SUL FLUMINENSE
O avanço do novo Coronavírus (Covid-19) fora da China e o impacto econômico nas bolsas de valores segue movimentando a cotação do dólar. Nesta quinta-feira a moeda norte-americana operou em alta, atingindo pico de R$ 4,67 no pregão e provocou intervenção do Banco Central do Brasil fazendo e fechou o dia em R$ 4,653 – acumulando alta de 15,6% em 2020.
Atentos ao mercado, muitos consumidores perceberam que a flutuação do câmbio interfere diretamente na sua rotina financeira. É na hora das compras, seja nos supermercados ou lojas de eletrônicos, que encontram itens importados com reajuste de preço. Alguns exemplos são vinhos, whisky, queijos e chocolates, por exemplo. “Desde meados de dezembro, janeiro que o preço dos alimentos sobe, principalmente a carne pela crise da praga suína na China e a exportação brasileira crescente de bovinos. Agora, com o coronavírus o mercado se fechou para diversos setores e falta insumos, produtos básicos e isso gera reflexo na produção final da indústria. O dólar elevado encarece comida, roupas, perfumes, remédios e principalmente eletrônicos. A expectativa é que de março os preços nas prateleiras sofram sim algum impacto pelo cenário de caos na economia mundial”, afirma o analista financeiro Eduardo Breidt Cosme.
A indústria brasileira sofre com o dólar elevado, pois amplia os custos. O setor de tecnologia e inovação é um dos mais impactados pela necessidade de contar com itens importados, geralmente da China. Dados do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostram que 22,3% dos insumos usados na produção industrial brasileira são importados, o que inclui também este segmento. “Eu não consigo achar peças de alguns modelos de celular e TVs que preciso consertar. Já tenho reclamações de colegas que me forneciam dos grandes centros, como São Paulo. Todos encontram lentidão para receber remessas da China, EUA, Europa. Isso encarece o serviço ao cliente, afinal, a nossa dificuldade pagando novos fornecedores deve ser suprida e a lei da oferta e da procura é bem direta”, frisa o técnico em eletrônica, Humberto Dias.
Em Resende e Volta Redonda, a cotação do dólar turismo faz muita gente rever a viagem ao exterior. Nesta quinta-feira, o dólar turismo chegou a R$ 5,16. Ele é usado para compra de passagens aéreas de empresas estrangeiras e demais despesas relacionadas a viagens. “Tá doido, desisti com a agência de viagem, adiei pra julho. A economia não ta ajudando, e esse coronavírus então? Meus custos totais para férias nos EUA seria aumentado em quase R$ 4 mil viajando agora e não tenho esse recurso”, disse o empresário Ricardo da Silva, que planeja viajar em família.