RIO DE JANEIRO
Em 2019, o estado do Rio alcançou a sua segunda maior corrente de comércio (a soma das exportações e das importações) desde 2013, atrás apenas do resultado obtido em 2018. De acordo com o boletim Rio Exporta, publicado pela Firjan, o fluxo internacional atingiu US$ 49 bilhões. Foram US$ 27,8 bilhões em exportações e US$ 21 bilhões em importações, gerando um saldo superavitário de R$ 6,6 bilhões, 15% a mais em relação ao ano anterior. Com isso, o Rio se manteve em segundo lugar na participação do comércio exterior do Brasil, detendo fatia de 12%.
Em produtos básicos, houve recorde na quantidade de barris de petróleo destinados ao exterior, que somaram 322 milhões de unidades. Em valores (US$ 18,6 bilhões), entretanto, o recuo foi de 1%, tendo em vista a média anual do preço do barril de US$ 64,28, 11% abaixo do praticado no ano anterior. Mesmo assim, a indústria do petróleo e gás natural representou 68% da pauta exportadora do estado (recuo de 1%), com atenção para o crescimento de 24% das vendas desse produto para a China. Com isso, o país asiático foi o destino de 69% das exportações fluminenses de petróleo em 2019.
As vendas de partes de motores e turbinas para aviação (US$ 1,6 bilhão) se destacaram, com avanço de 60%, e se tornaram o segundo bem mais exportado pelo estado do Rio, ultrapassando os produtos semimanufaturados de ferro e aço. As exportações da indústria de produtos de borracha também cresceram, em especial a de pneumáticos, que avançou 11% e somou US$ 380 milhões.
Enquanto isso, a venda de bens industrializados somou US$ 8,8 bilhões, diminuição de 10%, em boa parte associada à crise argentina, que impactou os cenários nacional e fluminense. Essa situação resultou na queda de 34% nas exportações de automóveis de passageiros do estado – setor expressivo na economia local.
Para Marco Antonio Saltini, diretor de Relações Governamentais da MAN e vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Tratores, Caminhões, Automóveis e Veículos Similares (Sinfavea), o quadro no setor é similar ao nacional. A projeção é que a queda nas exportações brasileiras do segmento continue em 2020, podendo ser ainda 11% menor do que o resultado de 2019, devido à situação econômica dos países da América Latina, principalmente Argentina, México e Chile. “A perspectiva positiva fica por conta do mercado interno, que vai continuar em recuperação, na esteira do que já detectamos no ano passado, com percentual mais elevado para os veículos pesados”, analisa.
Flávia Alves, especialista em Comércio Exterior da Firjan Internacional, acrescenta que a perspectiva é de retração do comércio exterior como um todo. Entre os pontos de atenção para o mercado fluminense está a alteração do regulamento argentino sobre o Sistema Integral de Monitoramento de Importações (SIMI), implementada pelo governo em janeiro deste ano. A medida incluiu novos setores sujeitos a licença não automática (LNA), ou seja, que passam a requerer autorização prévia para entrar no país vizinho. “Em decorrência desse panorama mundial, é difícil para a indústria se recuperar sem uma reforma tributária. Esse é um caminho importante para estimular o setor”, afirma ela.
Segundo estudo da federação, a carga tributária incidente sobre a indústria de transformação fluminense chega a 44,8%. Trata-se do setor mais impactado na economia do estado.