversar, por exemplo, sobre os seus vídeos e youtubers preferidos.