BARRA MANSA
Já estamos às vésperas de eleição, em uma campanha marcada por atos violentos. Desavenças entre amigos, parentes e colegas de trabalho pode aumentar após o posicionamento político ser revelado. A imposição do assunto nas rodinhas de conversa perante a gravidade do ato de escolher os próximos representantes do povo leva as pessoas a uma condição limite de defender seu posicionamento perante questões delicadas, algo que em um momento de extremos só pode desembocar em “treta”, tanto pessoalmente quando no mundo virtual.
De acordo com a psicóloga Racklaine da Silva Minervino, as discussões são sadias e necessárias, mas sempre baseadas no respeito. “A política é um campo que se propõe ao debate e a produção das ideias, tomando como base o nosso país que se diz democrático, cabe a nós exercer tal direito de poder se expressar, falar, ter ideias, opiniões. Somos seres individuais, temos que entender que podemos discordar da ideia do outro. Temos ideias, pensamentos e diferentes e é necessário permitir e respeitar que o outro também tenha. Levar o debate a construção de ideias e não de ataque”, destaca a psicóloga.
Mas, como saber se está extrapolando em uma determinada discussão? Racklaine aponta que é preciso reflexão. “A sociedade está tão imersa nessa revolta que não se propõe a refletir, colocar freio, é preciso pensar se está apenas reproduzindo ideias ou se são realmente suas”, citou.
Outra questão apontada pela profissional é a ‘devoção’ que as pessoas criam em relação aos candidatos. “O eleitor, não conhece pessoalmente o seu candidato. Mas acredita em suas ideias e as toma para si, por isso defende com tanto afinco. Então, o indivíduo passa a se defender. As pessoas têm que aprender a lidar com o ‘não’, com a recusa. Precisamos lidar com a diversidade. Para não brigar com amigos é preciso respeito, essa é a palavra-chave, é uma via de mão dupla. Todos queremos a mesma coisa, pais melhor”, avalia.
Discussões sadias
A servidora pública municipal Roberta Resende Costa Alves e seu marido são exemplos de que as discussões podem ser sadias. “Todos os dias temos inúmeras discussões. Meu marido tem o candidato dele e eu a minha, que são bem diferentes, debatemos todos os dias, mas com muito respeito, quando um se exalta, o outro vai fazer um trabalho doméstico. A internet virou terra sem lei, o que me deixa brava é a pessoa postar alguma coisa, e vêm alguém disseminar o discurso de ódio. Cada um em a sua opinião, é preciso ter equilíbrio. Estamos aqui para evoluir”, destaca.
Um eleitor que preferiu não se identificar destaca que já passou por muitas provocações por conta de sua opinião política. “A rede social é minha, publico o que quero. Se eu decidi colocar lá em qual vou voltar é um problema meu, mas as pessoas vêm discutir, problematizar, debater. Até certo ponto é saudável, mas os ataques pessoais devem ser evitados. Tenho um amigo que tem um candidato completamente oposto ao meu, mas nos respeitamos e a amizade prevalece”, destacou.
Há ainda os que preferem terminar a amizade quando não há identificação na política. Outra jovem que, também, preferiu não se identificar informou que evita brigar e discutir, mas que já aconteceu de terminar uma amizade por conta do assunto. “A pessoa não é minha inimiga, mas não quero mais amizade, prefiro longe de mim. A pessoa apoia determinado candidato e eu outro, mas ficava jogando piadas em grupos de amigos, me senti incomodada, respondi a altura. E acabou a amizade. Política não é guerra de fãs”, revela.