ITATIAIA
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) anunciou nesta terça-feira, 22, a conclusão da investigação sobre as causas do incêndio que devastou parte da área alta do Parque Nacional do Itatiaia entre os dias 14 e 24 de junho. O fogo consumiu cerca de 311 hectares de vegetação nativa e danificou infraestruturas físicas, somando um total de 312,5 hectares de área afetada.
De acordo com o ICMBio, a investigação apontou que o incêndio teve origem em um fogareiro utilizado por cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) durante um treinamento no parque. A apuração incluiu análises detalhadas como dados meteorológicos, imagens de câmeras de monitoramento, entrevistas com os envolvidos e vistorias in loco. Drones foram usados para mapear a área afetada, coletar coordenadas geográficas e identificar vestígios e evidências da passagem do fogo.
Com base nessas informações, o ICMBio delimitou a área de origem do incêndio e produziu mapas para análises. A investigação revelou que o fogo começou na margem de uma estrada, ao lado de um comboio do Exército Brasileiro, onde o fogareiro com líquido inflamável foi utilizado para o preparo de alimentos. A Aman realiza treinamentos no parque desde 1957.
O Instituto Chico Mendes decidiu embargar a área para permitir a regeneração da vegetação e aplicou uma multa administrativa de R$ 6,531 milhões à Academia Militar das Agulhas Negras, com base no Decreto Federal 6.514/08. O ICMBio destacou que a defesa da instituição seguirá as normativas vigentes.
A investigação também mostrou que os militares perceberam o início do incêndio e rapidamente acionaram os funcionários da Parquetur, concessionária do parque. Inicialmente, eles ajudaram no combate às chamas junto à equipe do ICMBio, e posteriormente, a Aman enviou helicópteros e reforços, colaborando com as autoridades na apuração das causas do fogo.
POSIÇÃO DA AMAN
Em nota oficial, a Academia Militar das Agulhas Negras, por meio do Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro, informou que ainda não teve acesso à apuração do ICMBio e que a autuação está em fase de análise e defesa pela União. A nota reitera o compromisso da instituição com a preservação ambiental, especialmente no Parque Nacional do Itatiaia, onde atua há mais de 80 anos.
SOBRE O INCÊNDIO
O incêndio de grandes proporções começou no dia 14 de junho, justamente no 87º aniversário de fundação do Parque Nacional do Itatiaia. O fogo teve início por volta das 14h na Parte Alta, próximo ao Morro do Couto e à portaria do Posto Marcão. A área afetada, situada acima de 2.500 metros de altitude, sofre com a vegetação seca devido à falta de chuvas nesta época do ano. O início do incêndio foi registrado pelas câmeras de monitoramento do parque. Durante dez dias, 24 instituições e mais de 150 combatentes, entre profissionais e voluntários, atuaram para controlar as chamas.