BARRA MANSA
Frio, dias cinzentos e mais curtos, que se traduzem em menos luz. Esta é a caracterização de um dia tipicamente invernoso. Para algumas pessoas, é mais do que isso: é sinônimo de mal-estar patológico. Um desses problemas que podem surgir é a depressão sazonal.
Ela afeta, sobretudo, os países do hemisfério norte, não escolhendo idade, sexo ou posição socioeconômica. Contudo, é mais comum na idade adulta e no sexo feminino, apesar de ser mais acentuada nos homens. Há ainda quem tenha maior probabilidade de desenvolver por uma questão genética.
PORQUE ACONTECE?
Ainda não existe uma causa explícita para esta doença, mas acredita-se que tenham uma correlação com a distância da Linha do Equador por causa do tempo de luz. Assim, quando a órbita do sol se torna mais baixa e as horas do dia mais curtas, maior a incidência da depressão sazonal.
A luz influencia o relógio biológico. Por isso, quando existe uma baixa de luminosidade, há uma quebra na produção de serotonina – um neurotransmissor do cérebro, conhecido como o hormônio da felicidade, que afeta o humor. E quanto menos serotonina, maior a tendência para a tristeza e depressão. Além desta, a luz influencia ainda a melatonina, associada ao sono. Como no inverno as noites são maiores, os níveis desta hormônio aumentam, o que se traduz em fadiga e falta de energia, ambos sintomas da depressão sazonal.
Não sendo esta uma patologia apenas de inverno, pensa-se que quando ocorre noutras alturas do ano tenha que ver com o ambiente onde as pessoas vivem: mais sombrio e com pouca luz natural.
De acordo com o psicólogo Renan M. Souza, para saber se você realmente tem depressão é fundamental que você se consulte com um bom médico psiquiatra ou com um bom psicólogo, para que possam realizar uma avaliação diagnóstica e, se for o caso, propor um tratamento adequado. “Porém um observador atento pode perceber alguns sinais em si mesmo ou em pessoas com quem convive. Esses sinais são as alterações do sono, apetite, humor, diminuição da disposição para atividades, relacionamento social (maior isolamento) e diminuição da capacidade de resolução dos problemas do cotidiano. Se houver a persistência desses sinais, seja no inverno ou não, procure atendimento com um profissional”, destaca.
Ainda de acordo com ele, é muito importante neste processo diagnóstico perceber quais são os comportamentos típicos do inverno, diferenciar dos reais sintomas de uma depressão sazonal e, da mesma forma, conseguir diferenciar a depressão da tristeza, porque são coisas bem diferentes, mas às vezes algumas alterações comuns se apresentam de forma muito parecida com os sintomas da depressão.
SINTOMAS
Sintomas mais comuns da depressão sazonal: Falta de energia, problemas de concentração, fadiga, grande apetite, enorme vontade de ficar sozinho, grande necessidade de dormir, aumento do peso, mau humor, irritabilidade.
Por sua vez, quando a depressão sazonal se reflete na primavera ou no verão, os sintomas são: Falta de apetite, insônias, perda de peso, diminuição da libido e ansiedade.
Para o psicólogo, primeiro entenda que existe diferença (simplificando) entre tristeza, episódio depressivo e depressão crônica, onde o tempo e a intensidade dos sintomas é importante para categorizar. Entenda também que o correto diagnóstico tem que ser feito por um profissional capacitado (um bom psiquiatra ou um bom psicólogo) e, na dúvida, é bom você tratar desse assunto com seriedade e buscar ajuda. “É importante que se entenda que existe diferença entre tristeza, episódio depressivo e depressão crônica, com diferenças marcadas principalmente no tempo e na intensidade dos sintomas. E também que o correto diagnóstico tem que ser feito necessariamente por um profissional capacitado. Trate desse assunto com seriedade e não deixe de buscar ajuda”, pondera.
TRATAMENTO
Renan destaca que para ajudar a prevenir a depressão é preciso cuidar bem do seu corpo, ou seja, deve cuidar da qualidade da sua nutrição, tomar sol, banho frio, praticar atividades físicas regulares, evitar a obesidade e prezar pela qualidade do seu sono. A carência de nutrientes e vitaminas é uma causa muito comum da depressão e todas essas dicas servem para que o corpo metabolize essas importantes substâncias. “É praticamente uma receita para a felicidade – siga essas quatro prescrições: (1) aproxime-se da beleza, da bondade e da verdade, através da contemplação, da caridade e do estudo; (2) busque atividades onde você sinta prazer e alegria; (3) quando estiver triste e angustiado buque alguém – um amigo, uma pessoa de confiança ou mesmo seu psicólogo – para conversar e se expressar sobre o que está sentindo, até mesmo chorando, se assim for conveniente; (4) medite sobre o sentido transcendente do sofrimento e da vida”, sugere, acrescentando que corpo e mente são como duas asas de um pássaro e se uma delas vai mal, a outra vai cair junto com o pássaro.