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Segunda-feira com ruas vazias tem ‘cara de domingo’ em Barra Mansa

Por sergiocjr
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BARRA MANSA

Uma semana depois do início da paralisação nacional dos caminhoneiros, a segunda-feira, dia 28, foi marcada pela falta de movimento. Nas ruas de Barra Mansa o que se viu foi muita tranquilidade e ruas bem vazias para o início de uma semana, lembrando domingos e dias de feriado.

O que contribuiu consideravelmente para a falta de movimento foi o cancelamento de aulas em faculdades e escolas; ônibus estão rodando em menor escala, com alguns usuários tendo que esperar por mais de uma hora a condução. O número de carros de passeio circulando também era bem menor que o habitual. A estimativa da Guarda Municipal é que o volume da frota nesta segunda-feira era a metade do habitual.

E essa situação afeta o comércio, segundo explicou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Barra Mansa (CDL-BM), Xisto Vieira Neto. “Em empresas de moda, eletrônicos ou outros bens duráveis o impacto é menor, pois não há falta de produtos, devido o receio e preocupação da população, que passa a priorizar outros produtos, como alimentos. Para os mercados, o impacto é bem maior, pois faltam produtos de alto giro que apenas são viáveis para o mercado por conta deste volume. De qualquer forma, todos sofrem. Nestes dias mais críticos o comércio no geral pode ter tido um impacto médio de 40% nas vendas; sendo que mercados este número chega facilmente a 60%”, avaliou Xisto.

O presidente da CDL-BM disse ainda, que os supermercados vão levar pelo menos 10 dias após o fim das manifestações para conseguir normalizar seus estoques de produtos. “Muito mais importante que o preço do diesel, a forma de transporte de mercadorias no Brasil, hoje basicamente rodoviária, precisa ser replanejada rapidamente”, destacou.

Avenida Joaquim Leite, no Centro, tem mais pessoas do que carros – Foto: Arlindo Novais

FALTAM CLIENTES

A gerente de uma padaria localizada no centro da cidade, Lúcia Helena da Conceição, disse que o estabelecimento sofre efeitos da greve desde a última sexta-feira. “O que está faltando para nós é cliente; movimento. Sem combustível o povo não está saindo para as ruas. Está um horror”, revelou ela; estimando uma queda de 70% no movimento desde o início da greve.

O proprietário de um açougue no Centro, Iago Fonseca, disse que aguarda o fim da paralisação para poder abastecer o estabelecimento. Ele afirmou que o estoque já está no final e que a previsão era de que haveria carne até esta segunda-feira. “O movimento até que está bom, principalmente no fim de semana. Parece que as pessoas correram para poder se abastecer. Tenho para venda só o que está exposto, a partir de amanhã (hoje) já deve começar a faltar. Estamos dependendo de algum caminhão conseguir passar pelo bloqueio para abastecermos, mas não sabemos como vai ser”, declarou.

À tarde, algumas lojas do Centro fecharam as portas pela falta de movimento.


MOTIVOS DA POPULAÇÃO

Os motivos pelos quais a população local evita sair de casa são basicamente a falta de combustível para abastecer os veículos particulares e transporte público; além da insegurança. A atendente comercial Amanda Souza Ferreira, de 34 anos, diz que teme pela falta de movimento até mesmo nas ruas centrais da cidade.

“No meu bairro, Vila Orlandélia, quase não tem ônibus nos dias normais; agora então! Só estou usando o carro para trabalhar mesmo, pois a gasolina está no fim. Por esses motivos, evito sair de casa. Acho que a maioria das pessoas está enfrentando essas dificuldades. Além disso, com as ruas vazias, tem a questão da segurança. É melhor evitar sair mesmo; temo ser assaltada ou alguma coisa assim”, disse.

O mesmo receio é revelado pela professora Danielle Barbosa, de 35 anos. “Não me sinto segura em transitar por aí. Tem poucas pessoas nas ruas; pouco movimento. Moro em Volta Redonda e trabalho em Barra Mansa, estou sem combustível e os ônibus estão escassos”, pontuou.

Algumas pessoas até receberam folga do trabalho por conta de tais dificuldades relatadas. “Hoje a empresa que eu trabalho até dispensou os funcionários porque falta peça pra gente trabalhar. A gente estava levando comida de casa, pois não tinha alimento suficiente pra todo mundo. Além disso, falta ônibus. Aqui no bairro São Luiz, onde moro, os coletivos estão demorando cerca de uma hora e meia para passar. É bom evitar sair de casa; está faltando tudo”, disse o torneiro mecânico José Batista da Silva, de 62 anos.

CRESCE DEMANDA DE EMPRESA QUE USA BICICLETAS

Uma empresa de Barra Mansa que faz entregas utilizando somente a bicicleta teve um aumento na procura pelo serviço nos últimos dias. Segundo o sócio-proprietário da empresa, Luan Nascimento, esse aumento se deve à greve dos caminhoneiros, que ocorre há oito dias. “Nós fazemos o serviço de um motoboy, 50% mais barato. Notamos que houve esse aumento na procura desde a última sexta-feira, inclusive com novos clientes que disseram que foram afetados pela greve dos caminhoneiros”, comentou, lembrando que antes da greve fazia em torno de 50 quilômetros por dia, enquanto que agora a distância percorrida chega a 80 quilômetros ao dia.

Luan disse que chega a percorrer 30 quilômetros a mais após greve – Foto: Divulgação/ André Calcagno

Luan disse que durante a greve dos caminhoneiros percebeu a diminuição do volume no trânsito. “Isso acontece principalmente nos horários de pico, das 11h30min às 13 horas e das 16h30min às 18 horas”, afirmou.

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