SUL FLUMINENSE
No momento pelo qual estamos passando, levando em consideração as últimas notícias de grandes desastres e grandes tragédias, essa avalanche de informações tem levado as pessoas a se sentirem inseguras e um pouco ansiosas, abrindo espaço para a supervalorização de notícias como essa da boneca momo. O relato é do psicólogo Renan de Morais Souza, que em conversa com o A VOZ DA CIDADE falou um pouco sobre os cuidados que as famílias devem tomar com as notícias da internet, sabendo interpretar o que é bom e o que não é, para não compartilhar e nem absorver inverdades, causando pânico em você e no próximo.
Para o psicólogo, o cotidiano de uma pessoa comum hoje, como eu e você, é um dia-a-dia cheio de estímulos sonoros e visuais, música, televisão, seriados, novelas, vídeos da internet, mensagens das redes sociais, tudo em grande quantidade, como um tsunami de informações e notícias invadindo a nossa mente todos os dias. “As pessoas passam a agir e reagir sem parar para pensar no que estão lendo, assistindo ou fazendo. Viver assim por um período mais longo pode até causar alguns transtornos psicológicos, como ansiedade, hiperatividade e déficit de atenção”, explica Renan. “O que eu quero dizer com isso é que essas tragédias devem motivar uma reflexão mais profunda nas pessoas, uma reflexão sobre como estão vivendo as próprias vidas, sobre como estão valorizando a própria família, e levar os pais, cuidadores e educadores a pensar em como estão construindo a estrutura psicológica e afetiva dos filhos, das crianças que estão sob as suas responsabilidades”, acrescenta.
O psicólogo explica que essas pessoas não conseguem pensar nisso, porque a maioria nem sabe o que está fazendo, então é praticamente um cacoete terceirizar as responsabilidades. “É mais fácil pensar que a culpa é da boneca momo, que a culpa é do game, que a culpa é da internet, que a culpa é do bullying”, sugeriu o profissional.
MEDO DA MOMO
Felipe C. Vieira, de 36 anos, é morador de Volta Redonda, no bairro Santo Agostinho, e tem uma filha de sete anos. Ele conta que, assustado com a repercussão da boneca momo, por exemplo, acabou mostrando a mesma para a sua filha, e se arrependeu. “Mostrei e falei que era uma boneca ruim, que se ela visse, não era para fazer nada do que ela pede”, contou Felipe.
Porém, a reação de sua filha com o caso o surpreendeu. “Ela entrou em pânico e chorou muito, falando que não queria ver a boneca. Pediu para desinstalar o YouTube inicialmente e agora, não quer mais mexer no celular, que escondeu dentro da gaveta do quarto”, comentou o pai.
DEDIQUE-SE AOS SEUS FILHOS
Renan fala que seu conselho para os pais e educadores é o seguinte: ‘Dedique-se aos seus filhos, dedique-se de verdade à sua família, se você não sabe exatamente o que está fazendo, aprenda! Hoje existem vários profissionais que orientam mães e pais na educação dos filhos, psicólogos, pedagogos e educadores, existem cursos presenciais e online sobre isso, a preço e condições bastante acessíveis’.
Ele lembra que a pessoa deve se focar na coisa certa e se preocupar com o que você pode fazer o que está ao seu alcance e o que vai trazer resultados reais. “Quando uma criança é vacinada contra uma doença, por exemplo, o sarampo, elas podem até ter contato com o vírus do sarampo, mas não vão desenvolver a doença. Existem muitas crianças que estão imunes à boneca momo, imunes aos games violentos, imunes à internet, imunes ao bullying, porque já estão ‘vacinadas’, porque elas têm uma estrutura que aguenta ser exposta a esse tipo de situação sem sofrer algum dano maior”, expos o psicólogo Renan Morais, finalizando que essas crianças são as que estão se desenvolvendo com uma boa estrutura afetiva e emocional proporcionada pela família, pelos pais e pelos cuidadores.