BARRA MANSA
Por decisão judicial, foram afastados de seus respectivos cargos o prefeito Rodrigo Drable (DEM) e os vereadores Paulo Chuchu (Solidariedade), presidente da câmara, e Zélio Show (PRTB). Na manhã desta terça-feira, dia 14, aconteceu uma operação realizada pelo Ministério Público do Estado Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (GAOCRIM/MPRJ), e a Polícia Civil, através da Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro (Ciaf), onde foram também cumpridos 11 mandados de busca e apreensão. Eles são suspeitos de integrarem uma organização criminosa e por prática de corrupção ativa. Desde da manhã de hoje a vice-prefeita Fátima Lima já responde pela prefeitura.
A denúncia teria partido do vereador Gilmar Lelis (Cidadania), que declarou ter havido uma oferta de R$ 30 mil e mais uma ajuda na campanha de reeleição para votar a favor da aprovação das contas do prefeito no mês de maio, rejeitadas pelo TCE e aprovadas pela câmara por 14 dos 19 votos.
Foram cumpridos outros mandados de busca e apreensão na prefeitura e na câmara, além de outros endereços ligados aos envolvidos. Além do prefeito e dos vereadores, foi alvo o coronel da Polícia Militar Jorge Ricardo da Silva, ocupante de cargo comissionado da prefeitura.
Segundo o MPRJ ao A VOZ DA CIDADE ninguém foi levado para depor, mas também não foi informado como será o procedimento. Houve confirmação pelo órgão federal que o prefeito chegou a ser preso, em flagrante, por posse de arma de fogo sem o devido registro. Rodrigo Drable Costa, no entanto, foi solto mediante pagamento de fiança.
O jornal tentou contato com Paulo Chuchu e Zélio Show e não foram encontrados até o fechamento desta edição.
Todos devem recorrer na Justiça sobre o afastamento dos cargos determinados.
MANOBRA POLÍTICA
Em nota, a Prefeitura de Barra Mansa se posicionou dizendo que o corpo jurídico do município já está trabalhando na elucidação dos fatos. A nota cita manobra política. “Vale ressaltar que o vereador que fez a acusação votou contra a aprovação das contas, assim como votou contra outras matérias importantes para o município, demonstrando que se trata de uma manobra política, reiterando a prática da oposição em fazer denúncias infundadas contra a prefeitura. O corpo jurídico do município já está trabalhando na elucidação dos fatos para corrigir esta injustiça neste importante momento de enfrentamento à pandemia da Covid-19”, diz a nota.
A Câmara de Barra Mansa também emitiu nota. A assessoria informou que o Legislativo não tinha sido comunicado oficialmente do afastamento dos vereadores de suas funções públicas. “Entretanto, na ausência do presidente, as funções legislativas e administrativas da casa são assumidas pelo 1º vice-presidente, Luís Antônio Cardoso, conforme regimento interno. As sessões agendadas para esta semana serão reagendadas para este mês ainda, para cumprir o mínimo de reuniões mensal, exigido regimentalmente”, informou.
Quem também se manifestou em nota foi a Associação dos Procuradores do Vale do Paraíba e dos Procuradores Municipais de Barra Mansa, na pessoa do presidente Frederico Altino Campos. A associação refuta a nota da Prefeitura de Barra Mansa sobre o ponto de que o corpo jurídico do município estaria trabalhando pela elucidação dos fatos. Segundo nota, “Os Procuradores do Município têm como atribuição legal a defesa dos interesses do Município e de toda coletividade, exercendo a advocacia pública em prol do interesse público e de políticas públicas, não sendo órgão representativo da Figura de Prefeito e não pode fazer sua defesa pessoal, quando de seu interesse exclusivo”, diz.
VÍDEOS
O A VOZ DA CIDADE conversou com o advogado do vereador Gilmar Lelis (Cidadania), Dr. Edson Brasil, que contou como tudo aconteceu no caso de suposta tentativa de compra de voto por parte de vereadores e do prefeito Rodrigo Drable.
Segundo Edson Brasil, o vereador Gilmar Lelis foi procurado inicialmente pelo presidente da câmara, Paulo Chuchu. “Foram conversas políticas, inicialmente normais, sobre a votação das contas do prefeito relativas a 2018. Gilmar já tinha se posicionado contrário a aprovação, como fez o TCE, até que ele percebeu que a conversa começou a sair da esfera política e foi para ilícita e terminou com a oferta de dinheiro”, contou o advogado. Nesse momento o vereador teria então o procurado. Não tem áudio ou vídeo sobre o Paulo Chuchu, mas ele também teria feito a oferta de dinheiro, segundo a defesa de Lelis.
No dia da votação das contas do prefeito, 12 de maio, o vereador se encontrou com o Zélio Show e com o prefeito no Horto Municipal. Nas duas conversas já há a gravação dos vídeos levados ao Ministério Público como provas.
Zélio Show admite que teria uma tentativa de pagamento de propina em troca do voto favorável à compra. “Já te falei, Lelis. Ele vai te dar trinta ‘real’ para você votar e te dar uma ajuda na campanha. E assumir o compromisso agora, como assumiu comigo. Agora, ele vai te dar trinta ‘conto’ e, na campanha, ele vai te dar mais isso aqui”, disse.
Na conversa com o prefeito há a confirmação do pedido de conversa através do vereador Zélio. “O Zélio disse que ia conversar contigo. O que ele conversou ‘tá’ de pé. Irmãozinho eu não deixo furo com esse compromisso. Daqui a duas horas o negócio acabou e eu te encontro, ou Zélio, o que ficar mais confortável para você”, diz no vídeo gravado pelo vereador que negou o oferecimento ao prefeito dizendo que não queria nada dele.