VOLTA REDONDA
A Associação de Pais de Autistas e Deficientes Mentais (Apadem) é uma referência no trabalho da acolhida e orientação dos responsáveis pelos autistas no município. Prova disso são os vários eventos que a entidade promove durante o ano com a finalidade de conscientizar a população sobre o autismo, Transtorno do Espectro (TEA). Para este domingo, dia 3, a Apadem programou a 11ª Caminhada de Conscientização do Autismo. A concentração para a caminhada está marcada para às 9 horas, na Praça Brasil, no bairro Vila Santa Cecília.
O evento, cujo tema é “Não é sobre esperar a tempestade passar. É sobre aprender a dançar na chuva!”, é uma comemoração ao Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado no dia 2 de abril. A data foi criada no ano de 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de levar informação à população para reduzir a discriminação e o preconceito contra as pessoas que apresentam o autismo.
MÃE DE AUTISTA
A colaboradora do Movimento Pela Ética na Política (MEP), Carla Nery, mãe de três filhos, sendo Giovanna Nery, de 22 anos, com síndrome de west e autista, destaca a importância de celebrar a data. “O meu apelo e alerta é que o autismo exige olhares e atitudes amorosas. Lamentavelmente temos assistido muita discriminação e preconceito”, declarou.
Ana destacou que, conscientizar, levar conhecimento e informação sobre o autismo nas suas variedades é muito importante para que os autistas e seus familiares tenham nas pessoas um retorno, empatia e respeito. “Acredito que o cumprimento das leis dos autistas, como uma delas que é o símbolo da campanha, o ‘lacinho com quebra cabeça’, determina que o autista tenha prioridade no atendimento”, explicou a mãe de
Giovanna Nery, lembrando da Lei Federal Lei nº 6.945/2021. “Muitos dos autistas não aguentam esperar atendimento. A espera vira um sofrimento e desencadeia crises”, completou Ana Carla Nery.
AMOR e EDUCAÇÃO
Há vários tipos de autismos, e na sua variedade, o cuidado e o amor fazem desenvolver talentos importantes. Em 2019, um adolescente com habilidades intelectuais fantásticas, depois de bem acolhido em uma escola pública do município estudou no Pré Vestibular Cidadão do MEP.
A mãe do adolescente revelou que descobriu o autismo quando o filho tinha de 3 para 4 anos de idade. “O meu filho, hoje com 20 anos, evoluiu muito, graças a Deus, aos tratamentos e apoios. Agradeço ao MEP, à escola e aos professores que sempre apoiaram e o ajudaram no processo, mesmo eu tendo demorado na revelação, por conta de preconceitos”, declarou a mãe, que preferiu não e identificar e não dar o nome do filho a pedido do jovem. Atualmente, o jovem segue seus estudos em uma universidade pública de Volta Redonda.
INCLUSÃO DO AUTISMO NO CENSO DO IBGE
A presidente da Associação de Amigos do Autista de Volta Redonda, Gisele Montenegro, e mãe de um autista severo destacou em uma entrevista à Agência Brasil que a inclusão do item sobre autismo no Censo do IBGE, conhece o panorama sobre o autismo na população brasileira que poderá ajudar na elaboração de políticas.
Declarou ainda que a falta dessas iniciativas voltadas para autistas e famílias de pessoas do espectro autista passa a sensação de abandono. “Lembro-me bem da pouca interação do rapaz com os colegas de sala, conversava basicamente somente com um colega mais maduro da turma. As suas habilidades na escrita e nos cálculos era perceptível”, contou a mãe.
OUTRO ASPECTO
Outro aspecto importante ficou evidenciado na declaração da musicista, Ana Elisa de Almeida Gomes, professora de música. “Através da musicoterapia e o ensino interdisciplinar é possível inserir a criança autista no universo musical, experimentar texturas, ouvir diversos instrumentos, cantar, linguagem e vocabulário, além de tocar e sentir os instrumentos de perto”, relatou Ana Elisa, proprietária de uma escola de música em Volta Redonda.
Na mesma linha de pensamento, Ana Beatriz Andrade, ex-aluna do MEP em 2021, atriz e estudiosa de piano e violão, atualmente na fila de espera para cursar música na UNIRIO, realiza trabalho musical com autista em uma escola particular. A aprendiz revelou seu encantamento no trabalho com as crianças autistas. “É sensacional estar com eles. Aprendo muito”, concluiu a jovem educadora.