RESENDE
Reprimir o tráfico de drogas e os delitos que ocorrem em sua consequência como roubos, furtos e homicídios; ampliar a conscientização do cidadão para que faça denúncias de crimes e também registre boletim de ocorrência nas delegacias, além de criar uma estratégia coletiva para o setor de segurança pública envolvendo as prefeituras da Região das Agulhas Negras. Estas são algumas das metas de gestão da nova comandante do 37º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Andréia Ferreira da Silva Campos, 47 anos. Desde o dia 2, a policial militar que tem 27 anos de carreira assumiu o comando do 37º BPM, em substituição ao tenente-coronel Rhonaltt Bueno Pereira. Ela é a primeira comandante da história do 37º BPM (Resende), que conta com efetivo de 357 policiais militares no policiamento ostensivo de Resende, Itatiaia, Porto Real e Quatis.
Com menos de 15 dias no cargo, a nova comandante do 37º BPM comentou projetos ao A VOZ DA CIDADE. “A troca de comando é um procedimento normal na corporação. Eu tenho 27 anos de carreira na Polícia Militar e antes de vir para Resende já comandei o 34º BPM (Magé) e também o Regimento de Cavalaria da Polícia Militar. Em Magé fiquei um ano e no Regimento de Cavalaria, dois anos. Antes de vir eu estava na Subsecretaria de Comando e Controle, no Rio de Janeiro. A minha vida profissional sempre foi ligada às unidades operacionais da Polícia Militar, desde que saí a Aspirante da Academia de Polícia Militar”, disse, comentando sobre a decisão de vir para Resende. “A determinação para assumir o comando do 37º BPM veio do comandante-geral e recebi com muita alegria. E encontrei uma unidade muito bem comandada pelo coronel Bueno, a unidade esta em terceiro lugar no estado no alcance dos índices de criminalidade e das metas estabelecidas pela Secretaria da Polícia Militar. Temos 357 policiais militares e acredito que este é o grande desafio do 37º BPM: ter mais policiais, fazer uma recomplementação do efetivo”, afirma a tenente-coronel Andréia Campos.
TRÁFICO DE DROGAS
Segundo a nova comandante, o combate ao tráfico de drogas é uma das ações principais do 37º BPM. Resende e cidades vizinhas registram incidentes constantes de apreensões e prisões de suspeitos de tráfico, além de homicídios e tentativas de homicídios atribuídos pelas autoridades policiais à guerra entre integrantes de facções criminosas. “Os dados com relação ao tráfico realmente são preocupantes. Quando ocorrem mais prisões e mais apreensão de material do tráfico, reduz também outros indicadores de violência na cidade. Com relação a esta guerra de facções, ela não se traduz em números, soube que num passado recente houve realmente alguns problemas com relação a facções criminosas, mas hoje eu diria que este problema está controlado, com base em número de letalidade que nós temos nos últimos meses. Atualmente, não temos nenhum dado de letalidade na área do 37º BPM como um todo, não somente em Resende”, frisa, lembrando que o serviço de inteligência será intensificado para promover novas apreensões de drogas e prisões de suspeitos, através do Serviço Reservado (P2) e denúncias através do 190.
Como estratégia contra o crime, a nova comandante pretende ampliar o patrulhamento nas ruas das cidades da região abrangida pelo 37º BPM.
Atualmente, a PM utiliza o sistema RAS (Regime Adicional de Serviço) que incentiva o PM em folga a complementar a renda de forma autorizada. “Temos o RAS como grande incentivo para ampliar a presença policial nas ruas, como já acontece no Centro e em Campos Elíseos, em Resende. São 15 policiais militares diariamente circulando pela região comercial de Resende, alguns trabalham nas motocicletas”, argumenta a comandante que espera ampliar a integração com as prefeituras e ter mais PMs nas ruas. “O relacionamento com o comandante Bueno já era muito bom, mas pretendemos estreitar ainda mais e alavancar alguns projetos que temos a propor aos prefeitos. Ter na região algo parecido com o programa Centro Presente, que atualmente existe no Rio de Janeiro. Assim, como o RAS é pago pela PM, colocaríamos mais policiais em atividade de forma voluntária nas ruas, mas com apoio das prefeituras”, propõe a comandante Andréia Campos.
