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Programa de acompanhamento ao bicho-preguiça acontece no Parque Centenário

Por Andre
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O programa de Estudo, Manejo e Conservação do Bicho-Preguiça teve início no fim do mês passado. Com ações que fazem parte do monitoramento anual da população de animais que vivem no Parque Centenário, no Centro, o trabalho dura cerca de 60 dias e visa coletar dados para pesquisas científicas, bem como avaliar o estado de saúde dos bichos-preguiça que vivem naquela área urbana por meio de biometria, pesagem e realização de exames.

Segundo a bióloga, pesquisadora e fundadora do projeto ‘Preguiça Barra Mansa’, Shery Duque Pinheiro, o grupo de trabalho existe há 19 anos e além do acompanhamento dos animais, busca promover uma educação ambiental junto à sociedade. “Aquele ponto não é o habitat natural delas, o lugar delas não é ali, foram levadas para o Parque Centenário e se adaptaram. As pessoas precisam entender que a preguiça é um animal silvestre, que não gosta da presença humana, não pode tocar no animal, tirar foto, porque para eles é uma situação desagradável que provoca estresse. Por exemplo: quando um bicho-preguiça levanta a pata, as pessoas acham que ele está interagindo, mas na verdade está tentando se defender, mantendo-se em uma posição de ataque. Então o ideal é que quando o animal estiver assim, ou no solo, quando descem para defecar, as pessoas não façam fotos, selfies, porque isso acaba estimulando esse comportamento em outras pessoas também e contribuindo ainda mais para o estresse. Nossa intenção é propor um plano de educação ambiental para que as pessoas saibam como lidar com as preguiças, porque elas são animais silvestres frágeis e precisamos conhecê-los para valorizá-los e respeitá-los como a qualquer outro animal da fauna brasileira”, comentou.

PLANO DE MANEJO

A especialista revelou que para o bem-estar da população de bichos-preguiça, o programa também espera executar um plano de manejo. “Vamos propor ao Conselho Municipal de Meio Ambiente de Barra Mansa (Condema) e ao Conselho Parque Centenário a liberação de recursos para, a médio/longo prazo, podermos executar o plano de manejo que envolve desde a melhoria das condições no parque até um projeto piloto de translocação desses animais para áreas onde eles possam ter uma maior qualidade de vida, mas isso não é simples”, disse Shery, informando que a flora do Parque Centenário é muito diferente da nativa.

“Esses animais foram retirados de seu habitat natural e se adaptaram a essas condições; a vegetação do parque é exótica, com algumas espécies de árvores originárias da Ásia. Eles se alimentam ali no parque principalmente de Figueiras, então se forem transferidos para algum lugar não saberão identificar o que comer, porque estão acostumados com aquele tipo de alimento, e podem acabar morrendo de fome”, completou.

POUCO ESPAÇO PARA MUITA PREGUIÇA

A especialista lembrou que hoje são cerca de 20 bichos-preguiça no Parque Centenário, o que é considerado uma superpopulação da espécie. Segundo a pesquisadora, cada animal precisa viver em um espaço de, em média, um hectare, mas o Parque Centenário tem quase isso: 9 mil m² para 20 deles. Além do pouco espaço, a pior situação ocorre pelos efeitos que a ação do homem provoca na espécie. “Muitos bichos-preguiça sofrem com o estresse crônico causado pela poluição sonora, do ar, a fuligem nas folhas, o contato com a população humana e também com animais domésticos. Temos estudos que mostram que as mães de bichos-preguiça têm abandonado os filhotes, dois, três meses, antes do esperado o que acaba provocando uma alta mortalidade infantil na população”, apontou a bióloga.

Shery destacou que a translocação desses animais não é simples, já que o novo local onde viverão precisa ter uma área de mata preservada, com grande oferta de alimento, onde os bichos poderão se deslocar livremente e principalmente sem a presença do homem. “No Parque Centenário já tivemos casos de morador de rua pegar um filhote de preguiça dizendo que iria fazer um churrasco com o animal e nós tivemos que impedi-lo. A proteção do parque é realizada pela Guarda Municipal e constante o parque fica desguarnecido pela insuficiência de efetivo, ou seja, os animais não têm a devida proteção. No plano de translocação a meta é selecionarmos possíveis locais de soltura, fazendas com área de mata bem preservada e cuja flora contenha espécies que sirvam de alimento”, afirmou Shery. Atualmente a maioria dos animais no Parque Centenário morrem vítimas de pneumonia ou pela queda das árvores.

