Médico de Barra Mansa diz que dexametasona já vinha sendo usada e descoberta não muda o cenário

Por Carol Macedo

BARRA MANSA

Pesquisadores britânicos afirmam que encontraram o primeiro remédio que, comprovadamente, reduz a incidência de mortes pela Covid-19. De acordo com cientistas da Universidade de Oxford, em resultados apresentados nessa terça-feira, dia 16, houve redução de um terço das mortes em pacientes que precisavam de tratamento com oxigênio e receberam o corticoide dexametasona. Gilmar Alves Zonzin, membro da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio de Janeiro (Sopterj) e chefe do Serviço de Pneumologia do Hospital Santa Maria, em Barra Mansa, destacou que a droga já vinha sendo utilizada desde o início da pandemia e que descoberta é boa, mas não alterará o cenário atual.

Segundo Zonzin, no início da pandemia houve declarações de que o corticoide causava maior mortalidade aos pacientes com Covid-19. “Depois fomos entendendo que essa doença atinge as pessoas de formas diferentes. Tem pacientes com complicações infecciosas e outros em estado de hiperinflamação, onde a pessoa fica em um estado de maior gravidade e o corticoide tem capacidade de reduzir esse perfil”, explicou.

De acordo com o pneumologista, essa terapia já vinha sendo utilizada e não é uma descoberta revolucionária que mudará o cenário. “Essa comprovação mostra que a estratégia é válida, mas não mudará muita coisa, porque a droga já vinha sendo utilizada. Os médicos já estão habituados a usar o medicamento em doenças inflamatórias de maior gravidade e muitos dos que já faleceram e vêm falecendo, pode ter certeza que já utilizaram o medicamento”, destacou.

SOBRE OS ESTUDOS

Segundo os pesquisadores, um estudo que será publicado nos próximos dias mostra os resultados para 2.104 pacientes selecionados aleatoriamente, que foram medicados com a dexametasona, por via oral ou intravenosa, comparados a 4.321 pacientes tratados convencionalmente. Os números mostram que a redução de mortes foi de 35% para pacientes que precisavam de tratamento com respiradores e 20% para os que precisavam de suporte de oxigênio. Não houve registro de que a droga seja eficiente em casos menos severos. O Ministério da Saúde do Reino Unido confirmou que vai incluir a medicação no tratamento da Covid-19.

“A ÚNICA RESPOSTA CORRETA É TALVEZ”

Gilmar Zonzin destacou que o processo científico é algo naturalmente demorado e complexo, por isso, em uma situação pandêmica todos estão em um mar desconhecido e fazendo o que pode. “O que temos são várias coisas hipotéticas, baseadas em dados dos efeitos. Então você faz avaliações dos medicamentos em busca de tentar algo que possa trazer uma melhora aos pacientes”, disse, afirmando que a resposta correta se a medicação é certa ou não, seria ‘talvez’. “Mas isso é muito vago e não chama tanta atenção, então todos estão querendo afirmar algo. Quando se fala sobre um medicamento de uma forma taxativa e que ele é a solução, é errado. Estamos fazendo tentativas”, destacou.

O médico ainda acrescentou que as pessoas que criticam os medicamentos possivelmente benéficos, também estão erradas. “A verdade é que, mesmo que uma medicação não tenha sido cientificamente comprovada como benéfica ao tratamento da Covid-19, ela também não foi comprovada como não benéfica. A doença é nova e age de forma diferente em cada indivíduo. É tudo novo para todo mundo e não deu tempo de avaliar todos os subgrupos e medicamentos”, finalizou.

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