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Brasileirão Série C: clubes precisam encontrar alternativas para manter a arrecadação em meio à crise

Por Franciele Aleixo
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NACIONAL

Um relatório produzido pela Ernst & Young, multinacional de consultoria esportiva, indicou que os 20 clubes da Série A do Brasil podem chegar a perder R$ 2 bilhões por causa da pandemia de coronavírus. Se na elite do futebol nacional os problemas já são relevantes, o que dizer então dos clubes das divisões inferiores?

Crise na Série C do Brasileirão

Ainda em abril de 2020, a CBF destinou R$ 200 mil a cada time da Série C do Brasileirão, como uma forma de auxílio, o que totalizou R$ 4 milhões de reais. Os valores ajudaram a pagar os salários dos atletas e a quitar outras contas emergenciais dos clubes, como tarifas de água e de luz.

Já em julho, por meio de carta assinada, as equipes pediram um novo aporte financeiro e o recomeço do torneio junto com a Série A e a Série B (marcadas para o início de agosto). A CBF acatou o pedido do reinício da terceira divisão, e ao invés de um aporte em dinheiro, cedeu um carro zero no valor aproximado de R$ 80 mil reais a cada uma das agremiações.

Crise no investimento mundial

De acordo com a Two Circle, consultoria internacional em marketing esportivo, a previsão é de que os patrocínios no esporte caiam de US$ 46.1 bilhões em 2019 para US$ 28.9 bilhões em 2020. A redução se dará, principalmente, porque a crise causada pela pandemia afetou alguns dos principais apoiadores das modalidades esportivas: fábricas de automóveis, serviços financeiros, indústria alimentícia e companhias aéreas.

Quais as alternativas para os clubes da Série C?

Os clubes da elite nacional conseguem mais força para renegociar contratos e atrair investidores. Porém, quais as soluções para as equipes de menor expressão?

Buscar novos patrocínios

Os clubes da Série C costumeiramente recebem patrocínios de empresas médias localizadas na sua própria região. Um exemplo é o Voltaço, que tem como apoiadores, sobretudo, negócios de alimentação e de materiais esportivos do município de Volta Redonda. Nesse sentido, o setor de restaurantes e bares, por exemplo, segundo a Agência Brasil, chegou a ter redução de 75% em abril em relação ao mesmo período de 2020.

Então, para variar o formato das receitas, os clubes da Série C podem investir na busca por novos formatos de patrocínio, não se prendendo apenas aos mesmos nichos de mercado. Um exemplo que vem crescendo na Série A são os grandes sites internacionais de apostas que, apesar do crescimento nos últimos anos, ainda buscam se firmar de vez no mercado internacional.


A entrada desse mercado na Série C não é novidade, e para 2020, pelo menos 3 empresas já devem apoiar 6 dos 20 clubes da terceira divisão. O objetivo é trazer mais marcas para as equipes e fechar contratos mais lucrativos com um tipo de negócio que não precisa de lojas físicas para operar. O que departamentos de marketing pelo país já fizeram foi negociar parceiras com o pagamento de royalites relativos às apostas destinadas ao time; logo, quanto mais consegue se vender a ideia aos torcedores, mais se fatura em receitas.

Diversificar as recompensas dos planos de sócios-torcedores

Sem jogos nos estádios, os planos de sócio-torcedor deixam de ser uma prioridade, já que seus principais benefícios costumam se concentrar na compra de ingressos. Para minimizar a perda de interesse, os clubes podem testar outros tipos de recompensas que façam os torcedores se sentirem motivados a continuar com os pagamentos mensais.

Nomes nas camisas, totens nos estádios, descontos em aplicativos e participação nas eleições são apenas algumas das devolutivas que as equipes podem oferecer em seus planos de sócios. Cabe aos departamentos de marketing estudarem o que mais se encaixa ao ‘DNA’ da respectiva torcida.

Aumento das cotas dos direitos de transmissão

O tema ‘direitos de transmissão’ tem sido amplamente discutido no Brasil nas divisões de cima. A nova regra aprovada pela MP 984 autoriza a cessão dos direitos totalmente para o mandante, o que muda o contexto das negociações no país. Atualmente, a DAZN é dona dos direitos da Série C, porém, a quebra dos times que vem acontecendo nas Séries A e B pode atingir também a terceira divisão.

O desejo de muitos times da elite é transmitir os seus jogos por meio próprios, monetizando os canais na internet. Apesar de ainda parecer uma realidade distante dos clubes menores, é possível pensar em investimentos nas redes de conteúdo on-line, como criação de produções exclusivas e negociação de patrocínios para jogos específicos, principalmente contra os grandes da Série A nos estaduais ou nas Copas do Nordeste e do Brasil.

Mesmo que não invista propriamente em seus próprios meios, a Série C, em conjunto, pode negociar contratos melhores com o DAZN, que atualmente paga R$ 20 milhões à CBF, que repassa uma parte aos clubes. O campeonato apresentou bons índices de audiência para a emissora. Assim, para a temporada de 2020, a Band anunciou uma parceria com o serviço de streaming e transmitirá partidas em rede aberta para Norte e Nordeste, aumentando a visibilidade do torneio.

Quais as projeções para o futuro dos clubes?

A situação do Campeonato Brasileiro é caótica, não apenas na Série C. A alta ocorrência de casos de COVID-19 entre os clubes motivaram pedidos até pela paralisação do torneio. O não-cumprimento do calendário completo causaria problemas financeiros ainda maiores.

Além de se manterem forte na TV, principalmente com a chegada das transmissões da Bandeirantes para a rede aberta, os clubes da Série C precisam ajeitar a saúde financeira para manterem equipes competitivas e aumentar cada vez mais o interesse do público para o campeonato.

 

 

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