VOLTA REDONDA
Mais uma vez o ex-vereador Vander Temponi é alvo de denúncia. Dessa vez é uma operação da Polícia Federal deflagrada nesta quinta-feira, 3, em Volta Redonda. A Operação Ambitus tem o objetivo de apurar e reprimir os crimes de associação criminosa e corrupção eleitoral praticados na cidade nas eleições de 2024.
Os policiais federais cumpriram três mandados de busca e apreensão em residências de investigados, um deles na casa do ex-vereador que é suplente atualmente. Foram apreendidos aparelhos celulares, documentos diversos e anotações.
O delegado Felipe Covre disse que os mandatos foram cumpridos nos bairros Açude I e II e no Jardim Amália. “São fortes os elementos da ocorrência de compra de votos por ocasião das eleições de 2024. Cabe fazer um alerta: o cidadão que solicita ou recebe vantagem ilícita para dar seu voto a tal candidato também é criminoso. Não só quem oferece a vantagem. As investigações continuam para que toda a trama seja esclarecida e para que sejam responsabilizados todos os que tiveram envolvimento e para também que tenha um efeito pedagógico pois o crime é prejudicial para a democracia e para a sociedade”, destacou.
Segundo a PF, as investigações trouxeram indícios de que um dos candidatos se articulou com indivíduos que se apresentavam como pessoas dotadas de certa influência em alguns bairros da cidade. A partir disso, tais lideranças intermediavam a compra de votos por meio de valores a serem fornecidos pelo candidato envolvido. Caso o político obtivesse o desempenho esperado nos bairros sob a responsabilidade dos aliciadores e, com isso, fosse eleito, havia uma promessa de premiação por meio de cargos comissionados.
As investigações apontaram ainda que foram revelados elementos indicando que a compra de votos acontecia por meio da comparação entre a quantidade de votos obtidos pelo candidato nas seções eleitorais existentes nos bairros em que aconteceram compra de votos com a quantidade de títulos eleitorais dos cidadãos que se ofereceram para participar do esquema. Esses dados eram remetidos aos investigados pelas pessoas que aceitavam a promessa ilícita de pagamento.
Os envolvidos poderão responder pelos crimes de associação criminosa e corrupção eleitoral, cujas penas somadas podem chegar a sete anos de reclusão.
BUSCA ESPECULATIVA
Em nota, o advogado de Temponi, Márcio Delambert, disse: “Fica a sensação de excesso quando o cumprimento de um mandado de busca e apreensão é o primeiro ato de uma investigação. Parece uma busca especulativa, sem um objetivo claro ou declarado. A defesa já fez solicitação de acesso aos autos para esclarecer os fatos, bem e plenamente”.
RACHADINHA
No mês de fevereiro deste ano, Temponi foi absolvido de um processo que o condenava a quase 25 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de organização crimonosa, peculato e lavagem de dinheiro, em um suposto esquema de ‘rachadinha’. A decisão foi tomada por um colegiado de desembargadores da 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) e ainda cabe recurso.
A condenação inicial tinha ocorrido em abril de 2023. A denúncia foi apresentada nesse ano e chegou a resultar no afastamento do então vereador por alguns meses. Nas eleições de 2020, sua primeira disputa, ele conquistou 1.561 votos. Já em 2024, mesmo após a repercussão do caso, ampliou sua votação para 1.781 votos, mas não se reelegeu devido às regras do coeficiente partidário do União Brasil.
