PARATY
Aos 27 anos, Thalía Polyphemo, caiçara de família de pescadores artesanais de Paraty, celebra um marco histórico em sua trajetória: é a primeira bailarina e professora de Ballet Clássico de sua cidade a se tornar discente do prestigiado Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Além de artista, Thalía acumula conquistas no Direito e na atuação social.
Thalía iniciou na dança aos oito anos, em um projeto social em Paraty. Aos 20, concluiu seu curso de capacitação em Ballet Clássico pelo Sindicato dos Profissionais da Dança do Rio de Janeiro, financiando seus estudos com rifas. Atuou como professora de Ballet em uma UPP da Polícia Militar, promovendo inclusão social em áreas vulneráveis. Sua formação acadêmica inclui graduação em Direito pela UFRJ, pós-graduação em Ciências Criminais e Segurança Pública pela UERJ e mestrado em Direito Penal pela Universidad de Buenos Aires.
Em plena pandemia, Thalía fundou o projeto Ballet para Todos Paraty, que começou como uma iniciativa terapêutica para crianças autistas e hoje leva a arte a comunidades rurais e caiçaras. A iniciativa já impactou cerca de 250 crianças e promove o acesso à cultura, com aulas em parceria com o Colégio PLANTE e outras localidades da cidade. “Queremos garantir que nenhuma criança fique sem acesso à dança por falta de condições”, ressalta.
Seu ingresso no Theatro Municipal como pós-graduanda em Ensino da Dança Clássica é, para ela, um sonho realizado. “Estar no Municipal é mágico, às vezes eu nem acredito que é realidade. Meu recado para os jovens é que os sonhos são possíveis. Não importa o tempo, eles se tornam reais”, compartilha Thalía.
A dedicação à dança é uma marca da família Polyphemo. Sua irmã Kassia, de 17 anos, estuda no Centro de Dança Rio, e Theo, de 14, é aluno da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, ambos oriundos de projetos sociais em Paraty.
Com um pé na arte e outro na advocacia, Thalía é exemplo de que sonhos, quando alimentados por esforço e paixão, podem alcançar o mais alto palco. “Todo dia eu vivo um sonho”, disse.