BARRA MANSA
Amigos e familiares de Maria Júlia, de 16 anos, morta quinta-feira passada em Barra Mansa, fizeram hoje na praça da Igreja Matriz de São Sebastião um ato pedido justiça pela morte da jovem. Mais de 200 pessoas participaram do ato, todos de branco e com cartazes com frases de justiça.
Entre os presentes estavam os pais da menina, Paulo Aberto Fonseca e Cristina Fonseca. “Ela era incrível. Não podemos permitir que mais famílias passem pelo que estamos passando”, disse o pai ao A VOZ DA CIDADE.
Segundo ele, no dia do crime eles trocavam mensagens com a filha, que se preparava para ir a casa de uma amiga fazer um bolo. “Meu filho tinha acabado de sair e ela já estava se preparando para ir também, estava só terminando de se arrumar para ir. Acho que foi em seguida o crime. Ela pode ter esquecido a porta dos fundos aberta e alguém entrou para roubar a casa e se surpreendeu com ela dentro”, contou, dizendo que mora na casa com a esposa há mais de 30 anos. “Mas nada justifica. Tiraram nossa filha. Esses jovens aqui hoje temem que isso aconteça com eles também”, comentou.
O pai defendeu que a justiça no país deve ser mudada, pois é falha e não pune. “É preciso mudar as leis. Porque estamos sozinhos, sem segurança e pessoas como essa que fez o que fez, se sentem protegidas porque não são penalizadas como deveriam. A polícia prende e eles são soltos”.
Em poucas palavras, a mãe, Cristina, disse que ali, rodeada de jovens, via o rosto da filha em cada um dos presentes, ressaltando o pedido de justiça.
“Não quero que nenhuma mãe passe por isso. Temos que lutar não só pela vida da minha filha, mas por todos vocês, por todos nós”, disse, agradecendo a todos pelo carinho que tem recebido neste momento de dor.
Muitos dos jovens presentes falaram no centro da praça sobre quem era a Maria Julia e o que ela representava na vida deles. Muitos comentavam que nunca haviam perdido ninguém antes e que queriam confortar os pais, mas que na verdade, eles, com toda a força que estão tendo para lidar com a situação, que estão os confortando.
Um dos organizadores do ato foi o jovem de 18 anos, Eliseu Borges. Ele disse que era morador de Angra dos Reis e que há cinco anos mora no Piteiras, onde fez amizade com a jovem. Ele a descreveu como uma menina feliz e alegre. “Ela era uma pessoa sensacional. Vai fazer muita falta. Era muito tranquila e todo mundo só tem a falar bem dela”, comentou. “Queremos justiça. Queremos mais segurança. Foi no meu bairro, com uma pessoa que eu conhecia e fazia parte da minha vida. Poderia então ter acontecido com qualquer um de nós. Ou, ainda pode acontecer assim se algo não for feito”, completou.
Há 11 anos, Lais Ribeiro, de 16 anos, viveu com a adolescente. Ela mora no bairro Boa Sorte e estudou com ela em duas escolas diferentes. Ela descreveu a amiga como uma pessoa maravilhosa, que contagiava a todos.
“Ela era só alegria. Estava sempre feliz. Só teremos paz com a justiça sendo feita”, afirmou.
Maria Júlia foi encontrada caída sem vida no chão da cozinha. Ela tinha sinais de estrangulamento e o rosto machucado. O corpo foi encontrado pelos pais.
Um suspeito chegou a ser preso no mesmo dia. Mas negou que tenha participação no crime e foi solto. A polícia segue com as investigações e trabalha com a hipótese de latrocínio, roubo seguido de morte.
O fato foi registrado na 90ª Delegacia de Polícia (DP) como homicídio.