NOVA IORQUE
Ataques com mísseis e drones de longo alcance atingiram pelo menos 13 regiões da Ucrânia, incluindo a capital Kyiv, nesta quinta-feira, deixando mais de um milhão de pessoas sem energia elétrica. Os danos à rede elétrica elevam as preocupações com a sobrevivência da população em um inverno que promete ser de dificuldades extremas.
O porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU, Jeremy Laurance, alertou que as temperaturas abaixo de zero tornam a eletricidade “ainda mais essencial para a sobrevivência”. Ele destacou que os ataques “recorrentes e sistemáticos” contra a infraestrutura energética da Ucrânia, especialmente durante os meses de inverno, levantam sérias questões sobre o respeito ao direito internacional humanitário por parte das forças russas.
Impactos humanitários graves
Além de comprometer o acesso à energia, os ataques interromperam serviços essenciais, como água e transporte, em diversas regiões. Grupos vulneráveis, como idosos, famílias de baixa renda, pessoas com deficiência e deslocados internos, estão particularmente expostos aos riscos decorrentes dessa crise.
Laurance enfatizou a necessidade de investigar esses ataques e responsabilizar os envolvidos por possíveis violações graves. Ele também alertou que a campanha militar contra a infraestrutura crítica pode resultar em consequências catastróficas para os civis.
Riscos à segurança nuclear
A segurança nuclear também está em jogo. Os ataques fizeram com que as três usinas nucleares operacionais da Ucrânia reduzissem sua geração de energia. O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, classificou a infraestrutura energética ucraniana como “extremamente frágil e vulnerável” e pediu contenção militar em áreas com grandes instalações nucleares.
Embora não tenha havido danos diretos às usinas nucleares, subestações que transmitem e recebem energia externa foram severamente afetadas. Relatórios da AIEA apontam danos extensos a essas estruturas em inspeções realizadas entre setembro e outubro.
Sinais de escalada no conflito
Em meio à escalada da guerra, Miroslav Jenca, secretário-geral adjunto da ONU para Assuntos Políticos, destacou “sinais alarmantes” de intensificação do conflito. Ele mencionou o uso de mísseis balísticos por parte da Rússia, incluindo o ataque a Dnipro em 21 de novembro, que atingiu uma área industrial ao sudoeste da cidade.
Autoridades ucranianas relataram que o míssil usado no ataque, disparado de Astrakhan, na Rússia, percorreu cerca de 1 mil km em apenas 15 minutos. O presidente russo, Vladimir Putin, confirmou o teste de um novo míssil de alcance intermediário chamado “Oreshnik” e justificou o ataque como uma resposta ao uso de mísseis de longo alcance pela Ucrânia, fornecidos pelo Ocidente.
A ONU condenou todos os ataques a alvos civis e infraestrutura crítica, reforçando que o uso de mísseis balísticos aumenta o risco de tragédias humanitárias e violações ao direito internacional.
*- Luciano R. Pançardes – Editor-chefe