A morte de Zagallo completou a perda de todos os fantásticos craques que iniciariam o ciclo das conquistas mundiais da seleção brasileira. É perfeita, portanto, a frase do amigo e leitor Álvaro Freitas que pesquisou a foto acima: “- Nenhum deles está mais entre nós. Só resta agradecer pelo que fizeram pelo nosso futebol.”
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Desse grupo, Bellini ganhou uma estátua, Nilton Santos virou nome de estádio, Orlando esteve em Barra Mansa acompanhando Coronel, Garrincha atuou nas partidas de exibição em cidades da região, Pelé foi a estrela mais famosa e Zagallo, sem dúvida, o mais carismático de todos eles.
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Zagallo sempre foi muito atencioso com os companheiros da imprensa, mesmo quando era necessário manter sigilo de algum fato. Uiara Araújo estava na Rádio Tupi e pressentindo que o técnico Zagallo seria demitido do Flamengo, depois de duas derrotas seguidas para times pequenos, tentou o “furo” com o velho lobo.
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“- Zagallo, você foi demitido depois do jogo de hoje? Foi? Silêncio! Pô Zagallo, estou começando nesse trabalho, não posso ser furado. Não faz isso comigo, não”. Zagallo então respondeu. Uiara, não posso responder essa pergunta. Mas quero lhe dizer que foi uma grande honra trabalhar com você. Esperto, Uiara compreendeu que indiretamente recebera a resposta. Em primeira mão, deu a notícia da demissão às 3 da madrugada, hora em que haviam conversado.
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Dário de Paula, também na Rádio Tupi, conviveu com ele na cobertura da Mini-Copa em 1972. “- Apesar de toda a importância que teve para o futebol mundial, era de uma enorme humildade. Certa vez, Zagallo conversava com Walter Cardoso quando alguém se aproximou pedindo autógrafo. Cardoso ofereceu sua caneta para Zagallo. A esferográfica não tinha tinta e não houve autógrafo. Gozador, Zagallo brincou: Canetinha boa, heim!?”
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Em Portugal, onde reside hoje, Manoel Alves faz uma conclusão bonita sobre Zagallo: “- Um gênio! Me fez torcer por América, Flamengo, Botafogo, Fluminense e Vasco. Me fez apaixonado torcedor pela seleção brasileira onde foi brilhante representante como atleta, treinador e coordenador técnico”.
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Sérgio Luiz diz que Zagallo gostava do futebol do interior do Rio que, no finalzinho dos anos 60, através do Royal e do Central, ambos de Barra do Piraí, eram os clubes profissionais mais respeitados do interior fluminense. O Royal, inclusive, na preparação para a Copa do Mundo de 1970, empatou de 2 a 2 com a seleção brasileira em jogo treino realizado em Teresópolis.
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Sentadinho na cabine, longe dos vestiários, os narradores nem sempre tem esses frequentes encontros como os repórteres têm. Mas tive esse privilégio duas vezes. Uma vez no Maracanã e outra na Copa do Mundo, na França. Com firmeza, posso declarar que concordo com os relatores que me antecederam.