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‘Janeiro Branco’ visa conscientizar população acerca dos cuidados com saúde mental

Por Franciele Aleixo
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BARRA MANSA

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Criado em 2014 em Minas Gerais, o Janeiro Branco é uma campanha que objetiva mobilizar a sociedade em favor da saúde mental, mudando a compreensão cercada de tabus sobre a saúde mental e promovendo mais possibilidade de ações a todos os indivíduos e a sociedade como um todo.

A iniciativa pretende mobilizar a sociedade em favor da saúde mental. O assunto é pouco discutido pela sociedade e ainda há muito tabu em volta do tema. A ideia nasceu do número crescente de casos de depressão, ansiedade, fobias, pânico e até agressividade e desrespeito.

Pelo segundo ano consecutivo, a Prefeitura de Barra Mansa, através da Secretaria de Saúde, promove a campanha ‘Janeiro Branco’. A iniciativa visa conscientizar a população sobre a importância dos cuidados com a saúde mental e fortalecer o Centro de Atendimento Psicossocial (Caps). Durante todo o mês, psicólogos do Núcleo de Atendimento à Saúde da Família (Nasf) vão desenvolver nas 39 Unidades de Saúde da Família (USF) do município e no Hospital da Mulher atividades com dinâmicas para discussão, reflexão e troca de experiência sobre o tema.

Sob o tema ‘Quando a boca cala corpo fala e quando a boca fala o corpo sara’, durante todo o mês, os profissionais do Nasf e da Equipe Saúde da Família (ESF) vão trabalhar a campanha nos grupos de atividades corporais, de convivência e das linhas de cuidados – hipertensos, diabéticos, alimentação saudável, dentre outros, reforçando a busca por uma saúde plena, corpo e mente sã. “A ação visa aproximar a população da psicologia, hoje em dia, a maioria das pessoas procura ajuda profissional quando a crise está instaurada. Existem tabus e paradigmas a serem quebrados. Um exemplo disso, é a resistência do público masculino em procurar ajuda psicológica”, destaca o coordenador do Nasf, Wesley Abel Mariano.

Ele ainda destaca que o objetivo da campanha é colocar o assunto em máxima evidência. “A maior parte das pessoas vivencia a correria do dia a dia, sem tempo sequer para o autoconhecimento. Outra agravante está associada à busca constante do prazer e da felicidade, comportamento determinado pelas redes sociais e a sociedade de consumo, onde o ter se sobressai sobre o ser. Está na hora de rever esses paradigmas e deixar que a vida flua no seu próprio ritmo. Dessa maneira é possível iniciar um processo de prevenção ao adoecimento emocional. Saúde não é só física”, ponderou Wesley.

ATIVIDADES

Na próxima quinta-feira, dia 17, estão previstas ações no Hospital da Mulher, através da Assistência Social da unidade, acontecerão abordagens nos leitos para triagem de possível depressão pós-parto, distúrbios de ansiedade e outras situações emocionais que envolvem a mulher, além da sala de espera trazendo a importância da saúde emocional da mulher.

Para o subsecretário de Saúde, Silvio Daniel, a campanha faz com que as pessoas reflitam sobre o sentido e o propósito de suas vidas. “É preciso explorar dessas pessoas o quanto elas conhecem sobre si mesmo, suas emoções, seus pensamentos e seus comportamentos”, explicou o subsecretário.

Na última semana a Prefeitura de Barra Mansa, através da Secretaria de Saúde, realizou uma série de atividades em prol da campanha na Praça da Matriz, no Centro. A ação que contou com oficina de música, fuxico e pintura e atendeu cerca de 600 pessoas que passaram pelo local e se informaram sobre a campanha. Os profissionais do Espaço Reviver, Centro de Atenção Psicossocial (Caps), Caps Infantil e Residência Terapêutica participaram orientando, panfletando e atendendo o público.

A coordenadora geral da saúde mental, álcool e outras drogas, Maria Elvira da Cunha, destaca que o município investe nesse trabalho de saúde mental durante todo o ano, mas com a campanha em evidência, se torna um meio mais fácil de divulgar e alertar a população sobre esse cuidado com a mente. “No geral temos uma boa cobertura em saúde mental na região do Médio Paraíba. Barra Mansa explora e investe pesado tanto em tratamento quando na prevenção de possíveis casos que possam evoluir dependendo da gravidade”, contou a coordenadora.

Ela ainda informa que a Organização Mundial da Saúde (OMS) determina que a saúde mental seja parte integrante da saúde; não há saúde física sem saúde mental. “Já é comprovado que AVC, infartos e doenças crônicas como tabagismo, diabetes, obesidade, hipertensão tem uma raiz na saúde mental. É preciso buscar o tratamento aos surgirem os primeiros sinais”, destaca acrescentando os principais sintomas: Dificuldade para superar perdas ou problemas, isolamento social, choro sem motivos e ansiedade.


