VOLTA REDONDA
O Hospital São João Batista (HSJB) em Volta Redonda realizou no último sábado, dia 8, a primeira captação de órgãos e tecidos para transplantes no ano. O doador foi um jovem, de 19 anos, que teve morte encefálica confirmada após dias internado no HSJB. A autorização para a doação foi dada pela família.
Segundo a enfermeira exclusiva da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do HSJB, Daniela da Silva, foi possível fazer a captação dos dois rins, fígado por cirurgiões do Programa Estadual de Transplantes (PET) e as córneas pela equipe do Banco do Olhos de Volta Redonda, sediado no próprio HSJB. “Receberão os órgãos pacientes que estão na fila única de espera em todo estado: duas pessoas receberão os rins e um paciente o fígado. A generosidade de muitas famílias logo após a perda de um ente querido faz total diferença na vida de muitas pessoas que aguardam pelo transplante”, destacou Daniela.
INCENTIVO À DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E TECIDOS
O incentivo à doação de órgãos e tecidos no HSJB é de responsabilidade da CIHDOTT, que atua com uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeira, psicólogos e assistentes social. São eles que fazem a abordagem à família para obter autorização para a doação. A captação só é possível com o aval dos familiares, com parentesco até segundo grau, mãe, pai, cônjuge e filhos. “A morte é difícil para todos, mas ela também pode ser a chance de uma nova vida para as pessoas que estão aguardando por um órgão para continuarem a viver. Um único doador pode ajudar até oito pessoas na fila de espera por um transplante. Nenhum documento deixado em vida possui valor legal para garantir a doação de órgãos de uma pessoa ao falecer. Reforçamos a importância de ser expressado o desejo de ser um doador de órgãos e tecidos em vida, mas somente os familiares podem autorizar a doação de órgãos e tecidos”, salientou a gerente de Enfermagem do HSJB, Glauciléia Rodrigues de Souza.
Em 2021, o Hospital São João Batista teve 17 notificações e protocolos de morte encefálica confirmados em sua unidade, destas, três se transformaram em doações de órgãos e tecidos.
BANCO DE OLHOS
O HSJB ainda é sede do Banco de Tecido Ocular, o popular “Banco de Olhos”, que atende 34 municípios da região. Neste caso, cada doador pode melhorar a vida de até quatro pessoas, pois durante a cirurgia são captadas as duas córneas e duas escleras (camada branca mais superficial do globo ocular composta por fibras de colágeno).
A unidade de Volta Redonda funciona há dez anos e é referência, servindo de modelo inclusive para outros estados. Por conta da pandemia, o número de doações caiu em torno de 50% em 2020. Antes da Covid-19, a média chegava a 300, mas no ano passado o número foi de 174. Segundo o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), pessoas que morreram com suspeita de Covid-19 não podem ter nenhum órgão ou tecido doados.