BARRA MANSA
Profissionais da rede municipal de assistência social passaram nesta quinta-feira, dia 17, por uma capacitação com o objetivo de aprimorar o atendimento a pessoas do público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros). A capacitação ocorreu na Casa dos Conselhos, que fica na Rua Jorge Lóssio, 202, Centro, e integra as atividades pelo Dia Internacional de Combate à Homofobia.
O grupo formado por funcionários do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Guarda Municipal e outros da rede de atendimento receberam orientações do presidente da ONG Rede Nacional de Pessoas (RNP), Jaime Marcelo Pereira. Ele destacou que hoje na cidade não há um serviço pensando na população LGBT.
“Uma das questões que discutimos aqui é se há necessidade de um atendimento especializado; e sim, é preciso de um atendimento especializado. Quando essa população precisa do serviço, quando cria coragem, o serviço não está preparado. A gente nota em conversa com o pessoal da rede de atendimento, do Cras, Creas, o quanto falta sensibilidade, um olhar diferenciado quando se recebe o público (LGBT). Se hoje a família descobre que o filho é LGBT e o expulsa de casa, quem o acolhe? Ele não tem para aonde ir. Tivemos relatos que o público de transexuais não tem atendimento em lugar nenhum, porque ninguém sabe lidar com ele. Ninguém o reconhece da maneira que ele é”, apontou Jaime.
O presidente da ONG RNP frisou ainda que a ideia é ampliar esse debate para que as pessoas do público LGBT se sintam à vontade para procurar ajuda quando necessário. “Hoje é só o primeiro encontro. A ideia é ampliar esse debate para que a gente possa trabalhar. Por exemplo, podemos citar vários casos de LGBTs que estão fora da sala de aula por conta do preconceito. E isso é uma situação muito grave. Não é uma questão de privilégio, é uma questão de cidadania. A gente precisa reconhecer que esse cidadão não está tendo o olhar do serviço em sua equidade. Barra Mansa está atrasada, mas nunca é tarde para podermos trabalhar essa questão”, opinou.
O presidente da ONG RNP finalizou destacando que pessoas que tiverem dúvidas ou precisarem de ajuda nessas questões podem procurar a organização, que fica na Casa Rosa, localizada na Rua Barão de Guapi, 106, Centro.
DILEMAS E CONFLITOS FAMILIARES
A coordenadora do Cras do Getúlio Vargas, Naiara Candioto, falou sobre os desafios da rede de atendimento diariamente. “Quando existe uma negativa da família no sentido da aceitação da orientação sexual da pessoa, algumas buscam resolver com a violência. Nesses casos a gente realiza a acolhida, escuta e faz a orientação, além de tentar buscar acabar com esse conflito familiar. Nem todos sofrem a violência física, mas passam pela pressão psicológica, o medo de como a sociedade vai agir”, disse Naiara, lamentando ainda a resistência ao serviço por parte dos que precisam de ajuda.
A coordenadora do Cras Vila Coringa, Adriana Gomes da Silva Coelho, lembrou um caso em que a unidade atendeu, onde uma mulher de 18 anos não se identificava com seu gênero. “Ela não se via como mulher e procurou a nossa ajuda, mas depois que começamos a conversar ela se retraiu. Não quis que conversássemos com a família, com medo de expor ela, o pai, disse que ele era conhecido na cidade”, contou Adriana, que comentou que por Barra Mansa ser uma cidade do interior e com a característica de que seus moradores se conhecem, muitas pessoas do público LGBT deixam o município para poderem se assumirem de acordo com o gênero o qual se identificam.
Atividades lembram Semana de Combate à Homofobia em Volta Redonda
O grupo Volta Redonda Sem Homofobia está promovendo uma série de atividades para marcar a Semana e Combate à Homofobia. Desde a última segunda-feira, ações educativas, palestras e cine-debates a fim de conscientizar a sociedade acerca dos direitos humanos e promover o protagonismo e a ocupação de espaços pela população LGBT de Volta Redonda e região. A programação relembra o dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tomou a decisão de retirar o termo “homossexualidade” da Classificação Internacional de Doenças, em 17 de maio de 1990.
Nesta sexta-feira, dia 18, uma ação social embaixo da Biblioteca Pública Municipal, na Vila Santa Cecília, encerra o evento.