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Abertura de empresas bate recorde de 2,5 milhões e municípios do Sul Fluminense acompanham evolução

Por Idel Pinheiro
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SUL FLUMINENSE

A instabilidade econômica de 2018, ano de greve dos caminhoneiros, eleições e câmbio internacional oscilando. Ainda assim o país fechou o ano com 2.534.785 de novas empresas formalizadas e bateu o recorde histórico desde 2010, ano que teve início a análise do Indicador Serasa Experian de Nascimento de Empresas. Em 2017 foram 2.202.622 de empresas, o que representa o aumento no ano seguinte de 15,1%.

A abertura de novas empresas teve recorde em 2019 segundo a Serasa Experian – Ilustração: Fábio Guimas

Do número total de novos empreendimentos no ano passado, os Microempreendedores Individuais (MEIs) representam a maioria, na faixa de 81,4%. E por segmento, os setores de Serviços de Alimentação predominam com 8,2%. Segundo os economistas da Serasa Experian, a fraca recuperação da economia, o reflexo negativo na reversão da taxa de desemprego e na retomada da criação de novas vagas formais de trabalho levaram muitas pessoas a buscarem um negócio próprio como alternativa para geração de renda.

Os dados refletem a situação na região Sul Fluminense, com profissionais desligados de serviços vinculados à CLT criaram negócio próprio. Em Resende, Marcelina Ribeiro, 39, saiu de uma empresa de logística e junto com o marido optou em abrir em casa o serviço de entrega de marmita. “Estamos com poucos meses de mercado, mas estou gostando. Os negócios começaram em novembro atendendo conhecidos, aos poucos chegamos a pessoas de fora. Hoje atendemos com pedido por telefone, WhatsApp. E descobri que mesmo enquanto eu estava trabalhando com carteira assinada poderia investir em algo do tipo, pois produzo a comida em horário alternativo e as entregas ocorrem entre 10 e 15 horas. Hoje ganho mais que na fábrica”, comenta a moradora do Jardim Primavera.

 

Em Resende foram criados somente em 2019 o total de 276 empresas – Foto: Divulgação

Ela integra o total de 397 microempresas individuais abertas em 2018 na cidade de Resende. Segundo dados da Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo, foram abertas em 2018 o total de 804 microempresas sendo 397 MEI. No total, foram criadas 1.204 novas empresas no ano passado. Desde janeiro de 2019 foram registradas 189 microempresas e outras 87 pessoas como MEI, totalizando 276 novas empresas no trimestre. “Estamos adotando medidas para desburocratizar o serviço e facilitar a vida do empreendedor. Atualmente, está muito mais ágil emitir um alvará não licenciado, cujo processo de emissão depende somente da prefeitura. A prefeitura, por sua vez, iniciou a emissão de alvarás não licenciados de forma on-line este ano – esse recurso será expandido também para os alvarás licenciados. Este processo de emissão é muito importante para atrair novos empreendimentos para o município e para gerar mais empregos. Através dele é concedida a legalidade de empresas e facilitação para o contribuinte exercer suas atividades econômicas na cidade”, afirma o secretário de Indústria, Comércio e Turismo de Resende, Tiago Diniz.

EMPREENDEDORISMO POR NECESSIDADE


Para a diretora de Micro, Pequenas e Médias Empresas da Serasa Experian, Fernanda Monnerat, o chamado “empreendedorismo por necessidade” realmente aparece como um fator relevante. “A grande representatividade de MEIs e os segmentos que lideraram a abertura mostram que têm muitas pessoas investindo em atividades com produtos e serviços de maior aceitação e consumo no dia a dia, o que demonstra mais a necessidade do que oportunidade”, frisa. Ainda segundo o Indicador Serasa Experian de Nascimento de Empresas, em 2018, o Brasil atingiu a marca de 2.064.430 de MEIs formalizados, correspondente a 81,4% das 2.534.785 de companhias criadas no país. Na comparação com 2017, (1.733.061), o crescimento foi de 19,1%. As Sociedades Limitadas responderam por 7,5% (189.076 nascidas) das empresas originadas em 2018, com alta de 4,4% em relação ao índice de 2017 (181.103 nascidas). Empresas Individuais tiveram uma participação de 5,5% (138.734 nascidas) e fecharam em queda de 12,3% frente ao acumulado de 2017 (158.163 nascidas). Já a criação de 142.545 empreendimentos de outras naturezas jurídicas revelou alta de 9,4% frente a 2017 (130.295 nascidas) e representou 5,6% das formalizações.

