NOVA IORQUE
O Conselho de Segurança realizou uma sessão ministerial para debater o multilateralismo e a defesa dos princípios da Carta da ONU.
O encontro foi dirigido pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. O país ocupa a presidência rotativa do Conselho este mês. “Fazer melhor, chegar mais longe e trabalhar mais rápido”
O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou os perigos do enfraquecimento do multilateralismo. Após reforçar seu pedido pelo fim da onda de violência no Sudão, ele citou os avanços que foram feitos com o trabalho conjunto de diversas nações.
O chefe das Nações Unidas elencou conquistas que vão desde a proteção da camada de ozônio até a erradicação da pólio. Para ele, é preciso “fazer melhor, chegar mais longe e trabalhar mais rápido”.
Guterres adiciona que o sistema multilateral está sofrendo a maior pressão do que em qualquer outro momento desde a criação das Nações Unidas.
Por isso, ele apresentou recomendações, começando pelos países reconhecendo suas obrigações perante a Carta da ONU, colocando direitos humanos e dignidade em primeiro lugar e priorizando a prevenção de conflitos e crises.
O secretário-geral citou o respeito pela soberania, integridade territorial e independência política de todos os Estados, além de não interferência, eliminação de todas as formas de discriminação e a solução pacífica de disputas.
Ferramentas diplomáticas
Ele também pediu aos Estados-membros para que usem “toda a gama de ferramentas diplomáticas que a Carta fornece para a resolução pacífica de conflitos”. Guterres afirma que isso inclui o apoio das Nações Unidas para ajudar a resolver disputas e garantir a paz.
Segundo o secretário-geral, o multilateralismo eficaz deve “incluir o compromisso de enfrentar desafios novos e emergentes e preencher lacunas na governança global para cumprir a promessa da Carta no século 21”.
Este é o ponto central em seu relatório Nossa Agenda Comum e na proposta de Nova Agenda para a Paz, que apresenta uma visão unificadora ancorada na confiança, universalidade e solidariedade.
Segundo Guterres, a Nossa Agenda Comum prevê um multilateralismo mais inclusivo, com espaço para as contribuições de todos os países e comunidades, e mais conectado, com vínculos entre as Nações Unidas, instituições financeiras internacionais, organizações regionais, blocos comerciais e outros.
Ele mencionou a reforma do Conselho de Segurança para refletir a realidade geopolítica de hoje.
Impedir novos conflitos e cooperação
Guterres destacou que a ONU foi criada para lidar com crise e, ao longo de sua história, foi capaz de superar conflitos “aparentemente intratáveis e profundas divisões”.
O secretário-geral defende mais cooperação e o fortalecimento de instituições multilaterais, para encontrar soluções comuns para desafios comuns.
Guterres encerrou sua participação na sessão reconhecendo que a competição entre os Estados é inevitável, mas isso não deve excluir a cooperação onde “interesses compartilhados e o bem maior estão em jogo”.
* Silas Avila Junior – Editor internacional