ANGRA DOS REIS
O condutor da lancha que atropelou quatro pessoas, matando duas delas e deixando outras duas feridas, na Lagoa Azul, na última sexta-feira, dia 31, alegou problemas no acelerador da embarcação para explicar a causa do acidente. Segundo o delegado titular da 166ª DP (Angra dos Reis), Bruno Gilaberte, o marinheiro, que não teve a identidade divulgada pela polícia, prestou depoimento e alegou que a embarcação acelerou de forma espontânea.
Gilaberte contou que o marinheiro disse ainda que já havia reportado esse problema na aceleração do veículo há algumas semanas ao proprietário da lancha, e que o dono disse que a situação já estava regularizada. O delegado no entanto afirmou que a polícia segue investigando.
“Há algumas divergências na versão dele. Primeiro, ele diz que a manete estava na posição neutra e foi sozinha para a posição de aceleração. É um pouco estranho essa alegação, já que esse mecanismo possui uma trava na posição neutra. Então teria que ter dois defeitos aí: primeiro ela destravar sozinha, e segundo, ir para a posição de aceleração sozinha. Outra inconsistência no depoimento dele é com base no relato de testemunhas. Elas disseram que a embarcação inicialmente ia em direção às pedras, fez um desvio brusco e foi para cima dos banhistas, então nós estamos trabalhando com duas hipóteses. Uma é a distração do condutor, que o fez perder o controle da lancha; e a outra é a de que realmente aconteceu alguma defeito na aceleração e ele em um movimento de ato reflexo, quando ia em direção às pedras, jogou para cima dos banhistas”, disse o delegado, concluindo que nas duas versões fica caracterizado a imperícia do condutor. Por isso, ele foi autuado em flagrante pelo duplo homicídio culposo e duas lesões corporais culposas – quando não há intenção. O homem pagou fiança e responderá pelo crime em liberdade.
O delegado afirmou ainda que a perícia na lancha que atropelou os banhistas será feita e que ele busca mais informações que possam ajudar a elucidar o que teria provocado o acidente. “Estamos ouvindo alguns profissionais da Marinha para ajudar a gente nessa perícia. Vamos buscar ouvir mais testemunhas e estamos procurando por vídeos de turistas, que por ventura tenham flagrado esse momento. Nós vamos também investigar se houve negligência por parte do proprietário na manutenção do barco, mas isso vai depender da perícia da Marinha. Ela é que vai nos dar esse norte”, finalizou Gilaberte.
O acidente
O atropelamento ocorreu por volta do meio-dia da última sexta-feira, dia 30, quando turistas estavam no mar da Lagoa Azul. Alexandre da Silva Leite, de 43 anos, e Walquíria de Almeida Barros, de 29, morreram. Camila Martinez Précoma, de 30, e Natacha de Oliveira Soares, de 27 anos, tiveram ferimentos e foram levadas para o Hospital Geral da Japuíba. Segundo informações da unidade de saúde, elas tiveram dedos dos pés amputados. As duas passaram por cirurgia, continuam internadas e não correm risco de morrer.
Os corpos das duas vítimas fatais foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) de Angra dos Reis.