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Demora no atendimento às vítimas picadas por cobras preocupa

Por Franciele Aleixo

 

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ANIMAIS PEÇONHENTOS

Quem já passou por isso informou ao A VOZ DA CIDADE que chegou a aguardar até dez horas pelo soro antiofídico – disponível na rede pública de Saúde

 

Arlindo Novais

a[email protected]

 

SUL FLUMINENSE

Acidentes com animais peçonhentos sempre causam temor; quando envolvem cobras a situação parece ainda pior. Nessas horas a vítima corre contra o tempo, pois quanto mais rápido o antídoto for ministrado, melhor; pois é menor a chance de sequelas. Em casos mais graves, o veneno pode causar a morte. No entanto, a demora nos atendimentos aos ataques de cobras preocupa moradores na região. O pintor Franklin Antônio de Pádua, de Pinheiral, teve que esperar cerca de oito horas para receber o soro antiofídico após ser picado por uma jararaca no último mês.

“Estava trabalhando quando fui picado na mão por uma cobra. Cheguei à tarde no hospital municipal e fui atendido bem rápido. A médica foi muito atenciosa e acompanhou todo o meu quadro. O que demorou mesmo foi o soro (antiofídico). Depois de um tempo a boca começou a sangrar e a mão inchou e doía. Quando cheguei ao hospital, eles procuraram saber onde tinha o soro, mas parece que não havia em lugar nenhum e só foi ter em Valença. Ainda houve um acidente com a ambulância que foi buscar o soro na volta para Pinheiral e fui tomar eram 22h30min”, detalhou Franklin; que chegou à unidade de saúde por volta das 14h45min, logo após o incidente.

Situação semelhante enfrentou a tradutora Helena Hilden. No fim do ano passado, ela foi picada por uma cobra no bairro de Penedo, em Itatiaia, e esperou por 12 horas até receber o soro antiofídico. Apesar de saber que o soro devia ser procurado em um hospital municipal, Helena disse que preferiu ir até uma unidade de saúde particular para se informar. O medicamento só foi encontrado em Três Rios, porque em cidades mais próximas não havia. “Segundo me informaram é necessário ter 16 unidades de soro antiofídico para um tratamento completo. Felizmente havia duas vezes essa quantidade em Três Rios, de modo que puderam ceder um lote. Se houvesse menos não poderiam ceder o soro. Então começou a burocracia: o soro só pode ser transportado por carro oficial do município, mas não poderia ser trazido por um carro de Três Rios. Era necessário enviar um carro de Resende para buscar o soro; dobrando o tempo de espera. Enquanto isso meu estado de saúde piorava, minha mão ficava cada vez mais inchada”, contou Helena, lembrando que ficou horas no Centro de Tratamento Intensivo (CTI), tendo o estado de saúde acompanhado por enfermeiras e médicos.

“Fui informada pelos médicos que o veneno da cobra atua no sangue, aumentando o tempo de coagulação até que o paciente tenha hemorragias e falência dos rins. O tempo de coagulação normal é de dois a dez minutos. O tempo de coagulação do meu sangue chegou a 54 minutos”, comentou Helena.

Apesar de não ter sofrido sequelas, a tradutora criticou o tempo de espera pelo soro antiofídico. “Se eu tivesse recebido o soro imediatamente talvez não precisasse ficar no CTI, minha mão não teria inchado tanto, poderia ter ido para casa mais cedo, não teria sofrido tanto com a mão tão inchada e dolorida, não teria demorado tanto para recuperar os movimentos. E toda a angústia de meus familiares e minha na longa espera pelo soro teria sido muito menor. O sofrimento de todos seria muito menor se o soro estivesse disponível imediatamente”, disparou.

BUSCA POR ATENDIMENTO DE URGÊNCIA

O médico e especialista em terapia intensiva, Yuri Martins Cunha, explicou que no Brasil os incidentes envolvendo cobras têm como maiores agentes causadores as jararacas, seguido pelas cascavéis. “Quando esses incidentes acontecem, temos que fazer com que a vítima seja atendida o mais rápido possível. Após a picada, a pessoa deve ser prontamente removida para um serviço de saúde de referência, onde exista mais estrutura e profissionais com maior experiência no atendimento a esse tipo de caso”, afirmou.

Cunha esclareceu que quanto maior a demora na aplicação do soro antiofídico, mais efeitos do veneno e prejuízos à saúde irão acontecer. “Ou seja, em 10 horas de espera para receber a medição, uma série de danos vai ocorrendo nesse tempo. Algumas coisas influenciam: o tamanho da cobra, a quantidade de veneno que ela conseguiu inocular na vítima, o tempo do atendimento. Então para aquela pessoa que acabou de ser picada por uma cobra, a orientação inicial é que lave o local com água e sabão e se dirija a um serviço de atendimento médico”, disse; esclarecendo: “É fundamental a identificação da cobra, se foi uma jararaca, cascavel, coral, pois esses animais possuem soros específicos. Mas quando isso não é possível temos alternativas também com um soro que pode contemplar a vítima mesmo ela não sabendo qual foi o agente causador”, finalizou.

O QUE NÃO FAZER EM CASO DE ACIDENTE?


A orientação do Ministério da Saúde é que em caso de acidente com animais peçonhentos a vítima procure atendimento médico imediatamente.

Picadas nas extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, o recomendado é que a pessoa retire acessórios que possam levar à piora do quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados. Não amarre (torniquete) o membro acometido e, muito menos, corte e/ou aplique qualquer tipo de substancia (pó de café, álcool, entre outros) no local da picada. O Ministério da Saúde adverte que as pessoas não tentem “chupar o veneno”, essa ação apenas aumenta as chances de infecção local.

 

  

REGIÃO TEM OITO POLOS DE SOROS ANTIOFÍDICOS

A Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde informou que o fornecimento do soro antiofídico é realizado pelo Ministério da Saúde. A Secretaria Estadual do setor recebe e o repassa aos municípios. Atualmente, o soro está disponível em 25 polos regionais; oito deles na região Sul Fluminense. São eles: Angra dos Reis (dois polos), Paraty, Três Rios, Vassouras, Resende, Valença e Volta Redonda. Além dessas, outras 15 cidades no estado também possuem polos.

O A VOZ DA CIDADE procurou as prefeituras onde existem as centrais para saber se há disponibilidade do soro. O jornal só não conseguiu contato com as cidades de Três Rios e Vassouras. Em todas as outras foi confirmada a presença de doses do antiofídico. A Secretaria Estadual de Saúde explicou que a escolha dos polos foi feita a partir

 

 

Soros antiofídicos no Sul Fluminense

Angra dos Reis – Hospital Geral da Japuíba e Hospital de Praia Brava

Paraty – Unidade de Pronto Atendimento (UPA)

Resende – Centro de Controle de Zoonoses (CCZ)

Três Rios – Unidade de Pronto Atendimento (UPA)

Valença – Hospital Escola Luiz Gioseffi Jannuzzi

Vassouras – Hospital Universitário

Volta Redonda – Serviço de Pronto Atendimento (SPA) do Aterrado

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