Lembro como se fosse ontem, eu tinha 14 anos e acabado de começar o 2º grau (Ops! Acho que entreguei minha idade), ou melhor, o Ensino Médio. No terceiro dia de aula esperava meio entediada a tal aula nova de Filosofia, achei que seria uma grande chatice, eu tinha todo estereótipo da aluna que iria detestar essa matéria. De repente entrou na sala uma professora toda descolada, super legal, com uma aula divertidíssima que abordava a famosa frase do Descartes: “Penso, logo existo”. A partir daí foi amor à primeira vista, me apaixonei por Filosofia e sabia que ela acompanharia em qualquer profissão que viesse a escolher. Conheci vários pensadores, até que eu fui apresentada a Platão, e suas idéias mudaram radicalmente minha relação com o dinheiro.
Platão nasceu no século IV a.c., ao longo de sua vida dialogou sobre temas muito importantes e fundou a academia de Atenas que foi a primeira instituição de ensino superior do mundo ocidental. Dentro de todos os pensamentos difundidos por ele, separei um que vai nos ajudar a deixar de ser dominado pelo dinheiro de uma vez!
O discurso de Platão sobre o amor, Eros, é bem abrangente, mas resumidamente, a gente ama, ou deseja o que não tem, e o amor/desejo acaba imediatamente após o fato de ter. É impossível desejar o que já se tem, e essa é uma porta para o consumismo. Desejamos enlouquecidamente algo e esse desejo nos desperta força, interesse, move a nossa vida. Quando realizamos o que tanto pretendíamos, está na hora de dar lugar a um novo desejo pra que a vida tenha emoção de novo. De desejo em desejo isso vai se tornando um ciclo vicioso, a gente nunca deixa de querer algo a mais, e acha normal porque crescemos ouvindo que “ser humano nunca está satisfeito”, assim, vai aumentando a fatura do cartão de crédito, os empréstimos contratados, as dívidas, tudo em nome da satisfação. Com o tempo, tudo é questão de hábito, você estará cada vez mais desejante e pra não passar por frustrações, que algo totalmente capaz de nos deixar bem pra baixo, vai usando todo seu salário, seu tempo, sua energia para ter o novo objeto de interesse. Desejar algo não é errado, de fato move a nossa vida, mas viver só de desejar pode ser uma armadilha enorme. Acrescentar a cada conquista um período de satisfação e reflexão pelo que foi alcançado te deixa feliz por mais tempo, sem necessidade de ter um novo desejo ou conquista e gastar mais por isso. Hoje em dia o termo “gratidão” ficou banalizado, chega ser chato, #gratidão pra lá, #gratidão pra cá, mas de fato parar, refletir sobre a alegria da conquista e agradecer a você mesmo te ajuda a consumir menos.
Acho que a resposta para conseguir construir uma vida financeira saudável, é nossa habilidade de lidar com frustrações. Sempre haverá algo que não podemos comprar se não for por falta de dinheiro vai ser por outra escassez, e não se deprimir com isso te faz cada vez mais resistente as tentações do consumismo. Vamos aprender a dominar nossos desejos. Além de menos endividados, vamos ser mais felizes. Como diz Lou Marinoff: “Mais Platão, menos Prozac”.