SUL FLUMINENSE/BRASÍLIA
Um abaixo-assinado está sendo organizado por filiados do PSDB contra a possível extinção do partido tucano. O movimento tem alcance nacional e surge como resposta às articulações da direção da legenda, que vem dialogando com outras siglas para superar a chamada “cláusula de desempenho” nas eleições de 2026, por meio de uma possível fusão. Essa possibilidade preocupa filiados, que temem o desaparecimento da identidade do PSDB.
Segundo os organizadores do movimento, a única forma de evitar essa dissolução seria manter intactos o nome da legenda, o número, o manifesto original e o símbolo tucano, garantindo a integridade do partido. O Movimento Contra a Extinção do PSDB defende a fusão com legendas como Podemos, Solidariedade e Cidadania, desde que a identidade da sigla seja preservada.
Em fevereiro, o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, reafirmou que o partido não desaparecerá e que seguirá dialogando com outras forças políticas para construir uma alternativa sólida. A fusão ou incorporação com outra legenda ainda em 2024 está sendo considerada, com conversas avançadas com o MDB e o Cidadania. “Queremos o melhor para o Brasil. Apresentaremos ao país em 2026 uma alternativa democrática, programática, forte e popular para recolocar o Brasil no rumo do desenvolvimento econômico sustentável em busca de igualdade e justiça social. Todos os brasileiros que se opõem ao extremismo estarão ao nosso lado nessa luta, e continuaremos dialogando com os partidos que defendem a democracia e o fim do extremismo para que esse projeto se sustente e ganhe as ruas do país e as mentes e corações dos brasileiros”, afirmou Perillo em nota.
QUEDA NA REPRESENTATIVIDADE
No Sul Fluminense, o PSDB vem perdendo representatividade ao longo dos anos. Em um levantamento feito em 14 cidades da região, o partido não elegeu nenhum prefeito e conta atualmente com apenas três vereadores: Noel de Carvalho, em Resende; Vaninho, em Itatiaia; e Alex Joaquim, em Piraí.
O vereador Noel de Carvalho é um dos filiados mais antigos da legenda na região. Ele chegou a ficar filiado por mais de duas décadas no partido, saiu por um período e retornou à sigla para disputar as eleições de 2024. “Estamos tentando reconstruir o PSDB em todo o Sul do Estado. Conto com a ajuda do meu filho Augusto, que está na presidência do diretório, mas enfrentamos muitos obstáculos. Particularmente, não gosto da ideia de fusão. Dependendo dos rumos da legenda, isso me daria até mesmo condições legais de sair, caso não concorde com o partido com o qual se unirem”, declarou.
Outro nome de destaque na política regional, Ricardo Maciel, de Barra Mansa, esteve no PSDB por 22 anos, chegando a integrar o diretório nacional. Ele deixou o partido em 2016 e avalia que a legenda perdeu sua identidade ao longo dos anos, especialmente durante a gestão do ex-governador de São Paulo, João Doria (2020-2022). “Bruno Covas assumiu o protagonismo do partido, mas, com seu falecimento, o eleitorado ficou sem referência. A partir daí, o PSDB passou a se isolar nacionalmente. Com a saída de Geraldo Alckmin em 2021, o partido praticamente foi sepultado. Esse esvaziamento foi refletindo no eleitorado, que passou a se identificar com outras lideranças”, analisou Maciel.