SUL FLUMINENSE
Ondas de calor, perda da libido, pele ressecada. Toda mulher sabe bem o que esses sinais representam. Com novos aliados e até uma outra forma de ver a vida, agora elas encontram maneiras de lidar com o temido período: a menopausa.
A começar pela primeira menstruação, que marca o início da vida adulta e da fase reprodutiva. Esta última, por sua vez, termina com a chegada inevitável da menopausa. Mas, se ela é uma certeza, por que ainda é um tabu?
De acordo com a ginecologista Miriam de Paoli, por ser a interrupção do período reprodutivo e, principalmente, por faltar informação, a mulher pensa que é também o fim do desejo sexual, do prazer, da libido e da vitalidade. “Mas não precisa ser assim. Cada vez mais mulheres estão descobrindo que a menopausa é apenas mais um ciclo da vida, um novo capítulo. Nem melhor, nem pior que os outros, apenas mais um”, completa Miriam.
A menopausa fará parte de um terço da vida da mulher. Ela é relativamente nova entre as brasileiras por um motivo simples: na década de 60, a expectativa de vida de uma mulher era de 55,5 anos. Hoje, é de 80.
Já na perimenopausa (período que precede a menopausa e pode começar por volta dos 35 anos, tendo como principal sintoma a inconstância da menstruação), acontece à redução da produção de hormônios, especificamente do estrogênio, que afeta pouco a pouco a ocorrência da ovulação, da menstruação e da gravidez. Esse declínio pode afetar cérebro, pele, músculos e emoções.
TIPOS DE MENOPAUSA
É importante saber que não existe uma menopausa, mas várias. Cerca de 75% das mulheres entre 45 e 55 anos vão apresentar algum sintoma, em maior ou menor grau, de acordo com a Associação Brasileira de Climatério (Sobrac) este termo diz respeito ao período de transição em que a mulher passa da fase reprodutiva para a pós-menopausa.
Os sinais mais comuns são calor excessivo – os famosos fogachos –, pele ressecada, queda da lubrificação vaginal e da libido. Mas cada corpo é um e cada mulher experimenta esta fase de uma maneira diferente.
Durante décadas, a reposição hormonal, feita com a associação dos hormônios sintéticos estrógeno mais progesterona ou apenas o estrogênio, era a única saída possível para os sintomas mais comuns – e continua sendo a mais tradicional entre os médicos alopatas. Mas isso também está mudando. No Brasil, a quantidade de mulheres que faz ou já fez uso desta terapia caiu de 37%, em 2013, para 19,5%, em 2019, de acordo com uma pesquisa feita pela Universidade Estadual de Campinas.
TRATAMENTOS
Muitas mulheres optaram por alternativas mais naturais para lidar com o período: terapia de cristais, florais, fitoterapia, acupuntura e ayurveda podem ser aliados.
As terapias complementares não são a única saída para quem procura por alternativas à reposição hormonal. Para uma resposta mais imediata, a indústria farmacêutica tem novos medicamentos. É o caso do Duavive, aprovado pela Anvisa em junho de 2018, que oferece alívio para sintomas da menopausa, repondo o estrogênio que deixou de ser produzido, mas sem os efeitos negativos associados ao uso isolado do hormônio.
Mais radical e ainda sem muito apoio da classe médica é o tratamento prometido pela clínica inglesa ProFam, que diz atrasar a menopausa em até 20 anos. O processo é feito removendo o tecido ovariano jovem (é indicado que seja feito entre os 25 e 30 anos), que é congelado e reimplantado mais tarde, aos primeiros sinais de inconstância da menstruação. Como na menopausa os ovários param de gerar estrogênio e progesterona, o enxerto faria com que eles continuassem a produção desses hormônios sexuais femininos. Assim, a mulher continuaria a ovular e menstruar durante o tempo em que o enxerto funciona, cerca de sete anos. Tal procedimento pode ser feito até três vezes.
Há ainda terapias pontuais para um dos sintomas que mais perturbam as mulheres: o ressecamento da vagina, que afeta a autoestima e a vida sexual.
Para amenizar essas manifestações, é cada vez mais comum tratamentos específicos para a área. Um deles é feito com laser, que ajuda a estimular a regeneração do colágeno por meio do aquecimento subcutâneo, promovendo o aumento das camadas de células da mucosa vaginal. A promessa é de melhora da lubrificação natural e mais conforto nas relações sexuais.