ESTADO
Uma radiografia das 18 áreas em vulnerabilidade social onde o Projeto na Régua já está atuando. A apresentação da primeira fase do 1º Censo de Inadequação Habitacional do Estado do Rio, na manhã desta quinta-feira (07/04), no Centro, reuniu urbanistas para analisar os dados recolhidos em mais de 9.800 pesquisas realizadas com 28 mil famílias.
Para o secretário de Estado de Infraestrutura e Obras (Seinfra), Rogério Brandi, essa primeira fase já demonstra bem a importância do trabalho que vem sendo realizado. As informações possibilitarão o desenvolvimento de políticas públicas para as regiões e subsidiarão ações dos órgãos de governo na melhoria da qualidade de vida dos moradores. “Esse é um trabalho de suma importância para que o Estado conheça as necessidades da população em áreas mais sensíveis. Foi uma determinação do governador Cláudio Castro que trabalhássemos para resgatar essa dívida com as comunidades”, afirmou Brandi.
Já o subsecretário de Habitação, Allan Borges, lembra que esses ainda são os primeiros dados, de um universo de pesquisa que ainda está em expansão. Apesar da maioria das moradias visitadas serem de alvenaria, 26% dos entrevistados não possuíam uma estrutura formal de banheiro, com vaso sanitário, banheiro com pia e chuveiro. “Está sendo um grande aprendizado para todos nós e uma experiência única trabalhar em parceria com os moradores para requalificar as moradias. Com base nessas pesquisas pudemos identificar residências em péssimas condições de habitabilidade, que contribuíam para afetar a saúde dos moradores. O projeto quer conhecer os territórios por dentro e produzir dados que possam ajudar na transformação dessas regiões”, disse Borges.
A participação do antropólogo e diretor-executivo da Organização Não-Governamental (ONG) Viva Rio, Rubem César, do reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Mário Sérgio, e do urbanista Sérgio Magalhães, responsável pela criação e implantação do Programa Favela-Bairro, ajudou a pontuar as transformações sofridas ao longo dos anos. Os dados, reafirmaram, serão fundamentais para que os governos tracem estratégias de saúde, lazer e mobilidade que atendam a todos os fluminenses. “A participação da universidade nesse programa é um sinal da importância que o governo vem dando à questão da habitação. Ela ajuda a construir uma base de dados que pode subsidiar ações, a longo prazo, para a melhoria dessas regiões”, frisou Magalhães.
Alguns dados
Renda per capta – a média de renda familiar nos 18 territórios é de R$ 565,44. Porém, no Buriti/Congonhas, em Vaz Lobo, a renda das famílias é de R$ 316,48. Enquanto isso, na Mangueira, esse valor passa para R$ 918,88;
Mulheres chefes de família – na Vila Coimbra, em Queimados, elas representam 62,7% das famílias visitadas. Em Buriti/Congonhas esse índice chega a 78% das famílias;
Idade – a grande maioria dos moradores dessas áreas estão na faixa entre 39 e 59 anos (36,5%), seguido pelos jovens de 18 a 29 anos (21,1%), das crianças, de até 11 anos (20,9%). As faixas acima de 60 anos (11%) e de adolescentes, de 12 a 17 anos (10,6%), são as menores;
Extrema pobreza – a proporção de famílias em extrema pobreza na Mangueira chega a 5% das famílias visitadas, enquanto em Buriti/Congonhas chega a 36%;
Mobilidade residencial – em relação aos moradores das 18 áreas, 27,5% dos moradores da Rocinha afirmaram querer mudar da comunidade, enquanto 64,5% das famílias da comunidade Marcílio Dias, na Penha, disseram que, se pudessem, deixariam o local. Nessas pesquisas, a questão da violência (21,6%) e a distância do trabalho (5,3%) são os principais motivos.