BARRA MANSA
A Praça da Matriz, no Centro de Barra Mansa, concentrou durante toda a manhã desta quarta-feira, dia 2, diversas ações que celebraram o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo. No local foi feita a distribuição de 200 inibidores de som (inibidores de ruído) a portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e equipes realizaram o cadastramento para a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA), que é um documento gratuito que garante atendimento prioritário a pessoas com autismo. Além disso, quem passou pelo local também recebeu dicas de saúde, pôde participar de atividades de recreação e oficinas e fazer um passeio pela cidade na Carreta Furação.
As atividades foram realizadas pela Secretaria de Pessoa com Deficiência, com a parceria de diversas entidades. Estiveram presentes no evento o prefeito Luiz Furlani, a vice-prefeita, Luciana Alvez, o subsecretário da Pessoa com Deficiência, Lucas Alves, e representantes das entidades que prestaram apoio às ações.
De acordo com Lucas, o grande foco das ações foi dar visibilidade e promover a conscientização para a causa do autismo, além de abordar as políticas públicas sobre o tema que já foram ou ainda precisam ser implantadas na cidade. “Eventos como esse são muito bacanas para a gente olhar que todas as pessoas têm limitações, mas também têm habilidades e potências. Então esse é o foco desses eventos, mostrar que existe eficiência além da deficiência”, destacou o secretário.
Parceria com a saúde
Outra novidade, segundo o secretário, é a parceria que está sendo feita com a Secretaria de Saúde para promover ainda mais atendimentos e terapias às pessoas com autismo. “Estamos estudando a possibilidade de fazer mutirões para agilizar a perícia do passe livre e buscando uma forma de estruturar e agilizar a fila de neuropediata, também através de mutirão. Nosso objetivo é desburocratizar ainda mais tudo que for possível para poder agilizar as mães, que muitas das vezes têm dificuldades de buscar informação em algum órgão público”, disse.
Durante o evento, a vice-prefeita e secretária da Pessoa com Deficiência, Luciana Alves, enfatizou as iniciativas que estão sendo implementadas para melhorar a qualidade de vida dos munícipes com deficiência. Ela anunciou uma nova meta: zerar a fila de agentes de apoio, ressaltando a importância desses mediadores no cotidiano das crianças com deficiência, principalmente aquelas com necessidades ocultas. “Hoje não é apenas um dia de entretenimento e diversão, mas também uma oportunidade para mostrarmos nossas lutas e as futuras ações que farão de Barra Mansa uma referência em inclusão”, declarou Luciana.
O prefeito Luiz Furlani, presente no evento, reafirmou que as ações de inclusão não se limitam ao dia de hoje. “Nós temos o compromisso em desenvolver políticas públicas focadas para as pessoas com deficiência, principalmente no que diz respeito às crianças. Com estas ações, nosso objetivo é promover um diálogo necessário entre a população e os serviços disponíveis, fortalecendo a rede de apoio a quem mais precisa. Lembro ainda que a Secretaria de Ordem Pública continuará a trabalhar para coibir o uso de motos barulhentas, que prejudicam o dia a dia da população, especialmente dos autistas”, ressaltou.
Autista, pianista e profissional
Um dos casos citados pelo secretário da Pessoa com Deficiência para exemplificar a importância do acompanhamento de pessoas diagnosticadas com TEA foi o do músico Pedro Lucas Oliveira Rocha, de 23 anos, que é contratado como pianista profissional pelo Projeto Música nas Escolas. Ao A VOZ DA CIDADE, Lucas contou que está no projeto há dois anos e que esse período o ajudou muito a se socializar.
“Foi ótimo porque me apresentou a pessoas novas e me ensinou a socializar através da música, que é uma das melhores formas de socializar mesmo sem palavras. Por causa da minha condição, a conversa não é o meu forte. Então, quando eu posso usar outros meios para me comunicar, como é a música, isso me ajuda”, disse o pianista.
Ele, que começou a tocar o instrumento aos dez anos de idade, disse que um dos seus objetivos é seguir carreira como músico.
“Às vezes é um pouco desafiador, mas como eu sempre gostei muito de estudar, de me dedicar a algumas tarefas específicas eu acabo conseguindo me virar muito bem”, disse.
A mãe de Luca, Lucina Keles de Oliveira Aragão, também falou sobre a importância de o autista ter uma rede de apoio, a qual segundo ela o filho não teve acesso quando recebeu o diagnóstico, aos quatro anos de idade. O tratamento do filho, conforme conta, só foi iniciado quando ele já tinha 17 anos.
“Hoje, graças a Deus a gente já vê uma luz no final do túnel na questão do apoio e acompanhamento ao portador de TEA. Em três anos, com ele participando desses movimentos, a porta se abriu e ele teve um progresso que ele não teve dos quatro anos aos 17 anos. Trabalha, namora e agora em abril vai se casar”, comemora a mãe.
As atividades contaram com a colaboração de diversas entidades, entre elas: Apae-BM, Cemae, Casa Azul, Pastoral da Criança, Associação Autismo SuperAção (Aasa), Mãos Dadas Projeto Social, Sicomércio e a Associação de Pirotecnia do Rio de Janeiro (Apirj) – que doou os abafadores de ruídos.
