A Black Friday é amanhã e já tem muita gente animada para aproveitar os descontos para comprar um monte de coisa que não precisa, como um Smart Watch que só vai usar pra ver as horas ou um celular modelo 20S Plus que faz a mesma coisa que o 20S, tem quase a mesma cara, mas trocou de nome e por isso vale R$ 1.000,00 a mais.
Na década de 80, os Estados Unidos começou a comemorar o efeito que o dia de Ações de Graças causava na economia, um período de lucro negativo, ou seja, no vermelho, que ficava no azul; mas os americanos usam a cor preta para indicar resultados positivos, então era a hora que ficavam no preto. Esse período em que o lucro se concretizava também abria a temporada de compras natalinas fazendo o comércio permanecer aquecido até o final do ano. Como o dia de Ações de Graças cai na quarta quinta-feira do mês de novembro, o dia seguinte, onde os resultados eram apurados começou a ser chamado de Black Friday.
No ano de 2010 o comércio brasileiro começou a surfar nessa onda para atrair novos compradores e deu certo, em 2013 o evento bateu recorde faturando 770 milhões de reais. O problema é que aqui as coisas funcionam um pouco diferentes, os preços começam a ser aumentados semanas antes para serem contemplados com um megadesconto. Neste mesmo ano do surpreendente faturamento, segundo uma pesquisa do Programa de Administração do Varejo (Provar), 21% dos produtos tiveram seus preços elevados. Mas sabendo disso, tenho duas perguntas importantes: Por que as lojas fazem isso? Por que tem gente que compra?
A resposta é o efeito Ancoragem. Segundo a Psicologia Econômica, este é um viés cognitivo que dificulta alguém de se afastar da primeira impressão. Isso é tão real que sabemos que “a primeira impressão é a que fica”. O ponta pé inicial para descobrir os efeitos de ancoragem foram dados pelos psicólogos Amos Tvesrky e Daniel Kahneman. Eles colocaram voluntários do experimento para rodar uma roleta, como aquelas de cassino, logo após perguntavam para os candidatos quantos países africanos faziam parte da ONU. O resultado, quanto maior o número da roleta, maior o número do palpite.
O que acontece na nossa cabeça é que todos nós não suportamos perder nada, muito menos uma oportunidade. O marketing está incumbido de criar essas “oportunidades” para que adquirir o produto ou serviço seja cada vez mais irresistível. Resistir nos exige esforço físico, resistir e perder são habilidades para as mentes treinadas, que repetem essa tarefa por diversas vezes.
Com todas essas informações, será que amanhã vai ter gente iludida pelo ‘Black Fake?’ Exercite a resistência e a tolerância a frustração de perder as falsas oportunidades que eu tenho certeza que sua conta-corrente vai sair do vermelho e viver uma ‘Black Life’.