Ração contaminada pode ter sido causa de mortes de sete equinos no Clube Hípico em Volta Redonda

Um dos animais mortos pertencia a atleta Rebeca, dona de grandes títulos em várias competições que participou

Por Carol Macedo
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VOLTA REDONDA

TÂNIA CRUZ

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Desde o dia 19 de maio, o Clube Hípico Sul Fluminense, localizado na Ilha São João, em Volta Redonda, enfrenta uma crise sem precedentes. Vários animais do local, onde vivem 52 equinos, começaram a morrer por intoxicação, após consumirem um lote de ração contaminado. A situação, que já é considerada uma tragédia silenciosa, afetou profundamente famílias que dedicam suas vidas ao esporte e à criação de cavalos.

Segundo a diretora de relações públicas do Clube Hípico, Christiane Carraro Gallucci, o cenário é dramático. “Desde o dia 19 estamos perdendo animais. Famílias que há anos se dedicam ao esporte e à criação dos animais agora enfrentam o desespero de vê-los adoecer e morrer rapidamente”, relatou. Até o fechamento desta edição, sete cavalos haviam morrido, e outros permanecem em estado gravíssimo. Entre as perdas está a égua Duqueza JKTJ, da atleta Rebeca Rosa de Oliveira, campeã em diversas competições nacionais.

Christiane explicou que a ração usada pelos cavalos era a mesma há mais de um ano, mas, dias antes da primeira morte, os animais passaram a recusá-la. Mesmo com a troca do alimento por três vezes, o problema persistiu e logo vieram os primeiros óbitos. Um laudo preliminar já aponta a causa das mortes como intoxicação. “Só depois ficamos sabendo que, recentemente, o mesmo ocorreu em Itaituba (SP), onde 29 animais morreram ao consumir a mesma ração”, revelou.

A empresa responsável pela produção da ração, Nutratta Nutrição Animal, teria iniciado um processo de rastreio dos lotes e consumidores em São Paulo, mas segundo Christiane, não informou os consumidores de Volta Redonda. Além do Clube Hípico, outros proprietários da região que utilizam o mesmo produto também relataram perdas por intoxicação e casos de cavalos gravemente afetados.

CASO REGISTRADO NA POLÍCIA E INVESTIGAÇÃO DO MAPA

O caso foi registrado na 93ª Delegacia de Polícia de Volta Redonda. Nesta quinta-feira, 5, uma equipe do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) esteve no local para avaliar a situação. “Tanto a diretoria do clube quanto os usuários e o fornecedor local da ração estão fazendo o possível para contornar os danos”, afirmou Christiane, destacando que o distribuidor local da ração também foi vítima. “A distribuidora local nada tem a ver com o caso, a empresa fabricante é que a é a principal responsável. Quando foi comunicada do caso em Volta Redonda, só mandou uma pessoa para fazer proposta, lamentou o ocorrido e pediu desculpas e pronto”, completou.

Procurado pela reportagem de A VOZ DA CIDADE, o advogado da Nutratta, Diêgo Vilela, declarou que, até o momento, “não há nenhum elemento técnico que estabeleça nexo entre a mortalidade dos animais e o consumo pelos animais”. Ele afirmou ainda que, por iniciativa própria, a empresa suspendeu a fabricação e a comercialização da ração Forage Horse. “A Nutratta também adotou processo de coleta da ração junto aos consumidores finais e aos distribuidores, do que o MAPA tem pleno conhecimento, tanto é que o órgão acompanhou essa coleta em um distribuidor de São Paulo”, explicou o advogado.

Vilela acrescentou que a empresa lamenta as perdas dos proprietários dos cavalos e se solidariza com eles. “Porém ainda não pode assumir qualquer responsabilidade. Pois, repito, tecnicamente não há nenhum elemento que estabeleça nexo entre o consumo da ração e a mortalidade dos equinos”, declarou.

CAMPANHA DE AJUDA PARA TRATAMENTO

Enquanto o caso segue sendo apurado, o Clube Hípico Sul Fluminense busca apoio da comunidade para arcar com os custos do tratamento dos animais sobreviventes. Segundo Christiane, as despesas já passam de R$ 30 mil, valor que o clube, por ser sem fins lucrativos, não tem como custear. “Quem puder ajudar, qualquer valor é bem-vindo”, apelou a diretora.
Doações podem ser feitas via Pix utilizando a chave CNPJ: 13.855.578/0001-71 (em nome de Christiane Carraro Gallucci).
Banco: Bradesco. Informações pelo telefone (24) 99869-6141.

ÉGUA CAMPEÃ ERA COMO PARTE DA FAMÍLIA

Entre os prejudicados está o adestrador Anderson Luiz Rosa de Oliveira, pai da atleta Rebeca, de 13 anos, que perdeu a égua Duqueza. O animal acompanhava a jovem desde a infância e acumulava importantes conquistas no esporte. “A tristeza é muito grande, já que a égua estava há seis anos conosco. Elas cresceram juntas no esporte”, lamentou Anderson.

Ele contou ainda que, sem animal reserva, a filha não poderá participar das próximas competições. “Com isso, a tristeza aumenta, já que todo o trabalho de dedicação, afeto, amor, carinho de cuidar bem e criar bem, de não desamparar, não somente como um animal competidor, mas praticamente um membro da família. E ver a tristeza da minha filha, piora muito mais”, desabafou. A égua, da raça Manga Larga, foi adquirida com muito sacrifício para realizar o sonho da adolescente. “É muito triste tudo isso”, finalizou.

 

 

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