RESENDE
Uma reparação histórica para Resende foi promovida na noite de terça-feira, pela Câmara Municipal, quando os vereadores aprovaram, por unanimidade, uma Moção de Repúdio pela chacina ocorrida na Cadeia Pública local, em 1884, tendo como vítimas três negros escravizados – Agostinho, Amâncio e Estêvão, acusados de terem assassinado um fazendeiro. A moção, lida durante sessão ordinária, tem como autor o vereador Wilson Nunes Duarte Júnior, o professor Wilson (PL), presidente da Comissão Parlamentar Permanente de Promoção e Igualdade Racial. A sessão contou com a presença do diretor do Arquivo Histórico Municipal, Ângelo Tramezzino, além de várias lideranças do Movimento Negro em Resende e de simpatizantes da causa.
Para professor Wilson, a aprovação da Moção (número 065/2023) representa mais do que uma reparação histórica. “Também é um chamamento da sociedade à reflexão quanto às questões como crime de racismo, e de igualdade entre as pessoas. Nós, como representantes públicos, principalmente, temos que conhecer bem a fundo a nossa história e contribuir para ela chegue ao conhecimento da população da maneira que merece ser contada, pois representa a memória de Resende”, salientou o vereador.
Durante a votação, o parlamentar Wilson fez questão de ressaltar que após a chacina, registrada na madrugada de 30 de abril, há 139 anos, um vereador da época, Dr. Gustavo Jardim, apresentou na Câmara uma Moção de Repúdio àquele ato de violência. Porém, a iniciativa acabou rechaçada pelo então presidente da Casa, sob a justificativa de que “não constituía objeto de liberação”, decisão que foi acompanhada pelos demais vereadores.
Segundo foi noticiado pela imprensa local, regional e até da capital, Agostinho, Amâncio e Estêvão se encontravam presos na Cadeia Pública, que funcionava no andar térreo o prédio localizado no Paço Municipal, no Centro Histórico, onde também ficava a Câmara Municipal. Relatos dão conta de que na madrugada do crime, as vítimas foram arrancadas violentamente da cela e esquartejadas em praça pública por um grupo de homens, que em seguida deixou a cidade.
Ainda na sessão de ontem foi lido o projeto de Lei, também de autoria do professor Wilson, que cria o Dia e a Semana Municipal de Luta Contra o Racismo, a serem comemorados em abril, em memória das vítimas da chacina.