Para defender esta proposta, ela conta com agenda com todos os prefeitos da região. “É uma ação que penso em propor aos prefeitos das cidades da nossa abrangência. No momento ainda estou me apresentando a eles, conhecendo, tendo ciência das demandas. Já estive com o prefeito de Resende (Diogo Balieiro), estarei com o prefeito de Quatis (Bruno de Souza) e depois com os prefeitos de Itatiaia (Eduardo Guedes) e de Porto Real (Aílton Marques)”, reforça a comandante que aposta no combate ao crime tendo a integração com a Polícia Civil, a partir do trabalho de todos os delegados das unidades das Agulhas Negras: Michel Florosch (titular da 89ª DP/Resende), Vicente Maximiliano (99ª DP/Itatiaia) e Marcelo Haddad (titular da 100ª DP/Porto Real). “Combater o tráfico e todos os demais delitos envolve integração. Aposto que o trabalho de intensificação de patrulhamento e baseamento de viaturas nas comunidades onde estão estas facções criminosas reduz a violência”, disse Andréia Campos.
OCUPAÇÃO CRIMINOSA NO INTERIOR
Com a repressão ao crime nas favelas e localidades do Rio e Grande Rio, o interior tem registrado a presença de integrantes de facções criminosas, sendo Angra dos Reis, na Costa Verde, um exemplo desta migração do crime para o interior. Nas Agulhas Negras, o comando do 37º BPM enfatiza que a situação é diferente, sem dados deste tipo de ocupação criminosa. Ela comenta sobre a ação do BPM para a área rural das Agulhas Negras. “Temos um trabalho junto à nossa 2ª Seção para que tenhamos informação sobre essa situação (possível deslocamento de marginais para a região). Mas, de antemão pedimos o apoio da comunidade: viu alguém estranho, alguma atividade estranha, que nos comunique para verificarmos imediatamente”, adverte a comandante. Neste caso, o cidadão pode utilizar além do 190 ou telefone (24) 3360-0112 do Serviço Reservado do 37º BPM.
Quanto às localidades turísticas da região, como Visconde de Mauá e Penedo, o comando do 37º BPM reforça que as vítimas de qualquer delito devem comunicar o crime. “Precisamos saber de todos os crimes nas áreas turísticas, o morador pode nos ajudar. Atualmente não temos uma mancha criminal nestas áreas que justifique uma mudança no sistema de patrulhamento que adotamos. Mas, se ocorrem crimes eles precisam chegar até nós, sem informação não podemos traçar planos. A população tem que nos auxiliar com denúncias e registros dos crimes”, ressalta a tenente-coronel Andréia Campos.
PATRULHA MARIA DA PENHA
Outra ação do 37º BPM será a repressão à violência contra a mulher com a ‘Patrulha Maria da Penha’, uma viatura caracterizada que será utilizada nas quatro cidades da região. “Esse foi um ajuste de conduta entre a Secretaria de Estado de Polícia Militar e o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. As guarnições que vão trabalhar nesta Patrulha Maria da Penha precisam acompanhar as medidas protetivas emanadas pela Justiça. A mulher que foi vítima de violência e tem uma medida protetiva deferida pelo juiz terá a nossa guarnição acompanhando se tudo corre bem, se não sofre ameaça, visita do ex-companheiro, por exemplo. Não obstante, a toda mulher vítima de violência pode ligar para o 190 e que todo efetivo e viaturas está de prontidão”, pondera.
A viatura da Patrulha Maria da Penha permanece no pátio do 37º BPM, os policiais da guarnição precisam realizar curso, o que deve acontecer até o fim deste mês. “Em setembro a Patrulha Maria da Penha já deve estar circulando pela região, atendendo os quatro municípios”, projeta a tenente-coronel Andréia Campos.