SETORES DE MAIOR ATIVIDADE

Entre os empreendimentos abertos de janeiro a dezembro do ano passado, os Serviços de Alimentação (8,2%) predominaram. Nas posições seguintes, figuram os Serviços de Higiene e Embelezamento Pessoal (7,5%), Reparos e Manutenções de Prédios e Instalações Elétricas (7,1%) e Comércio de Confecções em Geral (6,6%). Em Barra Mansa, a universitária Amanda Consuelo encontrou no setor de estética com depilação, manicure e pedicure, uma alternativa para ampliar a renda e pagar as despesas com o curso de Direito. “Eu já fazia de maneira informal aos finais de semana, apenas para amigas. Agora, atendo as amigas e as pessoas indicadas por elas. Como MEI posso ter acesso a benefícios como INSS”, conta a moradora do Boa Sorte. No município foram lançados em 2018 o total de 3.631 CNPJ para novos MEIs e outros 394 para empresas constituídas, totalizando 4.025 empresas.

O empreendedorismo por necessidade impulsiona novas empresas – Ilustração: Fábio Guimas

Nos três primeiros meses de 2019, a cidade de Barra Mansa Mansa contabiliza o 610 MEIs e aproximadamente 100 empresas, num total de 710 CNPJ constituídos. “Estamos buscando com o Governo do Estado a equiparação de incentivos fiscais com outros municípios do Estado do Rio de Janeiro para atrairmos novos investimentos para a cidade. Na busca pela geração de emprego e renda, estamos em contato permanente com empresas que estão querendo investir ou ampliar seus negócios no Sul Fluminense”, frisa o secretário de Desenvolvimento Econômico, Agnaldo Sebastião Raymundo. “Especificamente para os trabalhadores que são atendidos pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação, através do Catei (Centro de Atendimento ao Trabalhador e Microempresário Individual), desenvolvemos em parceria com a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, encontros de qualificação e aprimoramento profissional”, frisa.

Em Volta Redonda, segundo dados do Registro Mercantil Integrado (Regin), somente em janeiro de 2019, foram mais de 225 pedidos de alvará de novas empresas. São mais de 2.800 empresas abertas desde 2017. Na Costa Verde, a cidade de Angra dos Reis também tem destaque na criação de novas empresas. O setor de turismo incentiva diversas atividades, da venda de alimentos ao setor de serviços. Em 2018, somados os CNPJ de MEIs e micro empresas, foram criados 1.019 empresas. Atualmente, de janeiro a março são 268 empresas abertas no município. “A secretaria de Desenvolvimento Econômico, após diagnóstico em parceria com o Sebrae, criou um plano de ação, no início de 2018, para o desenvolvimento da Sala do Empreendedor que envolve melhorias na infraestrutura, metodologia de gestão dos processos e do atendimento bem como as reformulações na legislação. Este plano já está em desenvolvimento”, comenta Fabiana Rabelo, secretária interina de Desenvolvimento Econômico de Angra dos Reis. “O método foi definido, a equipe foi treinada e a infraestrutura necessária adquirida. Estamos aguardando a finalização da obra do novo espaço da Sala, que deve ficar pronto em um mês, para ampliar nossas ações e assim dar o upgrade necessário para que a Sala possa aumentar a sua produtividade”, informa.

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