ANGRA DOS REIS
O vigésimo ciclo de operação da usina nuclear Angra 2, encerrado nesta sexta-feira, dia 08, alcançou 99,4% de disponibilidade e decretou o segundo melhor resultado da história do empreendimento, com uma diferença mínima em relação ao primeiro. Com uma taxa de perda próxima de zero, a alta performance ficou atrás apenas do ciclo 13, em 2016, quando obteve 99,5% de fator de capacidade.
De acordo com o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, o resultado da segunda usina nuclear brasileira, cumpre o compromisso de entregar energia de base para o sistema elétrico nacional – sem depender de fatores naturais – 24 horas por dia, sete dias por semana e 365 dias por ano. “Essa marca deve ser valorizada não apenas pela Eletronuclear ou pelos profissionais brilhantes de Angra 2, mas por todo país. No ano em que o Brasil viveu a maior seca da história, que afetou diretamente o fornecimento de energia, ter uma fonte de base com entrega constante se torna fundamental para minimizar os impactos à população”, inicia.
Além dos benefícios gerados pelo desempenho neste ciclo, o resultado alcançado demonstra a necessidade de concluir Angra 3. “Entendo a contribuição de todas as fontes para o sistema elétrico nacional, mas somente a nuclear é capaz de produzir 24 horas por dia, todos os dias, com sol ou chuva e sem emitir gases que causam o efeito estufa”, concluiu Lycurgo.
confiabilidade
Um ciclo de operação de uma usina nuclear é o tempo total entre as paradas para recarregamento e troca dos elementos combustíveis. Em Angra 2, o ciclo dura aproximadamente 365 dias se a usina operar com 100% de potência (1.350 megawatts) durante todo período. O fator de capacidade, por outro lado, representa a energia elétrica líquida realmente entregue ao Sistema Interligado Nacional (SIN) dividida pela potência da unidade.
Ou seja, como o resultado consolidado terminou em 99,4%, é como se Angra 2 tivesse entregado cerca de 1.340 MWh, 24h por dia, durante todo o ciclo. Além do comprometimento dos profissionais capacitados da Eletronuclear, o excelente resultado se deve também ao processo de confiabilidade de equipamentos implementado por Angra 2 em 2017.
O processo, desenvolvido pelo Institute of Nuclear Power Operation (INPO) e batizado de AP913, consiste em seis áreas principais: escopo e identificação de componentes críticos; monitoramento de desempenho; ação corretiva; melhoria contínua da confiabilidade do equipamento; planejamento de longo prazo e gerenciamento do ciclo de vida; implementação de manutenção preventiva.
“Angra 2 sempre teve alta performance, no entanto, adquirimos uma maior experiência operacional com base na implantação de processos e aprendizados compartilhados com a indústria nuclear mundial. Inclusive, esse é um ponto muito positivo. À medida que o setor reconhece a importância econômica da geração nuclear confiável, podemos obter resultados ainda mais satisfatórios. É importante destacar que operamos um ciclo nos padrões de segurança internacionais e o principal objetivo da parada é garantir a segurança dos trabalhadores, da população e do meio ambiente”, declarou o superintendente de Angra 2, Fabiano Portugal.
Angra 3 no radar
O alto rendimento alcançado por Angra 2 reforça a importância da conclusão de Angra 3, que será uma ‘irmã gêmea’ da segunda usina nuclear brasileira. Com uma potência ainda maior, de 1.405 MWh, o empreendimento tem um progresso físico global de 66% e aguarda a decisão do Conselho Nacional de Política Energética sobre a retomada das obras.
Em setembro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entregou à Eletronuclear os estudos de viabilidade técnica, econômica e jurídica do projeto, desenvolvido de maneira independente, imparcial e aprofundado pela instituição.
Entre os principais dados apontados pelo estudo desenvolvido pelo BNDES, destaca-se a tarifa proposta, estimada em R$653,31 por MWh e os custos similares de finalização e desistência do projeto – R$23 bilhões para concluir e R$21 bilhões para abandonar.