No município cerca de duas mil pessoas estão em tratamento por conta de transtornos graves como psicose, esquizofrenia, neuroses graves e autismo. Já os casos brandos como depressões e ansiedades somam cerca de 800 pessoas em tratamento. “Hoje a porta de entrada para tais tratamentos são as 39 Unidades de Saúde da Família (USF), as policlínicas ou ainda a Unidade Básica de Saúde (UBS) Centro. É importante ressaltar que não há fila de espera para tais tratamentos”, aponta.

Outro dado importante apresentado pelo o coordenador do Nasf são os crescentes casos de automutilação em adolescentes. “Crise financeira e as mídias estão entre os motivos para tais mutilações. O Nasf conta com um Programa de Saúde nas Escolas que norteia as orientadoras educacionais a perceberem tais sinais e encaminharem para ajuda especializada. O Janeiro Branco chama a atenção para tudo isso e como a rede de atendimento pode ajudar”, citou.

Onde procurar ajuda

Centro de Atenção Psicossocial (Caps)- A unidade atende mais de 1,5 mil pessoas com os mais diversos tipos de transtornos mentais e em quadros depressivos. Ainda segundo a coordenadora, a realização de atividades externas é fundamental para que os pacientes se sintam parte da sociedade.

Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (Capsi)- O espaço recebe crianças e adolescentes de zero a 18 anos de idade e o maior objetivo do trabalho desenvolvido é inseri-los na sociedade e, acima de tudo, evitar futuras internações. Noventa por cento dos pacientes estão matriculados em escolas da rede, que conta com quatro profissionais especializados em saúde mental e fazem a integração entre a unidade escolar e o Capsi.

Espaço Reviver-Atualmente conta com 500 usuários cadastrados e diariamente atende cerca de 50 pessoas. O espaço é voltado para dependentes de álcool e outras drogas em tratamento e conta com uma equipe formada por psicólogo, psiquiatra, enfermeiro, terapia ocupacional e médico clínico geral.

A dona de casa A.R.A, de 55 anos, moradora do bairro Cotiara, disse que participa do Espaço Reviver a mais de cinco anos e está a dois anos e meio sem ingerir álcool e o uso de drogas. “A luta é grande, temos que enfrentar nossos próprios demônios diariamente, mas temos o apoio e incentivo de toda equipe que nos auxilia da melhor forma possível. Durante quase toda minha vida no álcool perdi muito, mas o que mais me doeu foi o desprezo do meu filho. Hoje eu estou recuperando o carinho e respeito dele. Isso é o que mais me dá forças nessa caminhada”, concluiu a dona de casa.

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Saiba dar os nomes corretos para os seus sentimentos

De acordo com o psicólogo Renan M. Souza, em algum momento na vida você já deve ter pensado ‘não sei por que estou sofrendo’ ou ‘não consigo entender o que está acontecendo comigo’. Ou quem sabe até já disse ‘não dá pra mandar no meu coração’. “Isso acontece porque você ainda não conseguiu entender a sua afetividade como deveria. Este é um tipo de auto conhecimento realmente necessário para amadurecer e ter uma boa saúde mental”, explica.

Renan explica que ao contrário do que se possa imaginar a razão não se equipara e nem se opõe ao afeto. “Na verdade o afeto (e outras faculdades) faz parte da razão que é uma faculdade maior. Existem mais de 300 tipos de sentimentos, alguns deles são mais claros e fáceis de identificar, já outros são mais sutis”, disse.

Ele aconselha a fazer constantemente o exercício de se observar. “De vez em quando pare e observe o que você está sentindo naquele momento, tente dar o nome correto para o sentimento e diferenciá-lo dos outros sentimentos. Você pode estar se confundindo sobre os seus sentimentos e nem ter se dado conta disso. Pode parecer a primeira vista algo sem importância, mas uma das principais coisas que o psicólogo faz em uma terapia é ajudar o paciente a compreender os próprios sentimentos. Na prática isso faz uma diferença enorme e ajuda muito a resolver os problemas”, citou.

Ele destaca que aos primeiros sinais de problemas ou a busca pela melhoria é aconselhável procurar ajuda psicológica. “Há casos onde o paciente procura ajuda por querer melhorar de vida, mas não consegue sozinho, ou ainda por não ter problemas, mas não está satisfeito com a vida atual. E também tem, é claro, os casos onde há algum sofrimento. Pode ser alguma coisa que já está constante na vida como uma depressão ou outra patologia, ou pode ser a ajuda para superar um momento difícil, como a morte de um ente querido, o divórcio”.

Ele aponta que a maioria dos casos poderia ser resolvido antes de se tornar grave, apenas com uma boa terapia ou uma boa sessão de aconselhamento psicológico. “Na vida é impossível escapar da dor e do sofrimento, mas é possível aprender a reagir de forma saudável a essas desventuras. Os traumas e as violências sofridas não nos definem, e não determinam como será a nossa vida a partir do dia atual. Podem até se tornar elementos que nos deixam ainda mais fortes, as doenças mais graves e os problemas sem solução, seja em algum ente querido, ou seja, em nós mesmos, são oportunidades para exercitarmos inúmeras virtudes, como o amor, a paciência, a humildade, a esperança”, finaliza.

 

 

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