FALTA DE INFORMAÇÃO E BAIRRISMO

Shery revelou que as preguiças de Barra Mansa sofrem até mesmo com um bairrismo. Ela destacou que poucos sabem, mas os animais são oriundos das áreas de mata entre Rio Claro e Angra dos Reis. “Existem algumas pessoas que criticam a nossa ideia de fazer a translocação desses animais, com o argumento de que eles são patrimônio de Barra Mansa, mas as preguiças foram trazidas para cá, não são daqui. Nós estimamos que elas estão na cidade desde 1926, quando foram capturadas da Serra do Mar e trazidas para a cidade. Se reproduziram e houve um aumento da população, também foram trazidos novos indivíduos ao longo das décadas de 70 e 80, um deles, foi Mário que morreu em 2013, e nós estimamos que ele tenha vivido entre 43 e 46 anos”, disse.


O programa de Estudo, Manejo e Conservação do Bicho-Preguiça conta com uma equipe de profissionais formada por quatro biólogos e dois veterinários; além disso, conta com a participação de voluntários e estagiários dos cursos de Biologia e Medicina Veterinária do Centro Universitário de Barra Mansa (UBM), Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cederj), UGB-FERP (Centro Universitário Geraldo Di Biase) e AEDB (Associação Educacional Dom Bosco).

A HISTÓRIA DO ‘JARDIM DAS PREGUIÇAS’

Por abrigar os bichos-preguiça por tanto tempo, segundo historiadores desde 1948, a história do Parque Centenário se mistura com o tempo em que elas estão ali naquela área. Mas nem sempre foi assim. Tendo sua obra concluída em 7 de setembro de 1880, o Jardim Municipal, como era chamado na época, teve seu projeto de construção assinado pelo botânico francês Auguste François Marie Glaziou, paisagista que está ligado à maior parte dos projetos ocorridos na Corte durante o Segundo Império, como as reformas do Passeio Público, da Quinta da Boa Vista e do Campo de Santana.

Em 1911, o Jardim Municipal passa a ser denominado Parque Municipal e uma nova reforma é iniciada; os primitivos bancos de madeira foram substituídos por bancos de pedra, a grade foi pintada, os caramanchões reparados, calçadas foram construídas no entorno do parque e a energia elétrica foi instalada.

No fim da década, os caramanchões e as grades de ferro foram retirados, mas, sem dúvida, a obra de maior impacto foi a construção do coreto, que proporcionou o início das apresentações musicais no parque.

No dia 3 de outubro de 1932, data em que Barra Mansa completou 100 anos de emancipação político-administrativa, foi inaugurado o monumento em homenagem a data magna, composto por um pedestal de granito com um águia no topo, feita em mármore de Carrara, de autoria de Benevenuto Berna.

Em 1949, o parque foi novamente remodelado, quando a principal ação foi à construção dos atuais pórticos de entrada. O formato atual do parque foi projetado pelo renomado paisagista brasileiro Roberto Burle Marx, em 1992, ano que também foi inaugurado o busto em homenagem ao fundador de Barra Mansa, Custódio Ferreira Leite, o Barão de Ayuruoca.

Em 6 de novembro de 2015, foi decretado como unidade de conservação municipal. No mesmo ano, visando à reposição de árvores que foram cortadas por gerar risco de queda, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável criou o projeto Sub Bosques que plantou aproximadamente 1000 mudas nativas da Mata Atlântica.

Em 2017 foi criado o Conselho Gestor composta por 12 instituições formadas pelo poder público e civil. O parque é o local escolhido por praticantes de caminhada e outras atividades físicas, além de visitas guiadas com escolas e apresentações culturais. Atualmente, além das preguiças, o parque conta com seis saguis, três marrecos, seis cotias, diversos peixes (tilápia e carpa) e pássaros.

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