BARRA MANSA
O primeiro dia útil de funcionamento do Restaurante do Povo Irmã Ruth, de Barra Mansa, após a sua inauguração oficial na sexta-feira, dia 5, foi de superlotação para o almoço, registrando em sua maioria idosos. Hoje, 8, muitos trabalhadores do comércio também procuraram o local para economizar com a refeição. Conforme anunciado, a unidade tem capacidade para servir 500 cafés da manhã, a R$ 0,50; mil almoços e 500 jantares a R$ 1. Devido à grande procura pelo almoço nesta segunda-feira, dia 8, foram antecipadas 220 refeições do jantar para atender quem ainda estava do lado de fora aguardando pela comida, o que totalizou 1.220.
Uma grande fila se formou no entorno da unidade, desde às 11 horas, e, mesmo aumentando a capacidade, algumas pessoas não puderam almoçar, precisando buscar outras opções. Um dos questionamentos de quem não conseguiu pagar apenas R$ 1 pela refeição foi a grande quantidade de idosos atendidos. Devido a um decreto emitido pelo governador Cláudio Castro, esse público tem prioridade e gratuidade garantidas nos Restaurantes do Povo, assim como os portadores de necessidades especiais.
É o caso da comerciária Elenir Cátia Montana, de 56 anos, que trabalha há 35 anos no comércio e sempre levou comida de casa. “Eu acho que devia ter um limite, não sou contra os idosos virem almoçar, mas devia ter um limite. Eu, hoje, não trouxe comida, confiante de que ia almoçar e não consegui e vou precisar comprar alguma coisa. Amanhã não vou nem tomar café e vou tirar a hora de almoço mais cedo para vir para a fila e ver se consigo”, disse Elenir.
Outra que também aproveitou para economizar nesta segunda-feira, foi a comerciária Raquel Santos Dias, de 23 anos. Ela trabalha no setor há três anos e disse que a opção era não levar a comida de casa, como sempre faz, para almoçar no Restaurante do Povo. “É um espaço importante para quem trabalha no comércio e uma boa ajuda porque às vezes a gente chega em casa cansada, não tem tempo de fazer comida para o dia seguinte, aí vem aqui e tem essa comida gostosa e a gente é bem recebida. Dei a sorte de conseguir, senão ia ter que comer qualquer coisa na rua mesmo, o que não dá para fazer todos os dias, já que o marmitex mais barato e custa cerca R$ 15 a 16, o que na ponta do lápis equivale a R$ 70 por semana”, comparou.
A manicure Sheila Romarins da Silva, de 29 anos, é autônoma, trabalha em casa, mas nesta segunda-feira resolveu almoçar no Restaurante do Povo e presenciou o testemunho de uma pessoa que trabalha no comércio. “Eu estava sentada e uma moça do meu lado disse que ela só tinha como almoçar uma vez por semana porque um marmitex custa de R$ 17 a R$ 18 e agora, com R$ 1 ela consegue pagar”, observou.
Foto: Carol Macedo
Público acima da expectativa
Conforme explicou o secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Fanuel Fernando, por ser o primeiro dia, já era esperado um grande número de pessoas no Restaurante do Povo para o horário do almoço. Ele explicou que a medida tomada para atender à demanda foi antecipar as refeições do jantar, de onde foram tiradas 220, totalizando os 1.220 almoços.
“Esperávamos uma grande procura e foi acima da nossa expectativa. Nós aumentamos o que era previsto e ainda assim umas 100 pessoas foram embora sem conseguir comer porque não tinha como a gente antecipar mais refeições e comprometer o jantar. Realmente a demanda é muito grande. Para se ter ideia, em 2015, antes de fechar, a nossa capacidade era de 1,8 mil almoços e já ficava muito lotado”, destacou o secretário.
Com relação ao grande número de idosos, Fanuel explicou que não é possível limitar a quantidade servida para esse público, que tem gratuidade acima dos 60 anos garantida por lei. Porém, ele ressalta a importância da conscientização da população de que o restaurante tem o perfil de atender aqueles que não têm condições financeiras de se alimentar.
Além disso, outro ponto observado foi a presença de pessoas de outras cidades da região, como Volta Redonda, Quatis e Porto Real.
O Restaurante do Povo é uma parceria entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura de Barra Mansa, através da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos. A unidade, localizada na Avenida Domingos Mariano, no Centro, também oferece gratuidade à população em situação de rua devidamente cadastrada pela secretaria.
